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Ainda sem emplacar, "A Lei do Amor" passa por mudanças


Nas últimas semanas, ficou bem claro aos olhos do público que a novela A Lei do Amor vem passando por ajustes. De repente, tramas paralelas foram deixadas de lado e muita ação foi injetada à trama principal, fazendo com que a história de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari ficasse mais clara para a audiência. Entre os ajustes percebidos, está a maior valorização da presença dos mocinhos, Pedro (Reynaldo Gianecchinni) e Helô (Claudia Abreu), a ascensão de Tião Bezerra (José Mayer) como o grande vilão da obra, e a revelação de que Magnólia (Vera Holtz) e Ciro (Thiago Lacerda) são amantes, colocando-os na linha de frente como responsáveis pelos principais mistérios da trama policial.

Deste modo, os autores parecem querer corrigir os rumos equivocados da história que foram percebidos com a mudança de fases, ainda na primeira semana da novela. Afinal, quando a trama deixou os anos 1990 para chegar ao presente, deu a impressão ao público de que o enredo foi completamente deslocado. Isso porque o prólogo de A Lei do Amor ficou parecendo uma trama à parte, bastante desconexa da história que vimos no ar depois. Em seus primeiros capítulos, a novela foi toda centrada no casal principal, Pedro (Chay Suede) e Helô (Isabelle Drummond), e nas armações da vilã Magnólia para separá-los. Quando saltou 20 anos no tempo, o enredo, inexplicavelmente, diluiu a presença de Pedro (Reynaldo Gianecchinni) e Helô (Claudia Abreu), apostando num punhado de novas histórias que foram despejadas, de uma vez, no público.

Quando aconteceu o atentado contra Fausto Leitão (Tarcísio Meira) e Suzana (Regina Duarte), A Lei do Amor ganhou cores de trama policial. A história passou a girar em torno dos mistérios do atentado. Mas Pedro e Helô pouco participaram deste entrecho, preferindo viver reencontros amorosos e sendo seguidos por Tião Bezerra, que já foi apresentado como vilão para o público, mas que agia com parcimônia para os demais personagens da obra, escondido sob uma máscara de homem direito. Neste contexto, logo Pedro e Helô descobriram todas as armações que fizeram para separá-los e, assim, concluíram os acontecimentos da primeira fase. Ou seja, ficou parecendo que os primeiros capítulos não serviram para nada.

Enquanto isso, inicialmente, os mistérios em torno do atentado contra Fausto eram investigados por Élio Bataglia (João Campos), um personagem secundário que ganhou status de protagonista. Foi Élio quem agitou a trama policial em seu início, investigando o atentado contra sua tia Suzana, além de participar de uma ciranda amorosa juvenil que ganhou o primeiro plano da novela. Jovens personagens, como Analu (Bianca Müller), Camila (Bruna Hamu), Aline (Arianne Botelho), Jéssica (Marcella Rica), Edu (Matheus Fagundes), Wesley (Gil Coelho), Marcão (Paulo Lessa), Xanaia (Bella Piero), entre tantos outros, ganharam os holofotes. Neste contexto, ganhou força o triângulo amoroso formado por Tiago (Humberto Carrão), Isabela (Alice Wegmann) e Letícia (Isabella Santoni), que ganhou o protagonismo romântico jovem de A Lei do Amor.

Com o desaparecimento de Isabela, os protagonistas jovens também se integram ao enredo policial da novela. E foi a partir daí que os autores voltaram a colocar em primeiro plano o eixo central da história. Nos últimos capítulos, as tramas envolvendo os jovens foram abandonadas, o assassinato de Zelito (Danilo Ferreira) foi antecipado e Tião Bezerra se colocou como um vilão a olhos vistos. Atacando de frente Pedro e Helô, o malvado se aproxima cada vez mais de Magnólia, com quem tem um passado mal resolvido, fazendo com que estas tramas se unifiquem cada vez mais, tornando-se mais harmônicas. Assim, Pedro e Helô voltaram a agir no intuito de derrubar os vilões, batendo de frente com Tião e Mag que, por sua vez, tentam separá-los novamente. Tiago também segue presente, buscando a verdade sobre o desaparecimento de Isabela.

Assim, A Lei do Amor ficou mais redondinha, pois conseguiu se livrar das “gorduras” presentes nas tramas paralelas, ganhando mais foco. Além de, finalmente, acender a luz sobre seu enredo principal, deu mais destaque a personagens que mereciam estar nesta linha de frente, entre eles a maravilhosa Luciane (Grazi Massafera), responsável por várias das melhores cenas da obra. Paralelamente, ganhou força a história envolvendo Antônio (Pierre Baitelli, excelente em cena) e Ruty Raquel (Titina Medeiros, maravilhosa). Também ganhou força o triângulo envolvendo Augusto (Ricardo Tozzi, Vitória (Camila Morgado) e Beth (Regiane Alves), que acaba de chegar para colocar mais molho neste entrecho. Ou seja, até aqui, as mudanças impressas fizeram a novela fluir melhor, sem excessos.

Resta saber se, com toda esta ação, A Lei do Amor não tenha queimado cartuchos demais e acabe ficando sem muita história para contar mais adiante. Tião sendo vilão às vistas de todos deve colocá-lo, em breve, atrás das grades. O que acontecerá com ele depois disso? Sempre corre o risco de esvaziar o personagem, afinal, todo mundo já sabe do que ele é capaz. Além disso, a revelação de que Mag e Ciro são amantes os coloca como responsáveis por boa parte das ações e mistérios que envolvem a trama policial da novela. O atentado contra Fausto, o fato de Vitória ser emocionalmente instável, e até a estranha morte de Carmen (Bianca Salgueiro), primeira mulher de Hércules (Danilo Granghéia), podem ser creditados ao casal do mal. O que virá depois? Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari têm, agora, o desafio de propor novas surpresas para manter a temperatura em alta. E dar um up em personagens como Salete (Claudia Raia) e Flávia (Maria Flor), bem aquém de suas intérpretes.

A Lei do Amor não é uma novela ruim. É bem escrita, tem uma história interessante e excelentes atores em uma boa direção. Mas a trama pecou pela falta de unidade entre as fases (fica o alerta aos autores: chega de histórias em duas fases!) e pela falta de foco. Com as mudanças propostas, percebe-se uma maior compreensão de quem são seus personagens, o que os movem e qual a ligação entre eles. Ou seja, está mais clara. Resta saber se as mudanças chegaram a tempo de conquistar o espectador insatisfeito, ou se este já desistiu mesmo da obra, o que seria uma pena. A Lei do Amor melhorou e merecia mais atenção.

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André Santana

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