Na gaveta da Globo desde o ano passado, Supermax deu
as caras nas noites de terça do canal no último trimestre de 2016. Criada por
José Alvarenga Jr., Marçal Aquino e Fernando Bonassi, e com roteiro de Aquino,
Bonassi, Carolina Kotscho, Bráulio Mantovani, Dennison Ramalho, Juliana Rojas,
Raphael Draccon e Raphael Montes, e dirigida por José Eduardo Belmonte, Rafael
Miranda e José Alvarenga Jr, a série dividiu opiniões. Pelo fraco desempenho de
audiência, muitos a consideraram um “flop” da Globo. Mas, sob outro ponto de
vista, a atração foi uma interessante tentativa de buscar novas formas de
narrativa na produção seriada da Globo e, de quebra, atrair um novo público ao
canal, sobretudo jovens que trocaram a TV pelo conteúdo via streaming.
A premissa da série é das mais interessantes. Confinados num
presídio de segurança máxima para participarem de um reality show, 12 pessoas
acabam abandonadas no local, onde coisas estranhas e sobrenaturais começam a
acontecer. Misturando as mais variadas referências em seriados e filmes internacionais, como The Walking Dead,
American Horror Story, Supernatural, Jogos Vorazes e Lost,
Supermax atirou em todas as direções, oferecendo muitos momentos de
suspense, terror e mistério.
O primeiro episódio, por exemplo, foi ótimo. A trama
reproduziu um típico episódio de estreia do Big Brother Brasil, trazendo
o mesmo Pedro Bial animado no comando de sua “nave louca” e apresentando os
personagens como naqueles VT's que mostram os “brothers”. Assim, o público, de
cara, já os conheceu e entendeu, a partir de seus depoimentos, como pensam cada
um deles. Bial também aproveitou para botar lenha na fogueira, avisando que
todos ali tinham em comum o fato de já terem sido condenados por crimes no
passado, plantando uma semente de dúvida na cabeça de todos. Por fim, os
participantes conheceram as instalações, conversaram e, depois, participaram de
uma tensa prova que determinaria o primeiro líder de Supermax.
Nos episódios seguintes, Supermax passou a introduzir
os mistérios em torno do enredo. Logo, os participantes perceberam que a
produção do reality já não fazia mais nenhum contato, concluindo que eles
estavam ali jogados e à própria mercê. Ao mesmo tempo, gritos estranhos, sonhos
premonitórios, acontecimentos inexplicáveis e a sensação de que eles não
estavam ali sozinhos vão brotando, aumentando a tensão entre os confinados.
Afinal, o que diabos estava acontecendo ali?
E foi neste momento que Supermax deu suas derrapadas.
A série caiu na mesma armadilha que boa parte das séries americanas de mistério
caem. O roteiro começou a repetir as mesmas situações de tensão e mistério a
cada episódio. A explicação sobre o que de fato ocorria ali demorou demais a se
revelar e, enquanto isso, dá-lhe mais gritos misteriosos, sonhos reveladores
que pouco diziam, e todos os possíveis e variados clichês de suspense.
Obviamente, o mistério movia a série e, portanto, os principais segredos tinham
que seguir guardados para serem revelados apenas no final. O problema, aqui, é
que nada de muito interessante acontecia com os personagens enquanto os
mistérios não eram revelados. Não havia um grande herói a se torcer, as
situações se repetiam e Supermax ficou cansativa. Por isso mesmo, foi
perdendo público semana a semana. A série simplesmente não convidava o
espectador a voltar na semana seguinte, um erro grave.
Apenas nos três últimos episódios, a série retomou o fôlego
e voltou a ficar verdadeiramente interessante, justamente quando os segredos
começaram a ser revelados. Acompanhamos as consequências de um estranho vírus
transmitido por uma mosca dentro do presídio, que transformaram vários dos
confinados numa espécie de zumbis e, ao mesmo tempo, estranhas criaturas
surgiram na Supermax, apavorando os internos. Depois, num flashback, foi
revelado a origem do vírus e das tais criaturas. Tratava-se de uma doença
misteriosa que passou a vitimar os trabalhadores da região amazônica onde se
construía a Supermax. Para que o vírus não se espalhasse, o exército tratou de
eliminar os doentes e impedir que vazasse a informação. No entanto, um pastor
que perdeu a família toda por causa do vírus descobre-se também doente. Ao
adentrar numa caverna radiativa, o vírus e os efeitos do local o transformam em
Baal, uma espécie de demônio que cria uma seita, recrutando como seguidoras as
garotas de programas do lugar, também vítimas do vírus. Seu plano é engravidar
mulheres que gerarão seus 450 profetas. Por isso, ele passou a capturar as
mulheres da Supermax e eliminar os homens.
Ou seja, Supermax partiu de uma premissa boa e tinha
um desfecho bastante ousado e interessante, mas ficou um vácuo entre seu início
e o seu fim que não foi preenchido por nada. Por isso mesmo, foi uma série
mediana. Teve seus momentos, mas cansou. Mas teve seus trunfos, sobretudo ao
apostar num elenco de rostos desconhecidos da maioria do público. Mariana
Ximenes (Bruna) e Cléo Pires (Sabrina) estiveram ali para situar a audiência,
mas não foram elas os grandes destaques. Mariana parecia no piloto automático e
Cléo apostou nas caras e bocas. Ambas já tiveram momentos melhores na TV. Por
outro lado, atores como Erom Cordeiro (Sérgio), Bruno Belarmino (Luizão),
Fabiana Gugli (Diana), Maria Clara Spinelli (Janette) e Márcio Fecher (Baal)
foram muito bem. Supermax também se destaca pela direção arrojada, boa
fotografia, bons cenários e locações, efeitos especiais convincentes e
maquiagem eficiente.
Sim, Supermax ficou devendo em história. Mas foi uma
boa experiência da Globo na tentativa de sair do lugar-comum. Mais: uma
excelente experiência na tentativa de flertar com o streaming, ao
disponibilizar 11 de seus episódios primeiramente na internet. É bem possível
que tal estratégia tenha atraído à tela da Globo os fãs de séries e de Netflix,
que normalmente passam longe do canal. A audiência foi baixa, mas,
provavelmente, atraiu um público diferente, afinal, não há dúvidas de que Supermax
foi uma série de nicho. Sendo assim, cabe à Globo, agora, estudar esta
audiência conquistada por Supermax para entender que tipo de público ela
verdadeiramente atraiu e, também, o que este tipo de público aprovou e
desaprovou na série. Assim, a partir daí, a emissora poderá traçar novas
estratégias para conceber novos programas que consigam ser mais bem-sucedidos
nesta busca pela renovação do público, além de desenvolver novas estratégias
multiplataformas. A Globo é movida a pesquisas, portanto, a emissora
provavelmente já está estudando os resultados obtidos por Supermax. Sob
este ponto de vista, foi uma experiência bastante válida.
André Santana
3 Comentários
Heheh. Nao sei se chegou a aparecer e ler meu comentario no post sobre a maratona infantil do SBT, ja que foi deletado, mas mordi a lingua nao? Seu post de sabdo foi Supermax rs. Posso tirar a duvida, por que o Programa do Jo ficou no Obs da Televisao ?
ResponderExcluirMas vindo ao tema do post, alem dos defeitos que mencionou,algo que notei eh que seriados brasileiros na Globo que nao sao comedias alem da audiencia baixa (Dupla Identidade talvez seja excecao) a maioria tambem nao repercuti o povo das redes nao fala, e se fala, fala pouco. A Teia, O Cacador, Amorteamo, Tudo de Novo, de Novo foram produtos de otima qualidades mas que nao tiveram repercurssao merecida. Tivemos as series da O2 como Os Experientes e Doce Mae que foi elogiada. Veja so,Supermax e Nada Sera Como Antes alem da baixa audiencia nao foi falada. Eu, levanto as maos pro ceu agradecendo pela Globo nao desistir desse genero nao comedia e torco pra que nao desista. Nao teve audiencia, ok, mas se ao menos essas series tivessem boa repercussao ou repercussao, mas nao eh o que acontece na maioria ds vezes. Tem que ter uma novelista de peso pra fazer uma DI e obter boa audiencia e repercurssao.
sobre o seriado, olha , o miolo foi mau desenvolvido, cansativo desculpa nao prendia. Eu fui um dos poucos acho eu, que preferi a dupla de seriados das tercas a assistir Masterchef, mas eh caracteristica minha acompanhar do comeco ao fim, inclusive uma novela ruim. Outro dado que voce mencionou e concordo, nao teve um personagem de destaque que fizesse o telespectador se apegar, isso eh fundamental, o foco tava na acao e suspense , nao no desenvolvimento psicologico dos persoagens, o que foi lamentavel porque todos poderiam ter se aprofundado mais acho que apenas os personagens de carater religioso que tiveram isso como o padre Fernando e o pastor evangelico. O resto dos personagens foram tratados de forma superficial. Outro erro pra mim eh que somente no penultimo ou antepenultimo episodio que foi exibido a origem das criaturas, se deslocando da historia. Foi um episodio inteiro, mas que parecia que nao fazia parte daquele universo. Essa origem deveria ter sido contada bem antes nao nos episodios finais. E gente me desculpem os fas, mas ate agora Cleo Pires nao me convenceu em nenhum papel, e olha que esse personagem foi muito bom. Apesar dos defeitos e um desenvolvimento irregular, no final me deixou um gosto de quero mais, ja que terminou em aberto, com espaco pra uma outra temporada, ja que temos um novo lider pra ser o BAUM e temos o sobrevivente do presidio. Mas que pena, assim como Dupla Identidate, O Cacador , que tiveram finais em aberto, nao vamos ter a continuacao.
Mas que a Globo persista e insista no desenvolvimento de series nao comedias, porque eh fundamental adquirir know know e se infiltrar no mercado internacional. De forma nenhuma largar novelas e minisseries mas ja eh hora de investir em series de boa qualidade. E mais do que audiencia interna , eh preciso pensar no mercado internacional tambem.
Por fim, boa sorte na fase Blogger e torcer ano que vem que seu desejo se realize com um novo dominio. Eu, particularmente e com todo respeito a voce e aos usuarios, mas o zip.net eh agregador de blogs que detesto, tem tao poucas funcionalidades rs. Beijao e estamos caminhando pra reta final de 2016 ne ? Quero ler mais alguns posts aqui antes de voce surmir de ferias rs.
O bom daqui eh que nao tem limite de caracteres como tinha no zip rs
ResponderExcluirOpa, bem vindo e boa sorte aqui no Blogger.
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