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"Conversa com Bial" devolve ao espectador o bom e velho programa de entrevistas

Não havia nome mais adequado para batizar o novo talk show de Pedro Bial na Globo. Conversa com Bial é um nome simples e direto, e que traduz com perfeição qual a proposta do sucessor do Programa do Jô: proporcionar uma agradável conversa. Ao lado de Pedro Bial, seus convidados falam sobre tudo, de uma maneira direta e informal, quase como num botequim da esquina. E traz, ainda, algo cada vez mais raro na TV aberta: um programa de entrevistas no qual o entrevistado é o grande protagonista.

Não que Pedro Bial não seja o dono do espaço. O programa é dele, feito para ele, e bem a “cara” que ele veio construindo ao longo da década de 2000, quando passou a dividir o comando do Fantástico com o Big Brother Brasil, até chegar ao Na Moral e ao Programa com Bial. Ou seja, usa seu arsenal de jornalista sempre que necessário, mas é, antes de tudo, um animador dos bons, com um traquejo alcançado após anos à frente do reality show. Conversa com Bial, então, é uma conversa, sim, mas também é “com Bial”.

A diferença está aí. Enquanto seus atuais concorrentes The Noite, do SBT, e Programa do Porchat, da Record, usam seus convidados como “escadas” para o arsenal de piadas de seus anfitriões, no Conversa com Bial é o convidado quem dita as regras. Pedro Bial trata todos com simpatia, quase “chapa-branca”, mas é neste clima de informalidade que ele arranca boas histórias de seus convidados e os faz brilhar. Afinal, quando vimos Cármen Lúcia, Ministra do STF, tão à vontade nos últimos tempos? A presença de Fernanda Torres ao lado da ministra no programa de estreia foi outro trunfo. Pedro Bial e suas convidadas fizeram um show vibrante, divertido, com boas informações e, também, elegante e inteligente.

O segundo programa foi ainda mais especial. Padro Bial conseguiu tirar Rita Lee de sua aposentadoria, nos brindando com uma deliciosa conversa a respeito de sua biografia. Dona de uma trajetória cheia de grandes histórias, além de se manter uma figura extremamente carismática, Rita Lee tomou conta do palco de Bial e levou a plateia e o espectador ao delírio. O apresentador mostrou trechos de uma entrevista feita com Rita há mais de 30 anos, o que deu ainda mais tempero ao bate-papo. Já a terceira edição do Conversa com Bial foi mais ousado: ao lado da ex-ginasta Lais Souza e do cientista Miguel Nicolelis, Bial comandou um papo sobre ciência e tecnologia lotado de informação, chegando até a contrapor ciência e religiosidade. Um papo quase “cabeça” na madrugada. E que, ao contrário do que possa parecer, não foi nem um pouco cansativo.

Sendo assim, Conversa com Bial veio preencher, com muita competência, uma lacuna que a TV aberta vinha ostentando há algum tempo, que é a ausência de um programa de entrevistas onde o entrevistado realmente é importante. Hoje, temos o Roda Viva, da TV Cultura, que vem perdendo relevância, ou o ótimo Mariana Godoy Entrevista, na RedeTV. Este último também cumpre bem a cota do programa de entrevista “raiz”, mas é semanal. Conversa com Bial veio oferecer um bom programa de entrevistas diário, que não perde de vista sua função de entreter, mas acrescenta sempre uma boa informação em seu repertório.

Ou seja, Conversa com Bial veio ocupar um horário no qual concorre com outros talk shows, mas o faz trazendo uma outra perspectiva. Para o espectador, isso é ótimo, afinal, agora a Globo deixou de ser uma opção para se tornar, de fato, uma alternativa. Aos que gostam das piadas afiadas de Danilo Gentili e Fabio Porchat, podem vê-los no SBT e na Record. Mas quem gosta de uma entrevista de fato, Bial é a opção. Lembrando, sempre, que não há demérito algum nos talk shows baseados nos night shows americanos, que priorizam o humor e não a entrevista: The Noite e Programa do Porchat são ótimos!  Mas o Conversa com Bial, embora tenha uma embalagem similar (plateia, bancada, banda...), traz alguma novidade às madrugadas da TV aberta.

Obviamente, neste cenário todo, Jô Soares é um nome que faz muita, muita falta! Ainda acho que a Globo devia aproveitá-lo num novo projeto, semanal, no qual o apresentador pouparia sua saúde e, ainda assim, brindasse o público com sua inteligência e sagacidade. Mas, se ao final desta extensão de contrato com o canal, que o manterá na geladeira em 2017, a emissora não sinalizar com um outro projeto, Jô poderia, perfeitamente, instalar-se num outro canal. Um dos principais nomes da TV brasileira, Jô Soares não pode ficar fora do ar.

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André Santana

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6 Comentários

  1. Concordo inteiramente contigo quando diz que nao eh demerito ter um programa que seja mais show do que talk,mas sinceramente, me cansou a proliferacao da mesma formula, inclusive o mesmo cenario. E Bial eh diferente de todos, ate mesmo do proprio Jo, eh a inspiracao nacional (embora a formula seja americana eu sei) pro Danilo, Fabio, Tata. Achei uma boa sacada trazer convidados coadjuvantes pra conversar, entrevistar ou comentar o convidado principal, ou o convidado nao ser o principal e sim ser algo tematico como foi o de quinta e os convidados debaterem o assunto.ou na sexta que o Bial ao lado de dois convidados assitem sua entrevista com o ex presidente Mujica, o programa esta experimentando varias formas, acho isso ousado no bom sentido. O ruim eh que isso reflete na audiencia e ele vai perder pra uma Praca eh Nossa , pro Danilo Gentilli, com todo respeito aos dois programas.
    Pra mim, o Conversa com Bial e o Era Uma Vez uma Historia da Band sao dois programas com qualidades de canal pago, sao dois diamantes na tv aberta.
    So lembrando que ainda teremos a vez do humor no Conversa com Bial ja que as quartas sera um debate com humoristas dos acontecimentos do dia, um Meninas do Jo, so que com humoristas . E ainda temos Serginho Goisman, Gilberto Gil, Rodrigo Santoro no programa dele.

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    1. Li em algum lugar que o Conversa parece coisa da TV Cultura. O bom é que a audiência está muito boa, sinal de que a TV aberta pode, sim, se inspirar no melhor da TV Cultura!

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  2. Olá, tudo bem? Já comentei sobre o "Conversa com Bial" no meu blog. Realmente, é uma proposta que se diferencia dos "concorrentes"... Realmente, Jô Soares deveria ganhar algum programa semanal, seja na Globo, SBT ou até mesmo Record....Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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  3. Acabei de ler o Feltrin. Fiquei contente em saber que o programa do Bial esta com uma fila de anunciantes na espera. Prova que, independente da audiencia, o otimo nvel de qualdade do programa trouxe anunciantes pra um horario ingrato.

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    1. Sim, Conversa com Bial há de ter vida longa!

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