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Nova "Malhação" traz a novidade que o programa tanto necessitava

Não se pode culpar a Globo por não tentar reinventar Malhação. Nestes mais de 20 anos no ar, andar em círculos parecia inevitável. Foram várias mudanças pontuais ao longo de sua trajetória, porém poucas de fato realmente alteraram os rumos ou tiraram a novelinha do eixo. A primeira grande mudança foi a troca de cenários, quando a história saiu da academia Malhação e chegou ao colégio Múltipla Escolha, e perdeu o formato de série e assumiu cores de novela. De lá para cá, romances açucarados que nunca mudavam a fórmula, apenas trocavam atores, faziam de Malhação um programa cada vez mais previsível.

A segunda grande mudança foi quando o programa perdeu a necessidade de manter cenários e personagens, passando a contar uma história totalmente diferente a cada nova temporada. Tal transformação de formato aconteceu em Malhação 2010 (ou “Cidade Partida”), de Emanuel Jacobina. Na temporada seguinte, Malhação Conectados, de Ingrid Zavarezzi, veio outra tentativa de mudança: um enredo de mistério e sobrenatural, fugindo dos romances e conflitos juvenis tradicionais. Mas a proposta não vingou, e a autora se viu obrigada a reformular a obra em pleno voo, abandonando os mistérios e passando a narrar a trama no tom folhetinesco tradicional.

De lá para cá, Malhação seguiu apostando em tramas distintas a cada temporada, mudando autor e diretor a cada nova leva. Vieram tramas que não caíram no gosto do espectador, como Casa Cheia, e outras que disseram a que vieram, como Malhação Sonhos. Apenas nas duas últimas temporadas, Seu Lugar no Mundo e Pro Dia Nascer Feliz, é que o antigo hábito de manter o autor e alguns personagens da temporada anterior voltaram: Emanuel Jacobina assinou as duas e repetiu alguns poucos personagens, embora tenha contado duas histórias distintas.

Eis que surge Malhação – Viva a Diferença, que estreou na última segunda-feira, 08, prometendo ser um novo divisor de água na trajetória da novelinha adolescente. Primeiro, porque a nova safra marca a estreia do veterano Cao Hamburger como novelista. Cao é um nome forte do audiovisual nacional, tendo seu nome vinculado a uma série de programas infantis e infanto-juvenis de grande sucesso de público e crítica. Seu nome pode ser visto nos créditos de programas como Disney Club, Pedro e Bianca, Família Imperial e Que Monstro te Mordeu?, além de Castelo Rá-Tim-Bum, sem dúvidas seu maior êxito. Ou seja, Malhação ganhou um novelista “iniciante” na seara, mas com uma trajetória respeitável em programas que sabiam bem dialogar com crianças e jovens.

A boa mão de Cao para falar com os jovens ficou muito evidente nesta primeira semana de Malhação – Viva a Diferença. Pra começar, deve ser a primeira vez que Malhação não coloca um casal como protagonista. Desta vez, são cinco amigas que estão à frente do enredo, cada uma de uma realidade distinta e vivendo conflitos diversos, porém todos típicos desta fase da vida. Logo nas primeiras cenas do capítulo um, vimos que Tina (Ana Hikari) tem problemas com a mãe controladora; Ellen (Heslaine Vieira) é uma jovem atenta à tecnologia; Lica (Manoela Aliperti) faz o gênero “pobre menina rica”, de família, digamos, “abastada”, mas tem jeito de rebelde; e Benê (Daphne Bozaski, a fofa Lali de Que Monstro te Mordeu?), do tipo “esquisita”, com dificuldades em socializar. E há ainda Keyla (Gabriela Medvedovski), que vive as dificuldades da gravidez na adolescência.

Todas estas meninas vivem distantes, em realidades diferentes, mas se unem por um forte laço, quando todas participam do parto do filho de Keyla, em pleno metrô parado num dia chuvoso na cidade de São Paulo. Aliás, a maior cidade do país serve de cenário à Malhação pela primeira vez, contribuindo para a temática que Viva a Diferença quer explorar: a diferença. Megalópole, São Paulo é uma cidade de contrastes, que abriga diversas tribos. Ou seja, a cidade aparece na história não como um mero cenário ou pano de fundo, mas também como um personagem importante da história que se pretende contar. Aliás, ter uma Malhação protagonizada por mulheres, e trazendo como tema central a diversidade, a trama aparece bastante antenada com a contemporaneidade, trazendo temas que estão na pauta do dia.

Tirando um exagero ou outro, o texto da nova Malhação chama a atenção pela qualidade, sobretudo na abordagem das temáticas. Ao contrário de temporadas anteriores, esta Malhação não está glamourizando a gravidez na adolescência, ponto mais do que positivo. Keyla vem sentindo que não é fácil conciliar a maternidade com a vida de jovem. Também manda bem ao não colocar o romance como centro do enredo, que sempre mandava nas entrelinhas a mensagem que, para ser feliz, é necessário ter um amor idealizado ao lado. Claro, estas cinco meninas têm (ou ainda terão) seus conflitos amorosos, afinal são adolescentes, mas não é isso que as move.

Assim, Malhação – Viva a Diferença estreou muito bem e mostrou que pode ser o sopro de vitalidade que a trama já vinha buscando há algum tempo, mas sem muito sucesso. E o melhor é que a mudança acontece justamente ao se contar uma história que se mostra interessante, e que respeita muito a inteligência do público que a assiste (característica, aliás, presente em todos os programas anteriores de Cao). A direção de Paulo Silvestrini também é certeira, e Malhação surge em cena como um produto bem cuidado e muitíssimo bem acabado. E, pelos números da primeira semana, parece que a história agradou de cara. Tem tudo para dar certo.

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André Santana

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11 Comentários

  1. Até hoje me coloco no lugar da Ingrid como roteirista. A história dela mesmo sendo mais densa era muito interessante. E de repente tudo perdeu forma, e voltou àquela velha fórmula, duas meninas brigando por um menino.

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    1. Também gostava bastante da fase Conectados! Pena que não rolou...

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  2. Olá, tudo bem? Confesso que não acompanhei a nova temporada. Deveria ter assistido, mas fui negligente. Rs.... Então, não comentarei no meu blog e nem aqui. Pra falar a verdade, a Globo já deveria ter abandonado a expressão Malhação há muito tempo....Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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    1. A Globo se apega a estes títulos, que viram grifes. Mas, pelo menos, passaram a adotar subtítulos, já que cada temporada é uma história diferente. Quem sabe, aos poucos, o título não vá sumindo e vira apenas a novela teen das cinco.. hehe!

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  3. Concordo com voce em genero, numero e grau. So gostaria de mais uma pequena e ao mesmo tempo corajosa mudanca: que se abolisse o titulo principal, Malhacao, ja que na pratica, a cada temporada o que vemos eh uma novelinha juvenil totalmente diferente da anterior, e agora com a atual nao tem vinculo nenhum com a anterior ja que nem tem alguns personagens antigos. Nao faz mais sentido o titulo Malhacao nao ? Me explicaram que o maior entrave eh o departamento comercial que considera a marca Malhacao forte. No mais sem tirar nem por nenhuma palavra do que o nosso Andre escreveu. Pena que voce nao interage mais, nao responde mais os comentarios, era um diferencial em relacao a outros blogs. Abraco

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    1. Malhação ja está na hora de realmente ter historias cativantes. .a importância e que revela futuros talentos ....e lembrae mesno conflitoa dw asolescentes brasileiros como violência ...diferença e sociais entre outras

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    2. Eu não parei de responder aos comentários. Só não tive tempo de responder aos últimos. Amigo, estou com cinco empregos, não tá fácil... rsrs! Responderei sempre, mas na medida do possível. No mais, concordo que o título Malhação deveria sumir, mas, como disse ao Fabio, já considero positiva o fato de eles estarem, agora, usando os subtítulos. Antes, os subtítulos eram apenas internos, eles não apareciam, de fato, no ar, como Sonhos ou Casa Cheia. Mas, desde Seu Lugar no Mundo, os subtítulos estão aparecendo com destaque. Quem sabe não é um sinal de que, aos poucos, "Malhação" vá sumindo...

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  4. E ai, André? Sobre essa nova Malhação, a primeira semana foi interessante e deu vontade de assistir e acompanhar as tramas das cinco amigas, existe menos glamour e mais história. Espero que a emissora não caia na chatice de grupo de discussão! kkkk

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    1. A audiência está boa, o grupo de discussão não vai pedir mudanças, hehe!

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