Na semana passada, o SBT confirmou o
desligamento de Hermano Henning do seu quadro de âncoras do jornalismo. Assim,
chegou ao fim uma história de quase 30 anos, nos quais o profissional passou
pelas melhores e piores fases do departamento de jornalismo da emissora, sempre
de maneira digna e emprestando sua credibilidade ao canal de Silvio Santos.
Agora, sem Hermano, o SBT tem apenas Carlos Nascimento como um nome-forte do
jornalismo, já que Rachel Sheherazade, Dudu Camargo e Marcão do Povo não são
nomes dos quais a emissora pode se orgulhar.
Hermano é um profissional de valor, e, em todos
estes anos, vestiu a camisa do SBT e não deixou o jornalismo do canal morrer,
mesmo com os parcos investimentos. Sua história com a emissora começou em 1989,
como repórter e correspondente internacional. O jornalista já trazia na bagagem
uma ampla experiência na área, já tendo passado pelo jornal O Estado de S.
Paulo, pela revista Veja, e pelas emissoras Globo e Manchete. Foi testemunha de
acontecimentos históricos, como o conflito entre Irã e Iraque, Guerra Civil de
Angola, queda do Xá Reza Pahlevi, Guerra do Golfo, Guerra das Malvinas, Invasão
Americana no Haiti, atentado de Oklahoma, e das morte dos papas Paulo VI e João
Paulo I, do Presidente Josip Broz Tito na Iugoslávia e do cantor e compositor
Tom Jobim, além de ter participado da Primeira Expedição Brasileira à
Antártica.
Depois de anos como repórter e correspondente,
Hermano Henning quis se tornar um âncora de televisão, e teve seu desejo
atendido no SBT. O jornalista era o substituto oficial de Boris Casoy no
lendário TJ Brasil, primeiro grande
jornal produzido pelo SBT, além de ter apresentado também o TJ Internacional. Quando Boris deixou a
emissora rumo à Record, em 1997, Hermano tornou-se o apresentador do TJ Brasil, ficando ali até a extinção do
jornal, no final daquele ano. Depois, quando o SBT firmou parceria com a CBS e
lançou o Jornal do SBT/CBS Telenotícias,
Hermano passou a dividir a apresentação do noticioso com o saudoso Eliakin Araújo
e Leila Cordeiro, que apresentavam direto de Miami, enquanto Hermano entrava de
São Paulo.
Com o fim da parceria com a CBS, o departamento
de jornalismo do SBT sofreu uma drástica redução. Durante um tempo, apenas os
boletins Notícias da Última Hora
cumpriam a cota de informação do canal. Porém, em 1999, o Jornal do SBT foi novamente relançado, tendo Hermano Henning
novamente na apresentação. O âncora seguiu firme e forte apresentando o único
telejornal da emissora, exibido sempre por volta da meia-noite. Nesta época também
foi lançada a faixa SBT Notícias, que
era uma reprise requentada do Jornal do SBT, e que também tinha Hermanno na
ancoragem. Nesta fase, o SBT lançou também o TJ Manhã, com Patrícia Pioltini, dando mais espaço a um
departamento de jornalismo já não muito grande.
Em 2003, no entanto, uma forte crise se abateu
sobre o SBT, e o departamento de jornalismo da emissora, que já era pequeno,
tornou-se praticamente inexistente. O TJ
Manhã e o SBT Notícias foram
cancelados, permanecendo apenas o Jornal
do SBT, e com sérias restrições orçamentárias. Nesta época, Hermano tocou
dignamente um jornal sem nenhuma estrutura, informando o espectador por meio de
“frases do dia”, que economizavam repórteres, e por material enlatado, além de
matérias de afiliadas do SBT. No fim do mesmo ano, o jornalismo ganhou um novo
programa, o Jornal do SBT – 1ª Edição,
mais conhecido como “Jornal das Pernas”, com Analice Nicolau e Cinthya Benini.
Não houve novos investimentos nesta época, e os dois “jornais do SBT” eram, na
verdade, o mesmo jornal, apenas com apresentadores e cenários diferentes.
Mesmo o SBT sendo bastante criticado por manter
noticiosos sem nenhuma estrutura, mais uma vez se faz necessário salientar o
profissionalismo de Hermano Henning. O âncora assinava como editor-chefe das
duas edições do Jornal do SBT, e
conseguia passar um mínimo de informação ao espectador sem nenhuma estrutura
para isso. Ou seja, por anos, carregou o jornalismo da emissora nas costas,
fazendo uso da criatividade para desenhar dois jornais de meia hora de duração
de maneira digna. E com credibilidade sempre intocada.
Em 2005, o SBT voltou a investir em jornalismo,
contratando um novo diretor de jornalismo e trazendo Ana Paula Padrão da Globo
para comandar o SBT Brasil, seu novo
noticioso em horário nobre, que está no ar até hoje. Hermano Henning seguiu
firme e forte nesta fase, agora com uma estrutura bem maior. Seguiu no comando
do Jornal do SBT até a chegada de
Carlos Nascimento; depois, passou para o SBT
Manhã, onde ficou por muitos anos. Com o afastamento de Nascimento em razão
de problemas de saúde e, depois, sua efetivação como âncora do SBT Brasil, Hermano Henning voltou ao Jornal do SBT, onde ficou até a extinção
deste, no início desde ano. Hermano chegou a ser confirmado no rodízio de apresentadores
do atual SBT Notícias, mas teve seu
desligamento da emissora anunciado recentemente.
É simplesmente lamentável que a emissora abra
mão do seu principal rosto do jornalismo, num momento em que o SBT abre cada
vez mais espaço para o segmento. O canal ocupa toda a madrugada e o início da
manhã com telejornais, e nunca exibiu tantas horas de jornalismo como hoje.
Claro, o faz sem investimentos, baseados em reprises e matérias requentadas,
mas o faz. E abre mão de Hermano ao mesmo tempo em que dá mais espaço aos
controversos Dudu Camargo e Marcão do Povo, que fazem o Primeiro Impacto. Mas Silvio Santos já deixou bem claro o que pensa
dos apresentadores de jornais: eles devem saber ler um teleprompter, e não ter
experiência ou formação na área. Credibilidade para que, não é mesmo?
Hermano Henning agora
negocia para voltar ao SBT com seu programa Horse
Brasil, que já é exibido no Canal Rural. Se der certo, ele volta a aparecer
no canal que o consagrou, agora nas manhãs de domingo e com conteúdo mais light.
É bom saber que ele quer voltar à emissora fazendo algo que gosta. Mas que é
uma pena que o canal de Silvio Santos não valorize o profissional que mais
brigou pelo seu jornalismo, isso é.
André Santana
9 Comentários
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Ele segurou o Departamento de Jornalismo praticamente sozinho na fase tenebrosa do canal neste segmento...Lembro da cobertura do Hermano na transmissão do funeral da Princesa Diana. Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net
ResponderExcluirSim, Fabio, ele segurou dignamente quando o SBT não tinha estrutura de jornalismo. É um grande profissional, um dos melhores!
ExcluirGrande profissional ,gostaria muito que ele continuasse no jornalismo
ResponderExcluirGostaria de vê-lo no jornal da noite da Band (faixa da meia noite ) acho que seria uma boa e já houve boatos disso ...
Nossa tv não pode perder alguém tão qualificado e simpático ,afinal ele mostra força e vontade de estar na ativa
Ao que tudo indica, ele quer mesmo é fazer seu programa sobre cavalos. Parece que será a "aposentadoria" dele na TV, fazer um programa mais light após tantos anos dedicados ao hard news. Ele merece poder fazer o que tiver vontade, é um senhor profissional!
ExcluirSilvio santos é o maior comunicador da tv com certeza ,agora como diretor de tv é bem questionável
ResponderExcluirInsistir em Dudu Camargo ,um cara sem noção que todos em os programas que vai só pensa em dançar e tirar a roupa passa do ridículo
Silvio pirraça , é teimoso vai insistir nesse mala para não ficar outra coisa
Infelizmente, é isso mesmo. Uma pena.
ExcluirGente alguém tem que tirar esse Dudu imediatamente do jornalismo
ResponderExcluirCara sem talento ,e ainda por cima uma vida pessoal muito atribulada isso só faz mal ao jornalismo e a emissora SBT que sempre foi família .Tudo que Hermano e Carlos nascimento construíram esse indivíduo vazio está acabando com tudo alguém tem peitar Silvio santos isso já está sendo o cúmulo do abusrdo
Silvio Santos perdeu totalmente a razão. Que coisa, não?
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