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Ao apostar na fantasia, "Belaventura" vai fundo no folhetim clássico

Belaventura, que estreou nesta semana na Record, deixou uma boa impressão. A nova trama de Gustavo Reiz teve um primeiro capítulo bastante movimentado e com jeitão de folhetim tradicionalíssimo. Assim como fez em Escrava Mãe, trama no qual fez uso dos principais clichês do novelão tradicional de maneira envolvente e eficiente, em Belaventura o autor não reinventa a roda. A novidade, aqui, é o cenário, com jeito de conto de fadas.

A novela mal começou e já jogou as cartas na mesa, apresentando uma vilã-mor malvadíssima e muito interessante, a Marión. Casada com o Conde Severo (Floriano Peixoto), aspirante ao trono do reino de Belaventura, ela não mede esforços para conseguir se tornar rainha. O perfil de bruxa má casa direitinho com a excelente atuação de Helena Fernandes, bruxa adorável desde os tempos em que vivia Silvana, a arquirrival da fada Bela (Angélica), em Caça Talentos, na Globo.

Também não faltou uma paixão arrebatadora. Pietra e Enrico se apaixonaram ainda crianças e  se reencontraram já adultos, anos depois. Ela vive a agonia de ter visto sua mãe desaparecer. Já ele é o herdeiro do trono de Belaventura, filho do Rei Otoniel (Kadu Moliterno), e que viu a mãe assassinada logo após a vitória de seu pai na batalha pelo trono. Lucy (Larissa Maciel), a mãe de Pietra, guarda um segredo sobre a origem da filha, segredo este ligado aos nobres de Belaventura. Enquanto não reencontra a mãe, Pietra viverá a clássica história do amor proibido com o príncipe Enrico.

A Record acertou na escalação dos jovens protagonistas. Rayanne Moraes, a Pietra, e Bernardo Velasco, o Enrico, são rostos ainda não muito conhecidos. É importante lançar novos nomes, ainda mais numa trama que, apesar de ser um novelão clássico, traz uma nova embalagem às novelas da Record, ao situar a trama na Idade Média. Um rosto desconhecido ajuda o espectador a embarcar na fantasia.

Falando na “embalagem” de Belaventura, está aí a única novidade da nova aposta da Record. Não que novelas medievais sejam novidade, afinal, em sua origem, as novelas brasileiras se passavam em reinos distantes, com nobres vivendo grandes histórias de amor. Já na dramaturgia moderna, Que Rei Sou Eu? é a grande referência em novelas “capa-e-espada”. Porém, a trama de Cassiano Gabus Mendes era uma grande comédia, funcionando como uma farsa, uma alegoria ao Brasil. Já em Belaventura, o cenário serve apenas como um pano de fundo fantasioso, como nas clássicas histórias infantis de príncipe e princesa.

E é este o trunfo de Belaventura. Como a trama narra os acontecimentos de um reino medieval que parece saído dos livros de fantasia e aventura, o autor pode abusar do melodrama sem ser over, tendo em vista que o contexto fantástico da obra permite qualquer tipo de devaneio. O cenário, assim, credencia o novelista e ir fundo no folhetim, sem medo de ser cafona. Para um autor que se mostrou habilidoso no novelão, é um prato cheio.

Em tempos de Game of Thrones bombando, Belaventura tenta beber da fonte. E sem esconder a inspiração, vide a batalha pelo trono no primeiro capítulo, ou até mesmo a abertura (aliás, belíssima) que traz vários elementos do reino se movimentando como engrenagens, tal qual a similar estadunidense. Na prática, a história pouco se assemelha à série, mas a referência é válida.

Ou seja, Belaventura é uma aposta que, apesar de oferecer uma trama tradicional, não deixa de ser uma ousadia, já que terá a missão de conquistar o público fazendo-o acreditar naquele universo situado na Idade Média, em algum canto da Europa, onde todos falam português (alguns com forte sotaque carioca, diga-se). A trama é boa e pode ser bem-sucedida na missão. Com a palavra (e o controle remoto), o espectador!

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André Santana

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5 Comentários

  1. Olá, tudo bem? A novela é PÉSSIMA. Realmente, é uma das piores tramas já exibidas pela Record desde 2004. Não sou fã do autor (qual novelão ele escreveu? Dona Xepa - remake. Os Ricos Também Choram - remake, Escrava Mãe - baseada em livro...), a história não tem relação com o povo brasileiro, fora a escalação dos atores protagonistas... Bom, comentei no meu blog. Caso fique com 8 pontos, será muito....Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net

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    Respostas
    1. Eu concordo que e record deveria apostar numa historia contemporânea pois juntando com as biblicas si faz epoca ha.mais de tres anos....

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    2. Eu concordo que e record deveria apostar numa historia contemporânea pois juntando com as biblicas si faz epoca ha.mais de tres anos....

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    3. Discordo, Fabio. Escrava Mãe é baseada em livro, mas foi uma novela muito bem escrita. E Belaventura segue o mesmo estilo. Achei bem longe de ser ruim.

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    4. Guelito, Apocalipse será contemporânea e bíblica. Vamos ver se retomará o fôlego da faixa.

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