Em
meio a um emaranhado de novas séries em sua linha de shows, a Globo
abre espaço para erros e acertos. Na atual safra, as noites de terça
e quinta-feira trouxeram novidades ao espectador nas últimas
semanas, desde os encerramentos de Mister Brau (que volta no
ano que vem) e Vade Retro (que não volta). O drama Sob
Pressão e a comédia A Fórmula trouxeram novas cores e
alternativas aos seus respectivos horários, mas enquanto a série
médica se destaca pela qualidade do elenco, texto e produção, a
segunda ficou devendo no quesito história e originalidade.
Às
terças, Sob Pressão deu um tempo das comédias na faixa e
trouxe um drama hospitalar, um gênero tão comum na TV
estadunidense, mas que não dava as caras nas produções da Globo
desde Mulher, do final dos anos 1990. Derivada do filme de
Andrucha Waddington que, por sua vez, é baseado no livro Sob
Pressão – A Rotina de Guerra de um Médico Brasileiro, de
Márcio Maranhão, a série mostra, com competência e alta voltagem
dramática, o cotidiano de profissionais da saúde num centro
hospitalar onde falta todo tipo de recurso.
Dr.
Evandro (Júlio Andrade) e Dra. Carolina (Marjorie Estiano) são o
coração da nova série. Dois médicos idealistas, que driblam,
diariamente, as dificuldades do trabalho num hospital daqueles que
vemos todos os dias nos telejornais, com pacientes acamados nos
corredores e ausência de material de trabalho. Para aguentar o
tranco, ele faz uso constante de remédios. Para aumentar ainda mais
a carga dramática, o médico viu sua esposa morrer durante uma
cirurgia e, um ano depois, ainda tem dificuldades em superar o luto.
Ele
se envolve com sua colega de trabalho, Carolina, mas este
envolvimento traz outras dificuldades. Carolina compartilha do mesmo
idealismo, mas há uma diferença de pensamentos entre ambos, que ora
os une e ora os afasta. Carolina é dona de uma fé aparentemente
inabalável, enquanto Evandro é pragmático e até desesperançoso.
Eles estão ensaiando um relacionamento, mas Carolina também tem
dificuldades que vão sendo revelados aos poucos, o que traz mais
dificuldades a esta relação.
Ou
seja, com Sob Pressão, a Globo aposta num segmento amplamente
explorado pela TV estadunidense, o drama hospitalar, e o faz em
consonância com a realidade nacional. Assim, não está apenas bem
servido de dramas humanos dos mais envolventes, como também pode
servir de plataforma para uma importante denúncia acerca do descaso
dispensado à saúde do Brasil como um todo. É uma série para se
prestar atenção.
Enquanto
isso, A Fórmula encerrou na noite de quinta-feira, 24, sua
primeira temporada sem dizer a que veio. Protagonizada por Drica
Moraes, Fábio Assunção e Luisa Arraes, a trama foi na contramão
da história que substituiu, Vade Retro. Enquanto esta última
apostava num humor mais atrevido, brincando com o terror e elementos
sacros, A Fórmula já contou com um humor mais fácil,
exibindo um texto tão leve que poderia ir ao ar no meio da tarde.
Escrita
por Marcelo Saback e Mauro Wilson, A Fórmula trouxe uma premissa
interessante. A cientista Angélica (Drica Moraes) inventa uma
fórmula que a deixa com a aparência que tinha há 30 anos. Afrodite
(Luisa Arraes), como ela chama sua versão mais jovem, desperta a
paixão de Ricardo (Fábio Assunção), com quem teve um
relacionamento há 30 anos, e que chegou ao fim cheio de questões
mal resolvidas. O reencontro entre Angélica e Ricardo, 30 anos
depois, acontece cheio de mágoas e ressentimentos. Já o
aparecimento de Afrodite desperta a paixão, o saudosismo e até o
ciúme. Aos poucos, Ricardo se vê envolvido com Angélica e
Afrodite, sem saber que se trata da mesma pessoa.
A
temática foi explorada de maneira divertida, mas não chegou a
surpreender. Faltou ao texto de A Fórmula a esperteza vista
em Mister Brau, por exemplo, que consegue surpreender mesmo
diante de temáticas já vistas e revistas tantas e tantas vezes. A
Grande Família é outro exemplo de série de humor popular que
sabia sair do lugar-comum de maneira de fácil compreensão. Já A
Fórmula teve uma passagem apagada e não surpreendeu.
Bom
mesmo foram as performances de Drica Moraes e Luisa Arraes, que
impressionaram pela excepcional sincronia. As duas atrizes não
deixam dúvida ao espectador de que vivem a mesma personagem, do
gestual ao tom de voz. Elas foram vistas em total sintonia, dando uma
unidade incrível à Angélica/Afrodite. O desempenho das duas
atrizes, sem dúvidas, foi o trunfo da série.
A
Fórmula só não teve sorte quanto ao horário, justamentea
linha de shows das quintas-feiras, dia em que a direção da Globo
promoveu a inversão do horário entre a série e Os Dias Eram
Assim. Em razão do fraco desempenho de audiência de Vade
Retro, a emissora jogou a série para mais tarde no intuito de
“salvar” a novela das onze (ou “supersérie”). Assim, A
Fórmula acabou exibida em horário equivocado, o que contribuiu
para que a série passasse em brancas nuvens.
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André
Santana
4 Comentários
Olá, tudo bem? Discordo totalmente. A Fórmula foi uma série agradável. Leve e divertida. Gostei bastante. Aguardo a segunda temporada ou um telefilme com a continuação da história. Já comentei no meu blog. Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net
ResponderExcluirOi Fabio, tudo bem? Não consegui gostar de A Fórmula. Gostei das atuações e de uma ou outra ideia, mas, no geral, achei a série muito bobinha e previsível. Não me pegou. Abraço!
ExcluirEu gostei imensamente de Vade Retro. Mas esta sendo um problema encontrar uma serie que agrade audiencia e critica depois da Grande Familia. Chapa Quente, Vade Retro, A Formula, todos falharam.
ResponderExcluirJa as tercas tem tido mais sorte.
Também gostei de Vade Retro, Daniel! É um tipo de humor que me agrada bem mais do que o de A Fórmula.
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