Que Miguel Falabella é um exímio criador de séries, não se
pode negar. O autor é dos poucos roteiristas do time de veteranos da Globo que
entende o formato e não tenta repetir fórmulas de novelas nas séries,
concebendo produtos realmente originais. Mesmo sendo um reconhecido autor de
comédia, Falabella já enveredou por outras temáticas com habilidade, como no
ótimo, mas pouco reconhecido A Vida
Alheia, ou no criticado, mas bem interessante Sexo e as Negas.
Sua criação mais recente, Pé na Cova, foi outro êxito e evoluía a olhos vistos a cada
temporada. O cotidiano da disfuncional família que tocava uma casa funerária
foi se aprofundando, tirando humor de situações melancólicas e provocando
reflexão. Além disso, seus personagens variados, os famosos tipos criados por
Falabella, conviviam e pregavam o amor, a tolerância e a diversidade. Em sua
reta final, Pé na Cova tornou-se uma
inteligente ode contra o preconceito.
Por isso mesmo, o primeiro episódio de Brasil a Bordo, que foi ao ar na última quinta-feira, 25, chamou a
atenção negativamente. A nova comédia de Falabella mantém suas características,
como a anarquia, o desfile de tipos inusitados e uma boa dose de crítica
social, mas fez isso mediante diálogos fracos, pouco criativos e carregados de
preconceitos. Na estreia, foram vistas piadas sobre a terceira idade e a
homossexualidade que foram dignas de A
Praça É Nossa. Falabella tem um reconhecido humor popular, sem dúvidas, mas
em Brasil a Bordo a coisa acabou
apelando para o popularesco.
O capítulo de estreia passou boa parte do tempo apresentando
os personagens, que são muitos. Berna Cavalcanti (Arlete Salles) é a dona da
Piorá Linhas Aéreas, uma companhia de aviação falida. Ela é casada com Gonçalo
(Luiz Gustavo), e convive, também, com os ex-maridos de suas irmãs, que
chegaram a tocar a companhia com ela no passado, mas uma fugiu e outra morreu.
Os cunhados Vadeco (Miguel Falabella) e Durval (Marcos Caruso) são os pilotos
da companhia, e também vivem na mansão dos Cavalcanti. Camilinho (Rafael
Canedo), Caravelle (Maria Eduarda Carvalho) e Johnny Beautiful (Magno Bandarz)
completam o clã. Com a companhia falida, eles retomam a autorização para
operar, desde que se tornem sócios dos funcionários. Assim, surgem em cena a
comissária São José (Maria Vieira) e as despachantes Shaniqwa (Mary Sheila de
Paula) e Almira (Stella Miranda).
Não que a estreia de Brasil
a Bordo tenha sido de todo ruim. A favor da série a premissa inusitada, que
utiliza um avião como metáfora do próprio país, sempre prestes a cair. E,
principalmente, o elenco, no qual se destacam medalhões em ótima forma. Arlete
Salles, Marcos Caruso e Maria Vieira surgiram inspiradíssimos, assim como a
graciosa Maria Eduarda de Carvalho, e a sempre divertida Mary Sheila, simplesmente
impagável como Shaniqwa. Valeu também a presença de Niana Machado, figura
recorrente nas obras de Falabella desde uma participação no Toma Lá Dá Cá. Mais uma vez vivendo uma
velhinha esclerosada, a presença da atriz rendeu uma piada metalinguística
bastante simpática. “Agora eu tenho que carregar esta mulher pra todo lugar!”,
berrou Vadeco, enquanto ela gritava “eu quero descer!”.
Estas e algumas outras situações renderam risadas realmente
honestas no Brasil a Bordo. Mas a
apresentação da família Cavalcanti ficou devendo em informação e bom gosto.
Faltou um refinamento nos diálogos e mais criatividade nas soluções, que
fizeram com que a apresentação dos personagens ficasse truncada e até um pouco
confusa. Talvez, sem a obrigação de explicar seu propósito no próximo episódio,
a coisa flua melhor e a série decole. Porque o primeiro episódio de Brasil a Bordo ficou devendo.
André Santana
2 Comentários
Olá, tudo bem? Eu quero descer!!!! Eu quero descer!!!! Eu quero descer!!!! Eu quero descer!!!! Piranha!!!! Piranha!!!! Piranha!!!! Piranha!!!! kkkkkkkkkkkkkk Eu sinto saudade do Toma Lá Dá Cá... Rs... Comentarei ainda sobre a série no meu blog. Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net
ResponderExcluirAdooro Niana Machado, kkkkk! Fabio, eu gostava muito do Toma Lá Dá Cá, mas creio que o programa terminou na hora certa. E quanto ao Brasil a Bordo, fiquei bem decepcionado. Esperava mais. Abraço!
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