Na última semana, a direção da Record confirmou o que já se
especulava há algum tempo: o Domingo Show,
de Geraldo Luís, terá seu tempo de arte e estrutura reduzidos. A atração terá
sua duração reduzida pela metade e perderá cenário, plateia e os quadros no
palco, reduzindo-se às matérias de Geraldo, que são o carro-chefe do programa.
Apesar da ótima audiência (foi o Domingo
Show que fez a Globo mexer no início de sua tarde de domingo, sempre bom
lembrar), o programa é considerado assistencialista e apelativo e, por isso,
não atrai anunciantes. Ou seja, dá prejuízo.
Trata-se de uma reviravolta e tanto na trajetória de Geraldo
Luís dentro da Record. Até pouco tempo atrás, Geraldo era considerado um dos
nomes fortes da emissora, justamente pela sua capacidade de registrar bons
índices de audiência e ser uma importante alavanca para toda a grade dominical
da emissora. Se Hora do Faro e Domingo Espetacular são programas que
rendem excelentes resultados para a Record, muito disso se deve ao bom
desempenho do Domingo Show, que abre
a grade dominical.
Geraldo estava tão em alta que, nesta mesmíssima época do
ano passado, a direção da Record tentava convencê-lo a assumir o comando de um
programa diário e noturno. Com uma linha de shows problemática que costumava
perder para o Programa do Ratinho, do
SBT, a Record viu em Geraldo o único capaz de conter o apresentador da
concorrência. Além disso, Geraldo Luís tinha o salário menor e o contrato mais
frouxo dentre os principais apresentadores da emissora. E a Record resolveu
isso, renovando o contrato do apresentador com bases mais sólidas, com medo de perdê-lo
para a concorrência.
Mas, antes disso tudo, Geraldo Luís também passou por maus
bocados e quase saiu do ar na emissora. Isso aconteceu quando o apresentador
reclamou, ao vivo, da edição de uma matéria feita por ele para o programa.
Segundo os comentários da época, o próprio Edir Macedo estava assistindo ao
programa naquele dia e não teria gostado da reclamação pública de Geraldo.
Resultado: o apresentador foi suspenso por algumas semanas e quase perdeu o
comando do Domingo Show para Luiz
Bacci de maneira definitiva.
E se formos ainda mais longe na história entre Geraldo e
Record, lembraremos de vários outros altos e baixos. Basta lembrar da estreia
de Geraldo na emissora. Em 2008, ele foi contratado pela Record para assumir o
comando da versão paulista do Balanço
Geral, um jornal popular da hora do almoço que já existia em várias praças,
mas não contava com uma edição em São Paulo. Geraldo se destacava numa TV de
Limeira, e aceitou o convite para trabalhar na capital paulista. E deu muito
certo! O Balanço Geral SP elevou os
índices de audiência do canal, fazendo a direção da Record a propor voos
maiores ao apresentador.
Assim, no ano seguinte, Geraldo ganhou um vespertino só seu,
exibido em rede nacional. O Geraldo
Brasil estreou muito bem, misturando telebarraco, notícias, repercussão de A Fazenda e outras bizarrices. Mas o
programa logo perdeu fôlego e saiu do ar no final daquele mesmo ano. Depois
disso, falou-se que Geraldo seria aproveitado num novo programa aos sábados,
mas que nunca saiu do papel. Ao invés disso, Geraldo encarou uma fria
geladeira, e a Record chegou a desistir dele. O comentário era que seu contrato
não seria renovado e ele voltaria para Limeira.
Mas, tempos depois, a emissora resolveu ressuscitar o Balanço Geral SP (que havia saído do ar)
com Geraldo, desta vez no início da manhã. Escondido nas primeiras horas do
dia, Geraldo novamente rendeu boa audiência ao canal. Com isso, acabou
retornando para a hora do almoço com seu Balanço
Geral, com sucesso. Ao mesmo tempo, foi convidado para participar do
rodízio de apresentadores do Domingo da
Gente, e foi uma das maiores audiências do dominical. O bom resultado o
levou a ser escolhido para ficar com o horário, nascendo o Domingo Show.
Ou seja, dá a impressão de que Geraldo e Record vivem numa
relação de amor e ódio. Ora o apresentador é visto como “salvador da pátria”, e
ora como persona non grata. Não que a emissora não esteja certa em enxugar um
programa que não fatura, afinal, a Record é uma empresa que visa lucro. Mas é
no mínimo estranho que a emissora só tenha percebido os prejuízos do Domingo Show depois de tantos anos do
programa no ar, e depois de ter cogitado dar à Geraldo um programa diário. Mas
é aquela coisa que batemos sempre na tecla aqui: a falta de planejamento é o grande
mal da Record.
André Santana
6 Comentários
O grande mal da Record é viver de sucessos efêmeros e é óbvio que o Domingo Show dava audiência, mas por outro lado não dava lucros. A Record tem de parar de errar em planejamento pra começar a prosperar de forma correta.
ResponderExcluirA Record sempre foi ruim em planejamento. E não consegue corrigir isso. Uma pena, eles têm potencial para serem melhores do que são.
ExcluirOlá, tudo bem? Complicada a situação do Geraldo Luis. Agora, cortar o programa para reprisar quadros de humor no famigerado Tudo a Ver representa o planejamento tacanho da emissora. Quando eu ouvi que seria um humorístico a ocupar a faixa horária, pensei imediatamente no Pânico. Abs e bom Carnaval! Fabio www.tvfabio.zip.net
ResponderExcluirCheguei a pensar que eles tinham contratado o Pânico também, Fabio! Seria interessante ver o Pânico neste horário, de repente eles poderiam considerar a ideia, rsrs! Eu nunca fui fã do Geraldo, mas acho muito esquisita esta relação dele com a Record. Uma hora estão apaixonados, em outra hora se comportam como inimigos. Dizem que tem gente poderosa na Record que não gosta dele, por isso ele sofre. Sei lá. Mas é bem estranho.
ExcluirNesse caso a análise é muito simples: Esse cara é MUITO chato, uma mistura do que existe de pior em programa de auditório, policial e de assistencialismo.
ResponderExcluirA Record poderia pensar em alternativas melhores do que apenas passar reprises; se o problema do programa era falta de lucro, não creio que com reprises conseguirão aumentá-lo. Ou seja, passa a impressão de desculpa esfarrapada para diminuir os custos de um programa tão ruim (e diminuir os custos é diferente de conseguir mais lucro). O canal teve até ideias interessantes com séries produzidas fora da emissora que passam a noite no começo do ano, poderia pensar em algo nessa linha, mas a criatividade parece ser limitada.
Oi Alexandre! Na verdade, com reprises, a Record não visa aumentar ganhos, e sim, reduzir custos. Só isso. Claro, se ela fosse planejar direito, devia sim pensar num programa financeiramente rentável para o horário. Mas preferem remendos, fazer o que? Mas concordo contigo, também acho o programa do Geraldo bem chato. Não consigo assistir mais de 10 minutos...
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