Entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000,
houve um verdadeiro “boom” de programas femininos vespertinos. Na época, a
Gazeta já fazia o seu clássico Mulheres,
com Ione Borges e Claudete Troiano, mas foi quando Ana Maria Braga cresceu e
apareceu no Note e Anote, da Record,
que o formato se popularizou de fato. Aí, toda emissora quis ter um programa
nos moldes: a extinta Manchete contratou Claudete e lançou o Mulher de Hoje, enquanto a Band apostou
no Mulheres do Brasil, com Márcia
Peltier, e o Mulher de Verdade, com
Silvinha Franceschi. A Globo entrou na onda, quando contratou Ana Maria e
lançou o Mais Você, enquanto a Record
seguiu com seu Note e Anote, pilotado
por Cátia Fonseca. Assim, entre os canais abertos, apenas o SBT não apostou no
filão neste período.
Foram muitas receitas de bolos e tortas nos mais diferentes
canais e nos mais diversos estilos, e apresentado por nomes diversos, até que,
entre os anos 2000 e 2001, Sonia Abrão despontou com jornalismo e notícias dos
famosos no A Casa É Sua, da RedeTV,
dando um novo rumo aos vespertinos. De repente, os demais canais deram um tempo
na culinária e no artesanato e passaram a investir mais em fofocas de
celebridades e outros assuntos. Note e
Anote e Mulheres abriram espaço
para este conteúdo, enquanto a Band lançava a primeira versão do Melhor da Tarde, também nestes moldes. E
até o SBT entrou na onda, tirando Sonia Abrão da RedeTV e lançando o Falando Francamente, em 2002.
Porém, passado o boom dos vespertinos de culinária e fofoca,
o formato arrefeceu, sobrando alguns remanescentes. Sonia Abrão conseguiu vida
longa e hoje segue há quase 12 anos na RedeTV com o A Tarde É Sua, enquanto o Mulheres
resgatou o formato de revista feminina de variedades com Cátia Fonseca,
permanecendo assim por incríveis 15 anos. E as demais apostas no formato, como
o Pra Valer, de Claudete Troiano, na
mesma Band, não vingaram, mostrando que este tipo de produto já não era
garantia de sucesso nos canais abertos maiores. Nesta época, o Hoje Em Dia fazia sucesso nas manhãs da
Record e lançou a tendência da “revista eletrônica”, onde até cabia culinária e
fofocas, mas abraçava outros assuntos também.
Mas, quando o formato mais tradicional parecia restrito aos
canais “menores” (a Gazeta é um canal paulistano com alcance nacional
restrito), eis que a Band resolveu resgatar o formato, em busca de uma produção
barata e com muitas possibilidades comerciais (o que, no fundo, estes
vespertinos sempre foram: grandes vendedores). E foi buscar justamente a única
“heroína da resistência” neste formato vespertino: Cátia Fonseca. E relançou o Melhor da Tarde, trazendo basicamente a
mesma fórmula do Mulheres.
A aquisição da Band foi acertada, tendo em vista que Cátia,
há 15 anos no comando de um diário ao vivo com incríveis quatro horas de
duração, adquiriu um traquejo e tanto na arte de passar a tarde conversando.
Cátia tem grande desenvoltura diante das câmeras, é simpática e sabe falar a
língua de sua espectadora, estofo adquirido após tanta experiência no segmento.
Por isso mesmo, se a Band queria resgatar o formato mais tradicional de
programas femininos, não poderia ter escolhido comandante melhor.
Cátia fez uma estreia estranha, já que a primeira hora de
seu Melhor da Tarde, no ar na última
quinta-feira, 01, foi pura enrolação, com segmentos pré-gravados fingindo que
era ao vivo e um passeio cansativo pelas instalações do Grupo Bandeirantes.
Mostrar os bastidores é sempre divertido, mas a sensação de “encheção de
linguiça” era inevitável. Somente às 15 horas, quando o programa entrou em rede
nacional, foi que o Melhor da Tarde
estreou de fato, mostrando seu cenário (clean e bonito) e suas atrações. Tudo
bem apressado, pois metade do programa já havia passado.
Foi apenas no segundo programa, de ontem, 02, que o Melhor da Tarde se mostrou de verdade. Em
suas duas horas de duração, Cátia comentou as notícias do dia com Neto, do Os Donos da Bola, e falou sobre a vida
das celebridades com Aaron Tura e a participação de Evandro Santo, que fez uma
matéria mostrando a casa de uma fã de Cátia. Também falou sobre saúde, ensinou
uma receita e resgatou uma aula de dança que fazia, anos atrás, em seu Mulheres. Ou seja, nada muito diferente
do que era o próprio Mulheres, ou o
que foi os programas femininos da década passada e retrasada. A ideia, além de
vender, é servir de companhia às donas de casa.
Ou seja, o novo Melhor
da Tarde não tem a intenção de reinventar a roda, e faz bem aquilo que se
pretende fazer. Mas não deixa de parecer um programa datado, meio anacrônico,
como se buscasse retomar um tempo que já não existe mais (a aula de dança mesmo
ensinou a coreografia de “Um Morto Muito Louco”. Alguém ainda dança isso?).
Pelo menos tem “apenas” duas horas, já que ninguém aguenta mais os programas
longuíssimos do final dos anos 1990. Resta saber se ainda há um grande público
interessado neste “blá-blá-blá” vespertino. No mais, é um programa bem feito, e
é ótimo observar que a Band voltou ao jogo, após anos entregando os pontos.
Ponto para o canal.
André Santana
4 Comentários
Olá, tudo bem? Comentarei hoje no meu blog sobre a Catia Fonseca na Band. Na estreia, gostei da primeira parte. Ela mostrou os bastidores da emissora e tal. Foi bom. Já detestei a segunda parte. Ontem, o programa já mostrou suas deficiências.... Abs, Fabio www.tvfabio.zip.net
ResponderExcluirOi Fabio! Como disse no texto, achei a primeira parte, na estreia, muito cansativa. Deveria ter ocupado menos tempo. Depois vejo suas impressões no seu blog. Abraço!
ExcluirPraticamente todas as redes abertas pequenas e grandes tem atrações feminina ou de fofoca no período da tarde
ResponderExcluirEm pensar que no final da década de 90 era só a gazeta e Record
Esses dias Sônia Abrão disse que a rede globo tb terá um programa feminino com apresentação da Angélica (mais que merecido ) no lugar da sessão da tarde vamos aguardar e torcer pra esse projeto acontecer
Até torço pra que este vespertino da Globo aconteça, desde que não seja mais um mix de Encontro com Vídeo Show. Os programas de variedades diários da Globo estão muito parecidos.
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