A notícia não é nova, mas vale o registro e o comentário por
aqui: Guel Arraes, Diretor de Teledramaturgia Semanal da Globo (ou seja, era
ele quem cuidava das séries do canal), pediu para deixar o cargo. De acordo com
diversas fontes, Guel não quer mais exercer um papel executivo e prefere voltar
à criação. Com sua saída, Silvio de Abreu, que já era Diretor de Teledramaturgia
Diária (novelas), agora cuidará também da teledramaturgia semanal.
Desde que pulverizou suas atrações de entretenimento, que
passaram a ser de responsabilidade de quatro grandes diretores (Silvio de Abreu
e Guel Arraes respondiam pela dramaturgia, enquanto Boninho e Ricardo
Waddington cuidam dos programas de variedades), a Globo vinha colhendo bons
frutos desta nova gestão. Os programas de entretenimento entraram nos trilhos,
as novelas ganharam maior atenção e planejamento e as séries ganharam espaço na
tela da Globo, da Globosat e do streaming. Ou seja, a descentralização da
produção revelou-se positiva.
No que tange às séries, a gestão de Guel Arraes perdeu
espaço na grade em razão do aumento dos capítulos das novelas das onze, agora
chamadas de “superséries”. Por outro lado, ampliou o leque, deixando de
priorizar comédias e fazendo experimentações, além de tornar mais comum
coproduções. O resultado foram séries de sucesso, como Mister Brau e Sob Pressão,
e temáticas diferenciadas, como Nada Será
Como Antes, Supermax e Cidade Proibida.
No entanto, a gestão de Guel Arraes fez surgir alguns
desconfortos, como o fato de o diretor parecer priorizar membros de uma
“panelinha”, com muitos autores e diretores que já trabalharam com ele. Jorge
Furtado, Claudio Paiva, Marçal Aquino e Fernando Bonassi ganharam espaço,
enquanto novos roteiristas encontravam dificuldades em emplacar projetos. Até
Miguel Falabella só conseguiu emplacar suas séries porque seus projetos
correram sob o guarda-chuva de Ricardo Waddington, e não de Arraes.
O nome de Silvio de Abreu para tocar também os projetos de
séries, a princípio, não parecia o mais adequado. Silvio é um craque das
novelas e tem grande feeling para selecionar sinopses e lançar novos autores,
mas nunca teve experiência com seriados, que hoje estão bastante evoluídos e
contam com formatos variados. Mas Silvio recrutou Gloria Perez para auxiliá-lo,
e é a veterana novelista que analisará os novos projetos e tocará os trabalhos
da Casa dos Roteiristas, um núcleo de criação da Globo que visa o
desenvolvimento de novas séries. Apesar de também ser uma mestra das novelas,
Gloria mostrou que entende do formato seriado com a sua ótima Dupla Identidade. Por isso, espera-se
que, com Gloria e Silvio no comando, as séries da Globo consigam promover a
renovação de autores e temáticas que estão acontecendo no campo das novelas.
Vamos ver.
André Santana
2 Comentários
Espero que isso não signifique que as séries vão ficar parecidas com as novelas, rs!
ResponderExcluirAcredito que não.
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