"Minha música estará no próximo 'Axé Bahia'!" |
Estreia da semana na Globo, a novela Segundo Sol parece promissora. Após uma novela mais ambiciosa, A Regra do Jogo, que não foi muito bem
aceita por parte do público, o autor João Emanuel Carneiro resolveu apostar num
folhetim clássico, um dramalhão familiar para ninguém botar defeito. E o que se
viu na tela foi uma história com clima bastante semelhante a Da Cor do Pecado, primeira novela do
autor, exibida no horário das 19 horas em 2004. Segundo Sol tem o mesmo clima quente e colorido da história de
Preta (Taís Araújo), além de também ser focada em relações familiares.
O ponto de partida foi bem interessante. Beto Falcão (Emílio
Dantas) é um cantor de axé com a carreira em baixa, que se vê fazendo sucesso
quando é dado como morto. Ele, então, é convencido pelo irmão do mal Remy
(Vladimir Brichta) a manter a farsa e se esconder num lugar remoto. Neste lugar,
ele conhece Luzia (Giovanna Antonelli), se apaixona por ela e decide se casar e
acabar com a farsa de sua morte. Karola (Deborah Secco), sua ex-namorada e
amante de Remy, entra em cena e, com a ajuda de Laureta (Adriana Esteves), arma
um plano maléfico para separar o casal. Luzia, então, é enganada e passa a
sofrer horrores.
Segundo Sol teve uma primeira semana feliz. Os
primeiros episódios, focados na “morte” e “ressurreição” de Beto, foram bem
armados e interessantes. Foi bem divertido ver a comoção que a morte de Beto
causou, logo depois de um carnaval onde praticamente ninguém compareceu ao seu
trio elétrico. Ou seja, num instante, Beto passou do ostracismo para a fama
absoluta. A situação ficou ainda mais divertida quando apareceu um diretor de TV
mandando um programa continuar falando da morte de Beto porque estava “dando
audiência”.
Trata-se de uma situação que poderia soar completamente
absurda, se não encontrasse ecos na realidade. É possível encontrar mais de um
exemplo na vida de real de situação semelhante e, por isso mesmo, causou
imediata identificação na audiência. O autor, então, fez uma brincadeira com a
vida real para apresentar sua trama principal que funcionou muito bem. Além
disso, contou com inspirado Emílio Dantas, que vem fazendo um ótimo trabalho
como este herói meio ingênuo e imaturo, sem cair na chatice.
Passado o drama da morte de Beto, a saga de Luzia passou a
dominar a cena, revelando que é a mocinha a grande protagonista de Segundo Sol. Quando os holofotes foram
voltados para a humilde marisqueira, ganhou força a dupla de vilãs Karola e
Laureta, que envolveram a mocinha numa série de artimanhas para separá-la de
Beto e, de quebra, roubar o filho dela. Luzia, então, verá sua vida
completamente despedaçada com os planos das malvadas. Cabe também destacar o
trabalho das atrizes envolvidas: Giovanna Antonelli é uma mocinha graciosa,
Deborah Secco está ótima de menina malvada, e Adriana Esteves criou uma vilã
bem interessante, e que nada tem a ver com a Carminha de Avenida Brasil.
Paralelamente, Segundo
Sol conta a história do motorista Roberval (Fabrício Boliveira) e seu patrão Edgar (Caco
Ciocler), que são irmãos, mas não sabem disso. Eles vivem uma relação de
amizade, que é abalada pelo abismo social que os separa, e também pela chegada
de Cacau (Fabíula Nascimento), que desperta o interesse de ambos. Uma história
que também promete bons momentos.
Ou seja, Segundo Sol
é um folhetim despudorado, e na sua melhor forma. João Emanuel Carneiro
consegue, a partir de uma premissa simples, criar situações instigantes, que
vão envolvendo o espectador. Além disso, é mestre na arte de criar ganchos
(talento que fez boa parte da audiência de Avenida
Brasil, sua obra mais famosa), convidando o público a retornar no dia
seguinte. Até aqui, o convite tem sido aceito. Além disso, tem um texto limpo e
espirituoso, que não é complicado, mas, ao mesmo tempo, respeita a inteligência
do público. Passa longe do didatismo e carrega uma ironia saborosa. E que se
potencializa com a direção esperta de Dennis Carvalho e Maria de Médicis, além
da vitoriosa trilha sonora repleta de reedições de clássicos da música popular.
O clima praiano da Bahia de Segundo Sol ajuda a remeter à Da
Cor do Pecado. Sendo assim, não falta quem diga que a atual trama das nove
tenha cara de novela das sete. O que não me parece totalmente verdade. Segundo Sol lembra, sim, Da Cor do Pecado, mas se levarmos em
consideração que Da Cor do Pecado era
um dramalhão familiar repleto de relações densas, acho que o mais correto seria
dizer que Da Cor do Pecado poderia
ser uma novela das nove. Além disso, a segunda fase de Segundo Sol promete abordar prostituição, drogas e outros assuntos
mais pesados, mas sem perder de vista o folhetim, o que lhe conferirá a
musculatura de uma novela das nove.
O maior problema de Segundo
Sol é realmente a falta de representatividade. Claramente, faltam atores
negros em cena numa história passada na Bahia. Trata-se de um problema antigo
das novelas brasileiras em geral, mas que ganhou força nesta produção situada
em Salvador. O lado bom disso é que a discussão foi levantada e espera-se que,
a partir de agora, atores negros realmente ganhem mais espaço na televisão
brasileira. Já passou da hora de isso acontecer. No mais, Segundo Sol é uma novela de qualidades, que tem tudo para manter a
boa fase de audiência do horário.
André Santana
2 Comentários
Olá, tudo bem? Eu fiquei com pé atrás em relação ao Emílio Dantas para protagonizar a novela, mas ele está muito bem até aqui. Rubinho ficou lá atrás. Não há vestígios do marido da Bibi Rs... Comentarei neste domingo no meu blog sobre a nova novela. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi Fabio! Concordo contigo! Emílio Dantas surpreendeu positivamente! Está ótimo na novela! Abraço!
Excluir