Recentemente, foi notícia o fato de a Record afastar a autora Vivian de
Oliveira dos trabalhos da novela Apocalipse,
alegando atraso na entrega dos capítulos. Tal afastamento representa o ponto
final de um processo criativo marcado por turbulências, já que Vivian chegou a
declarar, logo no início da novela, que não reconhecia sua trama no ar. A
história passou por intervenções da direção da emissora (leia-se da igreja), no
intuito de aumentar o tom evangelizador da obra.
E estas intervenções foram as responsáveis pelas principais críticas
voltadas à Apocalipse, logo que a
novela estreou. Uma novela sobre o fim do mundo poderia render bastante, já que
trata de um tema bastante explorado pela ficção, normalmente com sucesso, vide
a repercussão dos “filmes-catástrofes” de Hollywood. Porém, com a novela no ar,
o que se viu foram referências negativas às religiões não-ligadas à igreja que
controla a Record, fazendo de Apocalipse
uma novela de cunho doutrinador, o que pegou muito mal.
Agora, com o afastamento definitivo de Vivian de Oliveira, Apocalipse chega à reta final perdendo
sua pouca chance de conquistar alguma atenção do público. Isso porque Vivian é
uma autora que, embora bastante ligada ao texto bíblico, tem um bom
entendimento de folhetim. Assim, mostrou-se habilidosa na construção de tramas
folhetinescas baseadas no texto sagrado, vide o sucesso de Os Dez Mandamentos. Com a saga de Moisés (Guilherme Winter), a
autora agradou tanto àqueles que são atraídos pelo tema religioso, quanto os
que apenas buscavam uma boa história para acompanhar.
Ela tentou imprimir a mesma fórmula em Apocalipse. Ao mesmo tempo em que narrava a chegada do anticristo e
a volta dos profetas, anunciando o fim dos tempos, Vivian contava a saga dos
heróis Benjamin (Igor Rickli) e Zoé (Juliana Knust), como um típico romance. No
entanto, no desenrolar da trama, o folhetim perdeu espaço para uma guerra entre
homens e máquinas, com pouco espaço para tramas que configuram uma novela.
Histórias de amor mostradas em meio à guerra, portanto, parecem bem forçadas.
Ou seja, como folhetim, Apocalipse
nunca funcionou. E sem Vivian de Oliveira encabeçando os trabalhos, não vai
funcionar.
Na realidade, toda esta celeuma reforça o que já estava bem claro: a
interferência da igreja na teledramaturgia da Record está fazendo cair por
terra o setor de novelas da emissora, que havia encontrado um rumo
interessante. Se continuar assim, a tendência é perder ainda mais público,
infelizmente.
André Santana
11 Comentários
A Record é um lixo!
ResponderExcluirA emissora tem suas qualidades, mas anda fazendo escolhas equivocadas.
ExcluirTodo o trabalho da Record em construir o setor de dramaturgia foi jogado no lixo com o fracasso de Apocalipse.
ResponderExcluirVamos ver se Jesus vai salvar a faixa de novelas bíblicas.
ExcluirOlá, tudo bem? Realmente, a doutrinação religiosa impactou negativamente Apocalipse.... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirCatólico provavelmente abandonaram essa novela....o perigo de misturar religião com TV e esse .
ExcluirNão saber separar o joio do trigo como diriam as próprias narrativas biblicas
Acho uma pena e um desperdício. Se bem trabalhado, o tema do apocalipse poderia se tornar uma ótima novela! Jogaram uma oportunidade interessante no lixo por conta desta "intervenção doutrinadora". Lamento por Vivian de Oliveira.
ExcluirMas independente da audiencia baixa no Brasil, acho que tao cedo a Record nao desistira das novelas evangelicas (nao eh mais biblicas e religiosas ne, afinal ela so propaga o evangelismo) ja que eh um sucesso fenomenal no exterior, inclusive nos EUA. Talvez a Record esteja mirando tambem no exterior. De qualquer forma, no minimo uns sete pontos de media ela tera na pior das hipoteses, seja qual for a novela evangelica, ja que esse deve ser o publico cativo. E a tarde quando a reprise esta em alta eh com seis, sete pontos. Talvez 9 e 10 pontos ja deva ser um numero minimo satisfstorio e passando dos 10 sucesso . Mas a tarde ja esta acabando q cota de novelas nao evangelicas, a nao ser que ela reprise o periodo pre Escrava Isaura onde a producao era inferior. Fico pensando ate quando Marcilio Moraes desejara ficar na emissora, tirando ele todos os autores atuais sao com pegada evangelica inclusive infelizmente a Friedman, ja que Topissima tem esse teor. Novelas com um nicho conseguem ter uma audiencia popular ? Quando veremos uma evangelica de novo com sucesso retumbante como Dez Mandamentos ? Igual as infantis do SBT , sera que conseguem um publico maior que os habituais 10~16 e 16 ja eh sucesso para o padrao da emissora ? Por que nao fazer como a Globo que reveza de temas uma hora eh espirita, outra rural, outra fantasia capa espada, outra comedia, depois um dramalhao ? Assim eh mais facil de engariar mais publico alem do publico espicifico do tema da novela. Mas a Record optou de vez por novelas evangelicas , a atual Apocalipse eh a prova que nao quer fazer mais um folhetim mesmo sendo evangelico, quer evangelico puro. Eh escolha dela. Arriscada. Pior. Vai deixar de ser novela e sim um meio de propagar o evangelismo. Deixo claro que nao ataco e respeito quem segue essa religiao, mas eh lamentavel que a e emissora se utilize do poder de uma novela pra propagar sua fe religiosa, perdendo a credibilidade
ResponderExcluirConcordo com você, Daniel! E acho que, se mantiver esta escolha de fazer novelas evangélicas, como você disse, a tendência é de queda. Os Dez Mandamentos foi um sucesso retumbante, e não era doutrinária (ou não muito). Conheci muitos católicos que adoravam a novela, e já não curtem Apocalipse. Eu sou saudoso dos tempos das novelas realistas da Record, mas, sem dúvidas, o canal achou um nicho poderoso. Mas deviam voltar, então, às "novelas bíblicas" e deixar de lado as "novelas evangélicas".
ExcluirA Record não é a única ocupada em doutrinar através de programas de televisão. O socialismo o faz de forma muito mais abrangente. Veja aqui: http://carlosliliane64.wixsite.com/magiaeseriados
ResponderExcluirBoa!
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