"Tchau, galera, estou indo para a faculdade!" |
Após incríveis um ano e sete meses no ar, a novela infantil Carinha de Anjo chegou ao fim no SBT na
última quarta-feira, 06. Mais uma adaptação de novela mexicana da emissora, a
trama cumpriu sua missão de manter o bom público das tramas para crianças e,
ainda, encher o cofrinho do canal de Silvio Santos, tornando-se uma poderosa
marca para produtos licenciados.
Carinha de Anjo teve seus méritos. O principal deles foi ter alçado
Leonor Correa ao posto de autora de novelas. A irmã de Fausto Silva e sua
equipe deram um “descanso” a Iris Abravanel, mas mantiveram o estilo adotado
pela mulher de Silvio Santos na adaptação mais “vitaminada” dos textos
originais. Em Carrossel, Chiquititas
e Cúmplices de um Resgate, Iris
Abravanel criou novos entrechos e outras tramas paralelas para atrair novos
públicos, aumentar o tom lúdico e variar as temáticas, para que não apenas a
criança, mas a família se visse envolvida em suas histórias. Deu certo.
Carinha de Anjo manteve tal estilo. A versão nacional da saga de
Dulce Maria (Lorena Queiroz) manteve intacta a espinha dorsal da trama, com a
pequena aprontando num colégio de freiras, enquanto tenta unir a noviça Cecília
(Bia Arantes) e seu pai, Gustavo (Carlo Porto). Mas a nova versão ganhou outros
personagens que deram variedade à história, ligados aos adolescentes Juju
Vlogueira (Maisa Silva) e Zeca (Jean Paulo Campos). Os dois viveram um romance
jovem que contrapunha dois universos distintos, o urbano e tecnológico (ela), e
o rural (ele).
Juntos deles, dois núcleos familiares, formados pelos sitiantes Inácio
(Eddie Coelho) e Diana (Camila Camargo), pai e madrasta de Zeca; e a família de
Juju, formada por Rosana (Ângela Dippe) e Emílio (Gabriel Miller), sua mãe e
irmão. De quebra, os novos personagens permitiram a repetição de uma dobradinha
famosa da novela Pérola Negra, um
clássico do SBT: Blota Filho e Ângela Dippe, parceiros cômicos na história de
Pérola (Patrícia de Sabrit) repetiram a parceria em Carinha de Anjo, onde ele viveu Silvestre, mordomo de Gustavo, que
era vizinho de Rosana.
No entanto, apesar dos pontos positivos, Carinha de Anjo sofreu com o esticamento desenfreado da trama.
Prevista para durar um ano, a novela teve quase o dobro disso no ar. Com isso,
a novela acabou cansando. E a culpa deste cansaço não é do texto e nem da
direção. É da edição final. Ficou bem claro, aos olhos do público, que
capítulos foram fatiados para que a trama ficasse mais tempo no ar. O uso abusivo
de números musicais e flashbacks tornou os capítulos finais verdadeiras colchas
de retalhos meio estranhas. Com isso, a novela até perdeu audiência, embora
sempre se mantivesse em patamares aceitáveis para o SBT.
Todas as novelas infantis da emissora foram bem grandes. Carrossel ficou pouco mais de um ano no
ar. Chiquititas foi ainda maior, com
dois anos de exibição. Cúmplices de um
Resgate durou mais um ano e, agora, Carinha
de Anjo emplacou mais de um ano e meio no ar. E a coisa não vai melhorar,
já que As Aventuras de Poliana, que
estreou recentemente, também tem duração prevista bem alongada: mais de 500
capítulos e dois anos no ar. Poliana,
aliás, está surpreendendo na audiência, mantendo-se sempre acima dos 15 pontos
no Ibope, o que a coloca como o maior sucesso das novelas do SBT desde a
reprise de Pantanal. Ela manterá o
fôlego por tanto tempo?
Novelas longas são um bom negócio para o SBT. Afinal, número elevado de
capítulos permite pulverizar os custos de produção, e se encaixa bem no método
de gravações da emissora, que costuma ter uma frente bem grande de capítulos.
Mas o “negócio da China” descoberto pelo canal esbarra na qualidade do produto
final, que fatalmente será afetado. Carinha
de Anjo foi uma novela de inúmeras qualidades e, portanto, merecia sair do
ar por cima. Seu final deveria deixar saudades, e não provocar alívio.
André Santana
2 Comentários
Olá, tudo bem? A versão original deu um banho na nacional.... Não tem comparação... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirEu assisti a versão original na reprise e gostei muito! Mas também achei muito bem feita a versão nacional.
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