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O Tempo Não Para, nova novela das sete da Globo,
causou a melhor das impressões em sua primeira semana de exibição. A novela de
Mário Teixeira trouxe de volta o colorido e o bom humor tradicional do horário
das sete, mas também trouxe algo de diferente à faixa. Mesmo que trazer
personagens de outras épocas ao tempo presente não seja algo realmente novo, a
abordagem ainda soa como novidade, ainda mais numa novela. E, ao trazer uma
família do século 19 acordando nos dias de hoje, O Tempo Não Para cria um universo cheio de possibilidades, que
permite uma crônica de costumes inteligente.
O primeiro capítulo já foi bastante eficiente no sentido de
mostrar que O Tempo Não Para é uma
divertida brincadeira. O episódio explorou o contexto histórico da família
protagonista, e conhecemos toda a família Sabino Machado, encabeçada por Dom
Sabino (Edson Celulari) e Agustina (Rosi Campos), e também seus filhos,
empregados e escravos. Com humor e leveza, o primeiro episódio explorou muito
bem a diferença dos costumes do ano de 1886, funcionando como um prólogo
interessante.
Marocas (Juliana Paiva), a indefectível mocinha à frente do
seu tempo, mostrou a que veio. Envolvida num escândalo por se deixar ser vista
com as roupas de baixo, ela provoca uma reação intempestiva do pai. Ele, por
sua vez, tenta regatar a honra da família. Com esta situação até banal, o autor
Mário Teixeira conseguiu explicar ao público, de maneira ágil e envolvente,
como funciona a cabeça do clã. Trata-se de uma informação fundamental para que
todo o universo ficcional da novela se estabeleça.
O primeiro capítulo de O
Tempo Não Para não caiu na armadilha de querer apresentar todos os
personagens de uma vez. Praticamente todo o episódio se passou em 1886, e teve
como protagonistas apenas os Sabino Machado. Somente quando eles partem no
navio que se choca com um iceberg e todos eles são congelados, a trama chegou
aos dias de hoje. E apenas o mocinho Samuca (Nicolas Prattes) foi apresentado
no “presente” no episódio de estreia.
O segundo capítulo, portanto, seguiu a cartilha do que seria
o primeiro, com a apresentação dos personagens do “tempo presente”. A sequência
se deu com os desdobramentos acerca da notícia de que um bloco de gelo com
pessoas congeladas surge no litoral paulista. O frisson reverbera em todos os
núcleos da trama, incluindo uma clínica especializada em criogenia. Também
conhecemos a família de Samuca, como sua mãe Carmen (Christiane Torloni), sua
noiva Betina (Cleo) e as pessoas que trabalham com ele em sua empresa. Jovem e
moderno empresário, Samuca levanta a bandeira do meio-ambiente.
A semana foi concluída com Marocas sendo acolhida por
Samuca, enquanto Dom Sabino desperta e vai parar na casa de Eliseu (Milton
Gonçalves), explorando a reação de ambos acerca do mundo moderno que ainda não
conhecem. Isso deu margem a uma série de situações cômicas e inusitadas,
mostrando que o plot da nova história é realmente poderoso. Sobretudo nas falas
de Dom Sabino, que não entende que Eliseu não é um escravo e os carros não são
movidos a vapor. Tais sequências surgiram recheadas de falas afiadas e muito
divertidas.
O mais interessante da proposta de O Tempo Não Para é que a novela resgata elementos comuns ao horário
das sete, como a leveza e o humor. Depois da soturna Deus Salve o Rei, trata-se de uma mudança bem-vinda. Porém, apesar
de ser uma típica comédia das sete, O
Tempo Não Para parece querer fugir do humor infantil e da superficialidade
característicos dos últimos sucessos do horário.
Novelas como Alto
Astral, Totalmente Demais, Haja Coração e Pega Pega fizeram sucesso, mas foram tramas praticamente à prova de
erros. Humor fácil e trama sem grandes arroubos de criatividade, estas novelas
foram passatempos eficientes, mas sem pretensões. Dos últimos sucessos do
horário, apenas Rock Story fugiu da
regra, com um texto mais maduro e humor mais sutil. O Tempo Não Para, portanto, resgata a comédia, mas o faz com classe
e com certa pretensão. Há um subtexto interessante na proposta da trama, que
permite escancarar onde a humanidade evoluiu e onde regrediu com o passar dos
anos. Por isso mesmo, promete.
André Santana
4 Comentários
Olá, tudo bem? Eu adorei a semana de estreia de O Tempo Não Para. Comentarei hoje no meu blog. O enredo é o grande chamariz da nova aposta da TV Globo. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirEstou adorando a novela!
ExcluirEu não tinha expectativa nenhuma pra essa novela, e não pretendia acompanhar nem o primeiro episódio, porém, na estreia, após o jornal local, deixei a tv ligada por puro comodismo e, quando me dei conta, já estava fisgado e acompanhei todos os capítulos da semana. Juliana Paiva, como sempre, está ótima e sua personagem é divertidíssima. Edson Celulari também está muito bem. De negativo, alguns diálogos que pecam pelo didatismo e a interpretação com um quê de psicopatia de Nicolas Prattes.
ResponderExcluirMinhas expectativas eram boas em razão da história inusitada. E elas se confirmaram. Ótima novela!
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