"Amor, por que diabos você está sempre contemplando o horizonte?" |
Com o sucesso de Escrito nas
Estrelas, primeira novela de Elizabeth Jhin baseada na temática de vidas
passadas, a autora prometeu uma “trilogia espírita”. Vieram, então, Amor Eterno Amor e Além do Tempo, duas tramas cujo mote era a reencarnação. Se Amor Eterno Amor não chamou tanta
atenção (embora não tenha sido um fiasco), Além
do Tempo elevou a obra da autora a um novo patamar. Ao fazer uma novela
dividida em duas, narrando dois tempos distintos, Elizabeth construiu uma trama
primorosa, que fez bom uso dos elementos típicos de folhetim e usou o pano de
fundo espírita com eficiência e originalidade.
Passadas as três novelas da “trilogia espírita”, Elizabeth Jhin parece
mesmo ter se apaixonado pelo tema e tratou de oferecer uma nova história sobre
vidas passadas (aliás, vale lembrar que ela foi colaboradora de Walther Negrão
em Anjo de Mim, que também falava de
reencarnação). Em Espelho da Vida, a
autora volta ao assunto e, mais uma vez, de um jeito diferente. Em Escrito nas Estrelas, ela mostrou um
espírito influindo na vida terrena; em Amor
Eterno Amor, havia um homem se encontrando com um amor de vidas passadas; e
Além do Tempo mostrava duas vidas de
um mesmo grupo de almas em épocas distintas, seus carmas e suas missões. Agora,
em Espelho da Vida, a narrativa foca
duas épocas simultaneamente, por meio de uma espécie de “viagem no tempo”.
Na trama, a mocinha Cris (Vitória Strada) é levada à Rosa Branca pelo
namorado, o cineasta Alain (João Vicente de Castro). Ali, enquanto o amado é
levado a confrontar problemas passados, ela sente que já conhece o local. É
quando ela se vê envolvida com a história de Julia Castelo (Vitória Strada),
cuja história deve virar um filme protagonizado por ela. Aos poucos, ela percebe
que foi Julia numa vida passada, e passa a investigar os mistérios que levaram
ao assassinato da moça.
Nestes primeiros capítulos, três mulheres se destacaram positivamente em Espelho da Vida. Vitória Strada, a
mocinha Cris, mostra uma imensa segurança em cena, mesmo encarando sua segunda
novela das seis (e sua segunda mocinha). Ela conseguiu se desvencilhar de Maria
Vitória de Tempo de Amar e esbanja
carisma em cena. Nem parece a segunda opção para o papel, tendo em vista que
ela assumiu a personagem em razão da gravidez de Isis Valverde.
As outras mulheres são Alinne Moraes e Irene Ravache. A primeira vive a
antagonista Isabel, que tem um passado com Alain e deve ser a pedra no sapato
de Cris. Em poucas cenas, Alinne já disse a que veio, revelando um certo
desequilíbrio da jovem com gestos curtos e olhar impactante. Já Irene vive
Margot Dutra, esposa de Vicente (Reginaldo Faria), o avô do mocinho Alain. A
personagem teve cenas emocionantes no episódio de estreia, seja lamentando a
doença do amado, seja se esforçando para trazer o neto dele à cidade de Rosa
Branca para se despedir.
O elo mais fraco deste início de novela foi João Vicente de Castro. O
ator não convenceu como o mocinho Alain, um cineasta que parece meio distante
da família. João fez um mocinho entediado e sem vida, com tom de voz e gestual
monótonos. Pode ser que Alain decole quando o ator adquirir mais segurança,
mas, até aqui, ele parece deslocado na função. Há quem diga que Alain pode se
tornar vilão no decorrer da trama. De repente, sua aparente apatia faça mais
sentido mais adiante. Vamos ver.
Por outro lado, o fato de o mocinho ser um cineasta pode dar um tempero
especial à Espelho da Vida. A trama
vai mostrar o desenrolar das filmagens do filme sobre Julia Castelo, e o
cotidiano no set será um dos panos de fundo da obra. Não chega a ser um plot
original (Roque Santeiro também fez
uso deste expediente), mas traz uma vida nova à abordagem das vidas passadas
presente na obra de Elizabeth Jhin. Além disso, a temática permite brincadeiras
com a realidade, como foi visto na sequência da entrega do prêmio a Alain na
estreia. As presenças de Ingrid Guimarães, Juliana Paes e José Loreto vivendo
eles mesmos foram divertidas.
Espelho da Vida marca a estreia de Pedro Vasconcelos como diretor artístico
numa novela. E o ex-ator mostra uma mão segura, abusando de grandes sequências,
cortes inteligentes e mostrando na tela uma fotografia deslumbrante. Traduz com
muita competência o texto maduro de Elizabeth Jhin, que conhece a carpintaria
do folhetim como poucas. A autora arma boas situações e as amarra muito bem,
oferecendo uma novela bastante fiel ao gênero. Em sua sequência de novelas das
seis, a autora mostra que conhece bem o público ao qual escreve e consegue
estabelecer um diálogo direto com ele. E, por conta destas qualidades, Espelho da Vida teve uma primeira semana
bastante promissora.
André Santana
5 Comentários
Olá, tudo bem? Eu lembro do Pedro Vasconcelos como ator de novelas. E era muito bom. A faixa das novelas das seis serve para experiências, mas eu não apostaria em João Vicente de Castro.....Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi Fabio! Também me lembro do Pedro ator, e era bom mesmo! Lembro dele como promessa de galã, e também como galã da Angélica em Bambuluá (que ele dirigia também). É um ótimo profissional. Abraço!
ExcluirÉ uma boa novela, deveras, como diria um dos congelados, gosto demais da autora e do tema retratado, pena que já está sendo prejudicada pela péssima entrega da dupla Belíssima, que alias, não é uma novela ruim, mas vendo pela primeira vez, não enxergo nela qualidades para ter feito o sucesso que fez na versão original, não é uma novela impactante, e voltando ao assunto está sendo prejudicada também por Malhação Vidas Rasas Brasileiras, que é um panfleto ambulante, está mais preocupada em discutir todos os temas de forma rasa do que entreter, uma das temporadas mais chatas dos últimos tempos, empata com Malhação Casa Cheia, que por coincidência era da mesma autora. Mas Espelho da vida enfrentará ainda o horário de verão, festas de fim de ano e etc, mas acho que mesmo não tendo uma média alta ele tem todo potencial para segurar uma média satisfatória.
ResponderExcluirOi Gilmar. Por tudo isso que você disse, acho que Espelho da Vida tem ido bem, não? A audiência está satisfatória, mesmo com todas estas adversidades.
ExcluirSim, está satisfatória, mas se tivesse um vento a favor poderia estar rendendo mais, é neste sentido que falei, mas sem dúvidas está bem sim.
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