Hoje, 27 de setembro de 2018, a Record completa 65 anos de existência. Mais antiga dentre as principais redes de TV em operação no Brasil, a emissora chega a esta idade dividida em dois tempos distintos: a “Record original”, da família Machado de Carvalho, e a “Record de hoje”, nas mãos do bispo Edir Macedo. Por conta destes dois momentos, a emissora pode se dar ao luxo de exaltar duas histórias: a dos tempos dos festivais de música e programas de humor, e dos tempos da programação popular, com novelas, jornalísticos e auditório.
Apesar do passado de glórias e dos acertos quando precisou se reerguer e se restabelecer, a Record (que agora cisma em ser chamada de RecordTV) chega aos 65 anos numa fase em que tem pouca coisa a se comemorar. Sua atual grade de programação é uma das mais fracas de sua história. O que é triste, se levarmos em consideração todo o trabalho feito no sentido de tornar a emissora mais competitiva. O canal jogou fora aquela estratégia da qual vinha colhendo frutos e empobreceu sua programação.
Sua dramaturgia, que era a menina dos olhos da emissora entre 2004 e 2010, hoje busca novo lugar ao sol. Após descobrir o caminho das pedras nas novelas bíblicas, graças ao sucesso de Os Dez Mandamentos, a Record vem penando para voltar aos tempos de Moisés. A atual aposta, Jesus, não vem empolgando, embora esteja se saindo melhor que sua antecessora, Apocalipse. Além disso, a emissora vem mantendo um número elevado de reprises, com reexibições de Luz do Sol, Essas Mulheres e A Terra Prometida. As tramas “não-bíblicas” fazem falta: depois de derrapar com Máscaras, Balacobaco e Vitória, a emissora ensaiou um bom retorno ao sucesso com Escrava Mãe, mas não se sustentou após o fiasco de Belaventura.
Além disso, sua linha de shows nunca esteve tão pobre. A Record reservou seu horário nobre ao rodízio de reality shows, mas exibe os mesmos Power Couple, A Fazenda e Dancing Brasil há algum tempo. A única novidade da temporada foi Canta Comigo, de desempenho mediano. Não que estes produtos sejam ruins, mas parece pouco para uma linha de shows. Faltam programas de variedades, jornalismo ou dramaturgia seriada. E falta também planejamento entre um programa e outro. Quando Power Couple chegou ao fim, a emissora se viu obrigada a recorrer a reprises para tapar o buraco até a estreia de A Fazenda. Complicado.
No jornalismo, a emissora tem erros e acertos. Seu principal produto, o Jornal da Record, perdeu relevância nos últimos tempos. Falta um diferencial e um horário de exibição mais adequado. Por outro lado, a emissora viu no jornalismo popular uma vocação, no qual coleciona sucessos. O Balanço Geral e o Cidade Alerta são acertos neste sentido. Mas, como se vê, são poucos acertos e muitos erros. Falta criatividade e ousadia na Record de hoje. Falta aquela vontade de vencer que o canal ostentava até pouco tempo atrás. Fica, então, os desejos de aniversário para que a emissora volte à briga de fato e diga a que veio.
André Santana
6 Comentários
"...a emissora chega a esta idade dividida em dois tempos distintos: a “Record original”, da família Machado de Carvalho, e a “Record de hoje”, nas mãos do bispo Edir Macedo." Acho que isso resume a diferença de uma época e outra.
ResponderExcluirNão há dúvidas de que são duas Record, rs!
ExcluirQuando criança assisti muito a Record,em 1995 ,1996 1997
ResponderExcluirEra uma emissora simples porém com boas atrações principalmente para a criançada : o agente g ,Tarde Criança com mariane ,zorro ,o mundo de bikmam,Mara Maravilha ,super Vick (kk)
Saudade dessa época !
A Record poderia voltar a se chamar Rede Record ,acho melhor do que Record tv ,hj essa emissora se tornou Mesquinha e paga o preço por isso
Caio, quando a Record voltou a ser transmitida no meu município, eu levei um susto, pois dei de cara com o Gerson de Abreu no horário nobre! Eu era fã dele no X-Tudo e não sabia que ele tinha deixado o programa para fazer o Agente G. Aí via o programa religiosamente, toda noite! Pouco depois descobri as séries, o Tarde Criança, e até a Ana Maria Braga! Eu adorava ver o começo do Note e Anote, com a disputa de "pegadinhas" entre Ana e Louro. Enfim, tenho boas lembranças da Record dos anos 1990, assim como você.
ExcluirTanto Adriane Galisteu qto Claudete Troiano fizeram errado ao deixar a Record nos anos 2000
ResponderExcluirNenhuma das 2 competentes apresentadoras conseguiram sucesso e estabilidade em outras redes grandes para quais se mudaram (leia se SBT e Band para as duas )
Ambas já disseram que se arrependeram de sair da Record na época
Pois é, e no caso da Adriane foi um erro bem crasso. Ela disse que tinha aceitado ir para o SBT porque a emissora era a vice-líder, e daria mais condições de ela ser líder de audiência, que era seu sonho. Mas assim que ela deixou a Record, a Record virou o jogo e se tornou a segunda, enquanto o SBT estava em crise. Ela não soube perceber esta mudança de cenário e pagou o preço por isso.
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