"E não é que eu sou um bom animador?" |
Nos anos 1990 e 2000, o SBT era referência em programas de
auditório. Havia atrações para todos os gostos, comandados pelos principais
animadores do país. Isso porque o SBT foi criado a imagem e semelhança de seu
dono, Silvio Santos, uma referência em programas de auditório. Os auditórios
ocupavam as tardes, a linha de shows e os domingos, sempre com uma plateia animada
e participativa. Lembra que, em 1997, só haviam auditórios na linha de shows do
canal? Hebe às segundas, Márcia às terças, Alô Christina às quartas, e Concurso
de Paródias às quintas-feiras. Bons tempos...
Paralelamente, a Globo não era referência no segmento. O
canal sempre exibiu auditórios, sobretudo aos finais de semana, mas, durante
anos, eles não apareciam na linha de shows, normalmente dedicada à dramaturgia,
humor, esporte e jornalismo. Mas, hoje, isso mudou. Os auditórios do SBT, com
exceção de Ratinho, Raul Gil e Silvio Santos, perderam força; enquanto isso, a
Globo abriu espaço para eles na linha de shows. Amor & Sexo, que estreou em 2009, foi o primeiro programa de
auditório da linha de shows da Globo em anos, e a atração de Fernanda Lima abriu
o caminho para que o The Voice Brasil
também se estabelecesse.
Aí chegamos ao ano de 2018, quando a linha de shows da Globo
nunca esteve tão variada. Normalmente, a emissora vinha exibindo dobradinhas de
séries às terças e quintas, promovendo um excesso de dramaturgia. Agora, com o
fim do The Voice, as séries ficaram
restritas ao primeiro horário após a novela destes dias. No segundo horário, os
cartazes são programas de auditório. Amor
& Sexo retornou para a mais politizada de suas temporadas, enquanto
Lázaro Ramos debuta como animador às quintas, no comando do divertido Os Melhores Anos de Nossas Vidas.
No primeiro episódio desta temporada, Amor & Sexo falou sobre um pouco de tudo. Houve espaço para
discutir diversidade sexual, liberdade de ideias, homossexualidade,
objetificação do corpo, machismo, racismo, feminismo, assédio, entre tantos
outros temas importantes. E, num momento político em que muitos destes temas
estão em discussão, Amor & Sexo
surpreendeu ao assumir um lado. Os discursos de Fernanda Lima e seus convidados
deixam claro que a atração se coloca como um instrumento a favor da liberdade e
contra a censura e a hipocrisia. Uma missão louvável, pois leva para a
conservadora plateia da TV aberta um debate corajoso sobre assuntos que incomodam
muita gente. E o desafio, neste caso, é se fazer entender.
Por conta disso, Amor
& Sexo acaba soando didático ao extremo para alguns. E é verdade. Mas
isso é importante. Afinal, o programa trata de assuntos espinhosos e pouco
discutidos para uma plateia muito heterogênea. O didatismo, portanto, é uma
maneira de se alcançar o maior número possível de pessoas. Além disso, o
programa alivia o debate sério com comentários espirituosos e brincadeiras no
palco que sempre divertem. Ao final do episódio, sempre fica a sensação de que,
além de divertir, o programa provocou alguma reflexão. E provocar, nestes
tempos em que o retrocesso bate à porta, é uma missão um tanto quanto nobre.
Já Os Melhores Anos de
Nossas Vidas é pura diversão. É um programa de auditório “raiz”, cujas
atrações atingem direto a memória afetiva do público. No programa de estreia,
Ingrid Guimarães e Lúcio Mauro Filho lideravam os anos 1990 e 1980, buscando
mostrar qual das épocas foi a melhor. Assim, o que se viu em cena foram
momentos icônicos destes momentos, na música, na TV, no cinema e no jornalismo.
O regate dos elementos característicos destas épocas atingiu direto quem viveu
estes tempos, daí a boa resposta da plateia e do público de casa.
O único problema foi o excesso de roteiro em algumas
situações. Ingrid Guimarães divertiu ao “levar a sério” a competição,
disparando tiradas e alfinetadas contra os anos 1980 o tempo todo. No entanto,
muito do que foi visto no embate entre Lúcio Mauro Filho e a atriz era
claramente roteirizado. Faltou um pouco mais de improviso em cena, para que a
batalha entre as décadas passe verdade ao público. Mas nada que tenha
prejudicado a atração, que fluiu muito bem.
Outro ponto negativo é o horário tardio da atração. O
programa é uma diversão familiar, que combina bem mais com as tardes de sábado
ou domingo. Exibido na madrugada de quinta para sexta-feira, Os Melhores Anos de Nossas Vidas alcança
uma plateia mais restrita e adulta. Plateia esta que está dividida entre A Praça É Nossa, do SBT, e A Fazenda, da Record. Não é uma batalha
fácil. Por mais que nostalgia seja algo mais “adulto”, Os Melhores Anos de Nossas Vidas tem um apelo que poderia agradar
as pessoas de menos idade também. Sendo assim, poderia perfeitamente estar no
rodízio de formatos que a Globo tem promovido nas tardes dos finais de semana.
Mas, independentemente disso tudo, o interessante é notar o
quanto canais como Record e SBT se “esqueceram” de como fazer um programa de
auditório legítimo. Enquanto isso, a Globo começa a “pegar o jeito”, apostando
inclusive em formatos que são a cara do SBT. Basta lembrar de Quem Quer Ser um Milionário e Show dos Famosos, que já tiveram versões
no canal de Silvio Santos. E alguém aí percebeu que Os Melhores Anos de Nossas Vidas parece um programa que o dono do
Baú comandaria?
André Santana
4 Comentários
Olá, tudo bem? Eu sinto saudades eternas do Alô Christina kkkkkkkkkkkk.... Sobre o novo programa do Lazaro Ramos: confesso que ainda não assisti. Acompanhei o duelo entre Nadja e Ana Paula em A Fazenda 10. Rs... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi Fabio! Alô Christina era maravilhooooosooo, também sinto saudades, hehehehe! Abraço!
ExcluirComo sou fã mesmo da Angélica ,e quero a sua volta logo as telinhas ,acho que ela SOZINHA poderia comandar esse game
ResponderExcluirMuito estranho pois Angélica se encaixaria em vários programas disponíveis esse ano ,vamos aguardar pra ver !!
Sem dúvidas. Angélica apresentaria o Popstar ou o Melhores Dias com o pé nas costas. Vamos ver o que a Globo reserva a ela.
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