"Olá, classe!" |
No dia 05 de fevereiro de 1990, a TV Cultura lançava um novo programa infantil que se tornaria uma grife e um dos principais sucessos de sua história. Neste dia estreava Rá-Tim-Bum, uma parceria com a FIESP e o SESI-SP, com roteiro escrito por Flávio de Souza, Cláudia Dalla Verde, Bosco Brasil, Mário Teixeira e Dionísio Jacob, e direção-geral de Fernando Meirelles.
Rá-Tim-Bum tinha um formato bastante moderno e arrojado, criando uma nova linguagem na programação infantil da TV brasileira. Era uma espécie de “colcha de retalhos”, com uma sucessão de quadros divertidos que traziam em seu conteúdo noções didáticas para crianças pré-escolares, explorando temas como higiene pessoal, ecologia, cidadania, Português e Matemática. Com personagens carismáticos e roteiro esperto e divertido, Rá-Tim-Bum tinha a proposta de educar brincando.
O programa sempre iniciava na sala de uma casa onde uma família se reunia para assistir ao Rá-Tim-Bum. Eva (Grace Gianoukas) e Luis (Roney Facchini), junto com seus filhos Ivo (João Victor d’Alves) e Lia (Pamella Domingues), viviam típicas situações familiares, ao mesmo tempo em que assistiam ao programa e interagiam com vários de seus quadros.
E, na TV, vários personagens se revezavam em esquetes divertidos e com alto conteúdo didático, como a matrona Cacilda (Eliana Fonseca), o maníaco por limpeza Euclides (Carlos Moreno) e o esperto (“pero no mucho”) detetive Máscara (Paulo Contier). Enquanto Cacilda se divertia ensinando boas maneiras, Euclides estava sempre a desafiar a cobra Silvia (Helen Helene) a desvendar enigmas. Já Máscara estava sempre envolvido em investigações, contando com a ajuda da audiência para desvendar seus mistérios.
Outro quadro clássico era o Jornal da Criança, apresentado pelo fantoche Arinelson (Márcio Ribeiro), com reportagens de Darlene Rocha (Helen Helene), e as intervenções do cameraman Zé (Wandi Doratiotto), que sempre trazia assuntos variados. Enquanto isso, os alienígenas Zero (Luís Henrique, também conhecido como Mamma Bruschetta) e Zero Zero (Ricardo Corte Real) estavam sempre sobrevoando a Terra em busca de objetos com cores diferentes. Já a menina Nina (Iara Jamra) não perdia a oportunidade de contar histórias sobre sua família, embora nunca tenha explicado porque sua boneca Careca era careca. Havia também a Família Teodoro, que propunha brincadeiras com o corpo, e a Esfinge (Norival Rizzo), sempre com enigmas para as crianças responderem.
E mais: a fada Dalila (Jéssica Canoletti) fazendo mágicas e falando sobre natureza em sua floresta encantada; o Como se Faz, com raps que ilustravam como várias coisas eram feitas; o Doutor Barbatana (Marcelo Mansfield) e Suas Sereias de Água Doce, que passavam noções de palavras antônimas; o Professor Miguilim (Luciano Ottani), que desafiava os personagens do programa com suas pesquisas científicas; a Branca de Neve, que dava noções de números contando os anões que a acompanhavam; o pinguim pianista (Theo Werneck) com suas canções; os porquinhos que cantavam e passavam noções de higiene pessoal; os contadores de história Arthur Kohl e Helen Helene, que usavam objetos para contar suas histórias; e os peixinhos do aquário, que viviam aventuras.
No entanto, um dos mais lembrados personagens do Rá-Tim-Bum é o Professor Tibúrcio, vivido por Marcelo Tas. O professor, com seu jeito peculiar, ensinava à sua classe lições diversas, sempre de um jeito bem divertido. E, permeando toda a atração, havia o Senta Que Lá Vem História, que trazia uma historinha diferente todos os dias.
Com tantos personagens, um elenco numeroso e cheio de medalhões, uma direção arrojada e um roteiro esperto, Rá-Tim-Bum fez história na TV Cultura, tendo chegado à marca de 192 episódios. O sucesso levou o programa a se tornar uma grife, fazendo surgir duas séries “derivadas”: o Castelo Rá-Tim-Bum, que fez ainda mais sucesso que seu antecessor; e a Ilha Rá-Tim-Bum, que vinha com uma proposta mais infanto-juvenil e não repetiu o sucesso dos programas anteriores. Além disso, Rá-Tim-Bum se tornou o nome do canal infantil da TV Cultura, a TV Rá-Tim-Bum, que produziu outros programas com o nome, como Teatro Rá-Tim-Bum.
O programa contava ainda com uma graciosa abertura, que mostrava uma sequência de eventos conhecida como Máquina de Rube Goldberg. Tratava-se de uma parafernália movida por um ratinho numa esteira, que dava o start numa sequência de acontecimentos que terminava quando um peso caía sobre um soprador, que apagava velas sobre um bolo de aniversário. Outra curiosidade era que a abertura do Jornal da Criança contava com o tema musical de De Volta Para o Futuro, que foi utilizado até 1992 no Jornal da Cultura.
O infantil colecionou prêmios, nacionais e internacionais, como Medalha de Ouro do Festival de New York como Melhor Programa Infantil, o Prêmio APCA de Melhor Programa Infantil, o Troféu Criança 1990 da Fundação Fundação ABRINQ pelos Direitos das Crianças e o Melhor do Ano do Caderno 2 do jornal O Estado de S. Paulo.
Rá-Tim-Bum foi produzido entre 1990 e 1994, e foi reprisado durante anos pela própria Cultura, e também pela TV Brasil e pela TV Rá-Tim-Bum. Está fora do ar na TV Cultura desde 2009, mas teve um episódio reapresentado dentro do Quintal da Cultura, em 2014, em razão do aniversário de 45 anos da emissora.
André Santana
3 Comentários
Um ótimo programa sem dúvidas ,a geração de hoje não tem esse privilégio que nos tivemos ! Obrigado tv cultura por ter feito parte da minha infância com tantos programadas bons
ResponderExcluirGosto muito desses seus artigos e bstizei de Bons Tempos !!rs
Bons tempos! Boa! Sempre relembraremos de coisas legais da TV por aqui, fique ligado!
ExcluirOpa, agradeço a contribuição, João Paulo! Eu amava Rá-Tim-Bum, não perdia um! Descobri que o Euclides era o Garoto Bombril quando vi uma entrevista com ele numa revista do Tiny Toon, que a editora Globo publicava no início dos anos 1990! Hehehe... Cheguei a confundi-lo com o Cassio Scapin quando a Cultura começou a veicular as primeiras chamadas do Castelo. Mas depois vi que o nome do ator era diferente. Coisas de criança, rs!
ResponderExcluir