Super Joana |
Com quase três anos de atraso, o SBT lançou na noite da
última quarta-feira, 06, a
segunda temporada de A Garota da Moto.
A coprodução entre o canal de Silvio Santos e a Mixer chamou a atenção em 2016,
quando se mostrou um produto destoante da teledramaturgia tradicional da
emissora. Com boa audiência e boa repercussão, a série ganhou uma tardia
segunda leva. No entanto, seu retorno se mostrou um tanto mais pobre que a
primeira safra. Alguma coisa se perdeu nestes anos de hiato.
A Garota da Moto conta a história de Joana (Chris
Ubach), uma motogirl que enfrenta a fúria da vilã Bernarda (Daniela Escobar).
Isso porque, no passado, Joana se envolveu com o marido da dondoca, sem saber
que ele era casado, e acabou engravidando dele. Agora, Bernarda dedica sua vida
a tentar matar a motogirl e seu filho, para ser a única herdeira do patrimônio
familiar. Após muitos planos mirabolantes, Bernarda é presa, e é da cadeia que
a segunda temporada começa.
Mesmo encarcerada, Bernarda segue com seu plano de eliminar
Joana. Para isso, ela se une à Naomi (Ana Flavia Cavalcanti), líder de um grupo
de bandidos. Além disso, Joana ainda terá que enfrentar Alex (Erom Cordeiro),
um stalker com motivações obscuras. Ou seja, não faltam problemas para a
heroína nesta segunda temporada de A
Garota da Moto.
A Garota da Moto já teve uma primeira temporada
bastante calcada no folhetim. Os personagens não têm nuances, e o bem e o mal
são bem claros. Além disso, apesar dos poucos personagens, a série é dividida
em pequenos “núcleos”, outra característica típica de novela. Há momentos
pretensamente cômicos e cenas de ação e aventura, que equilibram o clima pesado
da trama central.
No entanto, as características folhetinescas foram elevadas
à potência máxima na nova safra. Com Bernarda presa e a chegada da nova vilã
Naomi, a perseguição à Joana e seu filho ganha contornos bem mais maniqueístas,
com pouco espaço para sutilezas ou subjetividades. O roteiro, apesar de
honesto, é mais raso que numa série convencional, sem se ater aos perfis
psicológicos dos personagens. E há ainda a equivocada narração das
protagonistas. Joana e Bernarda aparecem falando diretamente ao público, explicando
tudo o que o espectador já viu ou entendeu. Trata-se de um recurso narrativo
desnecessário que empobrece o enredo. Em suma, a história é oferecida
“mastigada” ao público.
Além disso, a produção em si parece ter perdido qualidade.
Na primeira temporada, A Garota da Moto chamou
a atenção pela boa fotografia, com cenários e iluminação mais convincentes do
que costumamos ver nas novelas do SBT. Nesta nova leva, tudo soa mais fake.
Havia ainda bons takes de câmeras e boas cenas de ação. O que não se viu nesta
reestreia. As cenas de luta extremamente coreografadas não convenceram ninguém.
Se a história não traz nada de novo, ao menos A Garota da Moto está bem servida de
atuações. Chris Ubach é uma heroína correta, e Daniela Escobar dá credibilidade
à sua vilã um tanto rasa. Além disso, a atual temporada conta com a presença de
Ana Flavia Cavalcanti, uma grata surpresa de Malhação – Viva a Diferença, trama na qual deu vida à idealista
diretora Dóris.
E ainda, há a participação de Adriana Lessa, que viverá a delegada
Ferreira. Com o atraso na exibição da segunda temporada de A Garota da Moto, a atriz pode ser vista em duas produções inéditas
ao mesmo tempo, já que está no ar também em O
Sétimo Guardião, na Globo.
No mais, apesar das falhas, A Garota da Moto tem um trunfo incontestável: ela dialoga bem com o
público do SBT. O fato de ela abrir espaço às produções independentes e, de
quebra, ampliar o leque de opções da teledramaturgia do canal já coloca a série
num lugar de destaque. A experiência é sempre válida.
André Santana
4 Comentários
Olá, tudo bem? Não vejo problema algum de seguir um roteiro de telenovela. Eu adoro acompanhar boas novelas. Não sigo essa linha de série ser um produto "mais nobre", mais "descolado" e blablablá. Comentarei hj no meu blog sobre A Garota da Moto. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirOi Fabio! Deixa eu deixar claro uma coisa: em nenhum momento eu disse que série é um produto mais nobre que novela. Há, sim, muitas séries de texto raso e maniqueísta, assim como há novelas de texto mais elaborado. O que eu disse é que A Garota da Moto está seguindo formato de novela, com núcleos paralelos e outras narrativas que são características de folhetim, e não de série. Afinal, os dois produtos têm características distintas. Foi isso que eu quis dizer. Abraço!
ExcluirEae André. Vi pouca coisa da garota da moto ontem e senti vergonha alheia, roteiro fraco.
ResponderExcluirSim, bem fraquinho.
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