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Em 2009, depois de uma das negociações mais barulhentas da
TV brasileira, Gugu Liberato deixou o SBT, casa que o inventou, rumo à Record.
Com isso, a emissora de Silvio Santos teve em mãos um abacaxi: dar continuidade
ao Domingo Legal sem a sua estrela.
Não era tarefa fácil, tendo em vista que Domingo
Legal e Gugu eram praticamente uma coisa só. Entre os altos e baixos da
história da atração, o fato é que o dominical era o “Programa do Gugu”.
Substituí-lo, portanto, era uma tarefa ingrata e quase impossível.
E foi isso que aconteceu. Na época, chegaram a defender o
fim do programa. No entanto, muitos torciam para que Celso Portiolli assumisse
a atração. O apresentador, que esteve à frente de tantos programas no SBT,
formou uma plateia cativa, que torcia para que Celso conquistasse mais espaço
na grade. Ele, já havia alguns anos, estava sendo subutilizado. Ou seja, na
cabeça dos “sbtistas”, era ele o substituto natural de Gugu e o nome certo para
dar continuidade ao Domingo Legal,
que, goste-se ou não, é fato que se trata de uma marca poderosa do SBT. E a
direção do SBT acatou o pedido do público e recrutou Celso para mais esta
missão.
Porém, como era previsto, a troca não foi fácil. Celso
Portiolli pegou para si um programa que já vinha sofrendo com uma crise de
criatividade sem precedentes, com poucos quadros realmente relevantes. Além
disso, boa parte da atração era calcada na “emoção”, algo estranho para o novo
apresentador, mais acostumado a tratar de pautas mais alegres. Sendo assim, Domingo Legal passou uns bons anos
tateando qual seria o melhor rumo a ser tomado.
Vieram então muitos quadros sem grande elaboração, como os
famigerados Piscina de Amido e Afunda ou Boia. Veio também a exploração
de “histórias de superação”, claramente inspiradas no Domingo Show da Record. Uma das poucas boas ideias que surgiu neste
período foi a transformação do Passa ou
Repassa em quadro do programa. O game foi o primeiro programa que Celso
apresentou no SBT. Ou seja, era a cara dele. Além disso, é um formato que tem
certa elaboração e ritmo. Em suma, um formato que funciona.
Estava aí, então, um rumo que poderia ser adotado pelo Domingo Legal. Porém, a direção do
programa levou mais alguns anos para se inspirar neste retorno do Passa ou Repassa e recorrer a outros
quadros que tinham mais a ver com o perfil de Celso Portiolli. De quebra, o
programa perdeu tempo de arte, e o Passa
ou Repassa passou a ser praticamente o único quadro, revezando com outros
menores. Neste meio-tempo, surgiu um quadro inédito, bem feito e que funcionou:
Comprar É Bom, Levar É Melhor.
Ou seja, ficou bem claro que o traquejo de Celso Portiolli
no comando de games deveria ser explorado mais pelo Domingo Legal. E a direção do programa acertou em cheio nesta
temporada de 2019, quando a atração voltou a ocupar quatro horas da grade de
domingo do SBT. Com mais tempo no ar, Domingo
Legal se transformou, basicamente, em três programas dentro de um programa
maior. Além das novas temporadas de Passa
ou Repassa e Comprar É Bom, Levar É
Melhor, o dominical agora aposta também no Xaveco, outro programa clássico apresentado por Celso no passado.
Em suma, são três games. Mas três bons games, que divertem o
público. E nos quais Celso tem total domínio. Assim, pela primeira vez nestes
dez anos, finalmente é possível assistir ao Domingo
Legal e enxergá-lo como o “programa do Celso”. Todas as atrações atuais têm
a cara dele, e é visível como ele o tem comandado com muito mais força e
segurança. Porque ele, finalmente, está em casa. Não por acaso, a audiência
reagiu, e o Domingo Legal vive sua
melhor fase desde que Celso entrou em cena. Demorou dez anos, mas o Domingo Legal com Celso Portiolli encontrou
um rumo. Antes tarde do que nunca.
André Santana
7 Comentários
Olá, tudo bem? Na realidade, Celso Portiolli, em mais de 20 anos de carreira, jamais marcou a sua imagem com uma identidade própria.... Eu sinto enorme saudade do Gugu no Domingo Legal. Essa é a verdade. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirO problema dele com aquelas invasões a casa de artistas era bem doido...Celso e um Luciano Huck da Record bom mas duro sem muita emoção
ExcluirEu acho que Celso deixou sua marca, sim. O Passa ou Repassa teve três apresentadores antes dele, mas ele ficou marcado com o game. E o Curtindo Uma Viagem foi seu maior sucesso, com razão, afinal, era um game bem interessante. Em sua, Celso é comandante de games. Faz muito bem! Abraço, Fabio, abraço Miguel!
ExcluirConcordo quando o André diz que os games são a cara do Celso Portiolli. Quem não se lembra do Curtindo Uma Viagem? Ele tem uma forte conexão com o público jovem, sem contar que é um excelente animador.
ResponderExcluirSobre o Gugu... o que faltou à Record na época em que o contratou foi justamente a malícia de não investir no mesmo formato que já não fazia barulho no SBT. Se tivessem resgatado o que dava certo no Domingo Legal (a disputa entre homens e mulheres, entrevistas e curiosidades), talvez Gugu estivesse até hoje nos domingos da TV.
Concordo, Mister Ed. Quando Gugu deixou o SBT, o Domingo Legal já estava meio esvaziado. Só tinha recuperado algum prestígio em razão do sucesso do quadro Construindo um Sonho. Assim, o erro da Record foi ter reproduzido, no Programa do Gugu, a fase mais insossa do Domingo Legal. Uma pena.
ExcluirConcordo, João! Na verdade, além de games terem mais a cara do Celso, os quadros se tornam uma alternativa aos chororôs do Geraldo Luís. Celso errou na fase em que tentou combater o Domingo Show com a mesma arma. Agora não, o público tem opções diferentes. Isso é bom.
ResponderExcluirComprar É Bom, Levar É Melhor é muito bom quando acaba The Voice/Tamanho família já mudo pra esse game.
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