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Como receita de bolo, "A Dona do Pedaço" foi feita para dar certo

"Bolo, senhora?"

Pouco mais de um ano depois do final de O Outro Lado do Paraíso, Walcyr Carrasco está de volta ao horário nobre da Globo. E sua missão é clara e evidente: recuperar os índices de audiência perdidos por suas antecessoras, Segundo Sol e, principalmente, O Sétimo Guardião. Se a pretensa fantasia de Aguinaldo Silva não deu certo, Carrasco aposta numa história totalmente à prova de erros. A Dona do Pedaço entrou em cena com um dramalhão despudorado, com todos os ingredientes mais básicos para conquistar o espectador.

Para a primeira fase, que se encerrará na próxima segunda-feira, 27, o tom adotado foi o de faroeste. Numa mistura entre Romeu e Julieta e Hatfields e McCoys, fomos apresentados aos protagonistas, Maria da Paz (Juliana Paes) e Amadeu (Marcos Palmeira). Herdeiros de duas famílias de matadores de aluguel rivais, os dois viveram uma paixão fulminante, que culminou com um tiro no noivo em pleno altar. E tudo isso apenas no primeiro capítulo.

Acreditando que o amado morreu e temendo por sua vida, Maria da Paz foge para São Paulo. Ali, vai viver com uma nova amiga, Marlene (Sueli Franco), que é vizinha de uma casa invadida por uma família de sem-teto, liderada por Dodô (Rosi Campos) e Eusébio (Marco Nanini). Enquanto os vizinhos dão o tom cômico da obra, Maria da Paz segue seu calvário de mocinha de novela. Logo ela arruma um emprego como doméstica, mas descobre estar grávida e perde o trabalho. É aí, então, que ela resolve fazer bolos para vender. Prática que aprendeu com a avó Dulce (Fernanda Montenegro), uma atiradora que é, também doceira de mão cheia, os bolos levarão Maria da Paz ao sucesso, já se sabe. Ah, tudo isso temperado com os diálogos didáticos e piegas que só Walcyr Carrasco sabe fazer. O tatibitate, que consiste em repetir palavras à exaustão (“pacto”, “bolo”.... “o pacto, ah, o pacto.... o bolo, ah, o bolo!”), não poderia faltar.

Ou seja, nesta primeira fase, A Dona do Pedaço se mostrou praticamente como um dramalhão mexicano. Do nome nada sutil da protagonista à sua trajetória cheia de percalços, tudo ali é baseado no clichê mais profundo do folhetim. O que não é um demérito, longe disso. Como já dito aqui anteriormente, clichês, se bem utilizados, rendem histórias saborosíssimas. E sabor, aliás, é um dos temas da obra que conta a vida de uma bem-sucedida boleira. Neste tempo em que culinária está na moda na TV, uma novela que tem como pano de fundo uma confeitaria parece ser uma receita infalível.

Como se não bastasse, a trilha sonora escolhida também foi feita para agradar na marra. Do pagode otimista da abertura, passando pelo hit do karaokê “Evidências” (aliás, chega a ser até covardia incluir essa canção na novela... só isso já ganhou a internet!), o que não faltam são músicas populares que grudam feito chiclete na mente do espectador.

Entretanto, o amontoado de clichês de A Dona do Pedaço vem envolto numa bela embalagem. A direção artística de Amora Mautner, profissional conhecida pela criatividade, deu à novela um visual de encher os olhos, sobretudo nas cenas do Espírito Santo, onde vivem os Montéquio e os Capuleto, ops, os Matheus e os Ramirez. Takes criativos, fotografia impecável e cenários convincentes dão à A Dona do Pedaço uma estética muito bem realizada.

Além disso, há uma clara harmonia na direção de atores, que os colocou no mesmo patamar. Juliana Paes e Marcos Palmeira lideram com muito vigor um elenco que conta com participações luxuosas de Nívea Maria, Jussara Freire, Nathalia Timberg, Natália do Vale, José de Abreu, Marco Nanini e Betty Faria, entre outros. Destaque, claro, à Fernanda Montenegro, que vive uma das poucas personagens que foge do clichê: ela é a vovozinha que ensina a neta a fazer bolos, mas é também uma perigosa atiradora.

Assim como receita de bolo, Carrasco seguiu direitinho sua receita de sucesso. É inegável que o autor sabe o que agrada ao público de novelas e não tem vergonha em usar todas as armas das quais dispõe. E, justiça seja feita, até aqui, a receita funcionou direitinho. Por isso, A Dona do Pedaço tem tudo para ser mais um sucesso em sua galeria de sucessos. A conferir.

André Santana

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10 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Eu normalmente gosto das novelas do Walcyr carrasco. E vc já sabe disso. Em O Outro Lado do Paraíso, a direção atrapalhou a obra (na minha visão). O texto caminhava para um lado e o diretor para o outro. Por isso, foi fundamental a troca. Gostei da semana de estreia. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Oi Fabio! Eu tenho meus prós e contras com o Carrasco. Gosto demais da maioria das novelas das seis dele, mas não curti nenhuma das nove. Mas o início de A Dona do Pedaço me conquistou. Espero que não me decepcione, rs! Abraço!

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  2. Eae André. Diferente do prólogo enorme de "O outro lado...", Walcyr pareceu acertar nesse ponto em "A dona do pedaço". Vamos ver se a transição para 2019 será boa. Prevejo bolos e tortas na cara!

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    1. Com certeza vai ter bolo na cara! Estamos aguardando! kkk

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  3. Antes da estreia eu estava com a maior boa vontade, mas ai veio o primeiro capitulo e me remeteu aquele baixo e violencia astral da primeira fase de Outro Lado do Paraiso, ah nao, me desculpem, eu desisti e nem consegui ver o primeiro capitulo inteiro. Eu ate queria acompanhar porque queria ver a Betty Faria, Sueli Franco, Nanini esse nucleo que remete a Eta Mundo Bom, mas infelizmente nao consigo. A unica coisa boa que gostei foi a vovo bandida e assassina da Fernandona.

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    1. Daniel, dê uma chance à segunda fase de A Dona do Pedaço. Está bem mais leve que a primeira. Torço pra que continue assim, porque também, já me cansei do excesso de violência das novelas.

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  4. Me rendi a acompanhar a primeira semana da nova novela e me surpreendi positivamente, em especial com a fotografia impecável, elenco em sintonia e ótimas atuações. A única novela do Walcyr que não vi foi justamente O Outro Lado do Paraíso, eram tantas as críticas que nem aguçava minha curiosidade. Estou torcendo para que tenha muito bolo na cara dos personagens.

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    1. O Outro Lado do Paraíso foi bem ruim. Vamos ver se A Dona do Pedaço será melhor!

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  5. Ao que parece vai ser um novelão clássico, repleto de clichês mas cuja compensação serão as grandes atuações. A embalagem é muito boa, a direção da Amora já nivela essa novela acima das últimas do Walcyr, e o título apesar de prentencioso faz jus. A trama chegou chegando. Apesar do didatismo, da gosto sentar e assistir, sobretudo pelo carisma dos personagens. Nem o sotaque (não capixaba) da Maria da Paz me incomoda. Um trama feita pra dar certo.

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    1. Sim. Até eu, que tenho pé atrás com Walcyr às nove, estou curtindo!

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