"Nem com magia eu consigo ver o final dessa novela..." |
No dia 11 de agosto de 1998, a extinta Rede Manchete lançava Brida, novela baseada no famoso best-seller de Paulo Coelho. A emissora, que já andava mal das pernas, apostou todas as suas fichas na novela, na esperança de que ela fosse um grande sucesso como Xica da Silva. No entanto, o sucesso não veio e a novela foi bruscamente interrompida, o que ajudou a afundar de vez a emissora.
Brida contava a história da personagem-título, interpretada por Carolina Kasting. A jovem pensava ser uma mulher comum, mas descobria ser, na verdade, a reencarnação de uma poderosa bruxa. Assim, ela se vê como parte de um mundo de magia, passando a ser perseguida por um feiticeiro rival, Vargas (Rubens de Falco). Além disso, Brida se via num triângulo amoroso, envolvendo seu namorado Lorens (Leonardo Vieira) e o mago Mariano (vivido pelo jornalista Augusto Xavier, hoje apresentador do jornalístico Documento Verdade, da RedeTV!).
A novela era escrita por Jayme Camargo, Sônia Mota e Angélica Lopes, a partir da obra de Paulo Coelho, e era dirigida pelo veterano Walter Avancini. Para transformar o livro em uma novela, os autores se viram obrigados a aumentar a história, criando tramas paralelas diversas. Brida, assim, contava com 40 personagens e um elenco que reunia grandes nomes da televisão, como Othon Bastos, Bete Mendes, Guilhermina Guinle e Marcos Pasquim.
A ideia de adaptar Brida partiu da direção da Manchete, que apostava no sucesso e na popularidade do livro e de seu autor para chamar a atenção do público para a sua nova trama. Além disso, estava de olho no mercado internacional, esperando exportar a novela mundo afora, repetindo o sucesso da obra de Paulo Coelho. Com a nova novela, o canal também esperava “modernizar” sua teledramaturgia, depois de mostrar a pobreza do sertão em Tocaia Grande, a senzala em Xica da Silva e o cangaço em Mandacaru. Brida, assim, vinha com uma embalagem mais contemporânea e arrojada.
Para tornar a novela uma realidade, o canal não mediu esforços e, mesmo com a saúde financeira extremamente debilitada, apostou alto na produção da novela. Para financiar a viagem do elenco à Irlanda, onde gravaram as primeiras cenas, a emissora fez uma série de permutas. Ao mercado publicitário, prometeu que os anunciantes só pagariam pelas suas inserções se a trama alcançasse, pelo menos, 5 pontos no Ibope.
Foi uma estratégia desesperada de sobrevivência, e que se revelou um verdadeiro suicídio. Brida estreou com parcos 2 pontos de média, patinando nos baixos índices ao longo de sua trajetória. Seu recorde de audiência foi de apenas 4 pontos no Ibope. Percebendo o fiasco, a emissora interveio na obra, afastando o autor Jayme Camargo e mantendo a dupla Sônia Mota e Angélica Lopes. A ideia era obter um toque feminino na história, na tentativa de atrair a atenção das telespectadoras.
Brida, então, procurou adotar um tom mais leve e divertido, além de escalar atores conhecidos de outras produções da Manchete, como Victor Wagner, Carla Regina e Tânia Alves. Walter Avancini também contratou Rosane Goffman e Fafy Siqueira, que entraram para aumentar o humor da trama. “Não é exatamente essa a solução que eu gostaria de dar para o problema. Mas é esse o caminho que encontrei dentro das atuais circunstâncias e com os recursos que tenho”, disse Avancini ao jornal Folha de S. Paulo. A emissora também apostou fundo em uma de suas marcas na teledramaturgia, aumentando a dose de sensualidade da trama. Porém, as mudanças não surtiram efeito, e a novela seguiu em baixa no Ibope.
Com o fracasso, cumpriu-se o combinado, e os anunciantes não pagaram para a veiculação de seus anúncios. Sem receita, a novela passou a atrasar os salários do elenco, e os atores se recusaram a gravar mais cenas. Assim, Brida foi encerrada de uma maneira inusitada: sobre cenas já gravadas, um narrador contava o final da história, revelando o destino dos personagens. Brida foi encerrada no capítulo 54, que foi ao ar em 23 de outubro de 1998.
Brida foi substituída pela segunda reprise da novela Pantanal. E a Manchete, depois disso, seguiu ladeira abaixo, saindo do ar definitivamente poucos meses depois, em maio de 1999.
Veja abaixo o "final" de Brida:
André Santana
9 Comentários
Poxa da novela tinha una premissa interessante com esse lance de bruxas etc
ResponderExcluir..pra Harry Potter.. Pena que a emissora tinha pouco recurso..
Quem sabe a Globo podia comprar essa sinopse e refazer como minissérie..tipo se eu fechar os olhos agora veio de um livro
Não sou fã do Paulo Coelho, mas creio que Brida, nas mãos de um bom autor, pode sim render uma boa adaptação. Quem sabe algum canal não se interessa? OU a Netflix?
ExcluirEae André, essa novela "Brida" foi uma tremenda "brisa"... Hahaha!
ResponderExcluirHahaha!
ExcluirBrida foi a pá de cal da Manchete que já estava atolada em dívidas e nem bruxarias salvaram o canal da extinção meses depois e como ironia a TV do ano 2000 foi extinta faltando seis meses pra virada do século.
ResponderExcluirE pensar que a vida da Manchete foi menor do que da RedeTV... parece que a Manchete sempre existiu. Acho que a gente que cresceu vendo a emissora acabou criando um vínculo, e hoje somos todos saudosos, rs!
Excluir20 anos sem Rede Manchete e sua sucessora não disse a que veio ,além de fofocas e baixaria
ResponderExcluirOutro dia vi no YouTube que entraram na sede da sede da Rede Manchete no rio de janeiro ,tudo destruído em ruínas ,uma pena
As Bloch todas quebraram Be..uma pena
ExcluirÉ triste! A Manchete tem uma história incrível. Essa memória devia ser preservada.
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