Todo carnaval tem seu fim |
Bom Sucesso terminou ontem, 24, como começou. A
história de Paulo Halm e Rosane Svartman conseguiu agradar público e critica
com uma história simples, mas que pegou pela emoção. A mistura entre vida,
morte e literatura revelou-se acertada, sobretudo no trato sensível e emocionante
dado ao tema, encarnado por uma dupla de protagonistas encantadora e que
funcionou desde o início. Paloma (Grazi Massafera) e Alberto (Antonio
Fagundes), por meio de uma amizade improvável, trouxeram belas lições ao
público. E isso fugindo da pieguice e do chororô gratuito.
Bom Sucesso foi toda construída em torno de um
tema difícil. Com seus protagonistas, a novela tratou da efemeridade da vida, e
como os bons momentos são fundamentais para uma vida plena e feliz. Pode
parecer piegas, mas esta temática foi trabalhada de maneira tão delicada e
terna, que se tornou irresistível. A alegre Paloma e o rabugento Alberto, o
livreiro com os dias contados, formaram uma dupla adorável, que funcionou
divinamente. Não somente o texto os uniu de maneira eficiente, como a boa
química entre Grazi e Fagundes fez a dupla funcionar.
Obviamente, Bom
Sucesso não abriu mão dos indispensáveis clichês. Paloma, apesar de parecer
de “carne e osso”, foi a típica mocinha, envolvida num infalível triângulo
amoroso. A relação da heroína com Marcos (Romulo Estrela) e Ramon (David
Junior) teve seus percalços e ganhou a torcida da audiência. Mais uma vez, a
dupla de autores foi feliz na construção dos protagonistas, já que tanto Marcos
quanto Ramon tinham suas inseguranças e imaturidades, mas foram transformados
por Paloma.
A leveza característica de Bom Sucesso fez parte do público estranhar quando a novela das sete
aumentou a dose de violência. Inicialmente, crimes e tiros se tornaram mais
constantes quando foi iniciado o plot de Elias (Marcelo Faria). O ex-marido de
Paloma retornou dos mortos para infernizar a heroína e seus filhos, cometendo
muitas barbaridades. A sequência teve direito a perseguições e trocas de tiros,
culminando com a morte de Elias.
O problema deste momento de Bom Sucesso foi a falta de sintonia com a obra. A história
caminhava por caminhos menos tortuosos, sendo levada por personagens
tridimensionais. No entanto, quando Elias surgiu, a trama se tornou sombria e
maniqueísta, como numa novela à parte. Ficou claro que a história, embora
prevista, surgiu apenas para fazer a novela durar mais. Não convenceu.
O plot envolvendo Elias aconteceu num momento em que Diogo
(Armando Babaioff), o “vilão oficial” da novela, desapareceu por alguns
capítulos. O sumiço serviu para que ele retornasse poderoso, instalando um
clima de vingança no ar. Mais uma vez, parte do público reprovou a condução da
história. No entanto, neste caso, o plot não pareceu desconexo. Diogo sempre
foi um vilão com um pé na caricatura. Sendo assim, pareceu natural o processo
de “enlouquecimento” do malvado. Sim, é um clichê folhetinesco o vilão
enlouquecer na reta final da novela, mas Bom
Sucesso nunca tentou fugir de clichês. Apenas buscou utilizá-los ao seu
favor. Foi o caso. Diogo foi um ótimo vilão e Armando Babaioff fez um trabalho
excepcional.
Bom Sucesso também ficará marcada na carreira
de outros atores. Grazi Massafera fez, aqui, seu trabalho mais consistente, já
que é bem mais difícil convencer como uma mulher comum. Antonio Fagundes, depois
de vários trabalhos no piloto automático, entregou aqui um trabalho de
composição irretocável. Tanto que a dupla funcionou e foi o grande trunfo da
novela.
No entanto, há mais trabalhos para destacar. Romulo Estrela,
David Junior, Fabiula Nascimento (Nana), Lúcio Mauro Filho (Mário), Sheron
Menezzes (Gisele), Helena Fernandes (Eugênia) e Carla Cristina Cardoso (Lulu)
merecem menção. Ingrid Guimarães (Silvana Nolasco) repetiu um tipo que costuma
fazer sempre, mas vamos combinar que é um tipo que ela faz muito bem. Foi
divertida. Participações luxuosas, como as de Marisa Orth (Isadora), Jonas
Bloch (Eric Feitosa), Lavínia Vlasak (Natasha) e Suzana Pires (Virgínia),
também foram acertos. Além, claro, da dupla mirim: Valentina Vieira (Sofia) e
João Bravo (Peter) emocionaram.
Tantos acertos só poderiam resultar num sucesso
incontestável. Em tempos um tanto estranhos como o que vivemos, é sempre um
alento constatar que uma obra que valorizou a cultura e os bons sentimentos
tenha tido uma receptividade tão boa. Bom
Sucesso mostrou que uma novela pode arrebatar com simplicidade, emoção,
clichês bem trabalhados e, sobretudo, que qualquer tema pode render uma boa
história, se trabalhado com Inteligência. Além disso, provou que uma boa novela
pode ser popular sem cair no popularesco, e que se pode falar de cultura para
as massas de maneira acessível, sem parecer pedante. Foi um grande acerto, em
todos os sentidos. Que bom!
André Santana
2 Comentários
Olá, tudo bem? Divulgarei hoje no meu blog o balanço final dos pontos positivos e negativos de Bom Sucesso. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirConferiremos! Abraço!
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