Mais um “produto de quarentena”, a estreia de Amor e Sorte na Globo passou longe de qualquer cara de produção caseira. Com todo o talento da família de Fernanda Montenegro em ação, atuando em todas as frentes da produção, a série mostrou uma excelência que em nada deve às produções “tradicionais”.
Mas o trunfo do episódio de estreia foi a reunião em cena de Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. As duas atrizes, dotadas de um carisma absurdo e despidas de qualquer vaidade, entregaram uma relação honesta e terna, que foi a força do episódio.
O roteiro simples, mas bem resolvido, ajudou a extrair o melhor das atrizes. A trama da mãe libertária Gilda e da filha workaholic Lúcia explorou a difícil relação familiar e o conflito geracional tão reconhecíveis pela maioria das famílias. É um enredo que encanta pela sua simplicidade e pela capacidade de provocar reflexão.
De quebra, Amor e Sorte injetou uma ponta de esperança na audiência. Não apenas por ter adiantado a vacina da covid, mas também por propor a possibilidade de conviver com as diferenças. Gilda e Lúcia representam uma polarização que emula bem o atual contexto social brasileiro. Com dificuldade, elas conseguiram se entender. Recado dado!
O primeiro episódio de Amor e Sorte deixou a melhor das impressões. É interessante notar como vão sendo descobertos caminhos para que a produção audiovisual se mantenha ativa, mesmo num momento em que isso parecia impossível.
Os demais episódios de Amor e Sorte contarão com casais quarentenados em casa, e sem toda uma família profissional da área por trás. Mesmo assim, a qualidade do roteiro de Jorge Furtado e o conhecido talento dos profissionais envolvidos são bons indicativos sobre o que está por vir.
André Santana
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