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"Flor do Caribe" volta ao ar com a mesma missão de sua primeira exibição

Em março de 2013, a Globo encerrava uma de suas mais belas novelas das seis já exibidas, Lado a Lado. Mas a trama histórica registrou uma das mais baixas audiências do horário. Com isso, para substituí-la, a emissora optou pelo sentido oposto, trocando o excesso de roupas e o tom solene por uma trama praiana, contemporânea, com belas paisagens e atores com pouca roupa: Flor do Caribe.

Em 2020, com a necessidade de suspender suas novelas, a Globo sacou de seus arquivos Novo Mundo, trama que fez sucesso em 2017, mas cuja reprise não repetiu o bom desempenho. Assim, para “refrescar” a faixa, novamente a aposta foi em Flor do Caribe, e pelos mesmos motivos: depois de uma trama histórica e soturna, entra em cena um romance açucarado, cheio de sol e belos atores com pouca roupa.

Com Flor do Caribe, o autor Walther Negrão voltava ao horário das seis e à temática tropical que conhece tão bem. O objetivo era claro: resgatar o sucesso de Tropicaliente, trama assinada por ele que fez um bom barulho, principalmente no mercado internacional. Feita para vender, Flor do Caribe abusa das belas imagens naturais proporcionadas por seu cenário deslumbrante.

Dirigida por Jayme Monjardim, reconhecido por sua assinatura que valoriza a fotografia, Flor do Caribe ganha ainda mais cor e viço. Paisagens grandiosas somadas a um elenco que parece saído de um catálogo de modelos, todos donos de belos corpos prontamente explorados pelo figurino mínimo. A contemplação que acompanha as paisagens de Monjardim desde Pantanal surge com força e, não raro, causa certa sonolência.

Com tanto deslumbre, o enredo mais parece uma desculpa para se explorar ao máximo toda essa beleza. Flor do Caribe tem uma das espinhas dorsais mais básicas da teledramaturgia: uma mocinha disputada pelo mocinho e pelo vilão. Ester (Grazi Massafera) e Cassiano (Henri Castelli) vivem um amor adocicado. Na outra ponta do triângulo, o malvado Alberto (Igor Rickli) se faz de amigo do mocinho, mas arma para roubar-lhe a namorada. Tudo é muito bem definido: Ester e Cassiano são exemplos de seres humanos, dotados de qualidades, enquanto Alberto é do mal, e não há dúvidas disso.

A primeira semana da novela lembra bastante o mote inicial de Vila Madalena, novela das sete escrita pelo mesmo Walther Negrão no final dos anos 1990. Nesta história, o vilão Arthur (Herson Capri) era apaixonado pela mocinha Eugênia (Maitê Proença) e armou para que o mocinho Solano (Edson Celulari) fosse preso injustamente. Solano passa sete anos na prisão e, quando sai, encontra Eugênia casada com o algoz. Em Flor do Caribe, Alberto armou algo parecido, e já se sabe que, daqui sete anos, Ester estará casada com Alberto enquanto Cassiano tentará retomar sua vida.

O elenco traz uma Grazi Massafera em processo de amadurecimento. Como Ester, a atriz começava a mostrar uma evolução considerável, que se consagraria em definitivo em seu trabalho seguinte, Verdades Secretas. Enquanto isso, a grande aposta era Igor Rickli, que estreava na TV já como o vilão da história. Rickli se mostra inseguro neste início, mas segura bem no decorrer da obra. Porém, não o suficiente para colocá-lo na lista de galãs da emissora, já que, depois, ele emplacou apenas uma participação em Alto Astral, seguindo para a Record em seguida.

Os grandes destaques do elenco de Flor do Caribe neste início foram mesmo os veteranos. Juca de Oliveira emocionou vivendo Samuel, combatente na Segunda Guerra Mundial e atormentado pelas lembranças do passado. E Sergio Mamberti finalmente surge com um grande personagem numa novela global e dá show como Dionísio, milionário bandido e mau-caráter. Os dois personagens são opostos dentro de uma trama que aborda o nazismo, que pode ganhar novo contexto nesta reexibição, dado nosso atual cenário político.

No mais, Flor do Caribe traz de volta ao horário das seis a velha receitinha de uma porção de água com muita, muita glicose. Um enredo que sempre agradou ao público do horário das seis. Em sua exibição original, a trama foi bem-aceita pelo público, registrando índices de audiência satisfatórios. Na reprise, deve conseguir segurar a atenção do público, além de servir como boa sala de espera à Nos Tempos do Imperador.

André Santana

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14 Comentários

  1. Pois eh, pra mim, Flor do Caribe ja valeu justamente pelos personagens e pelas interpretacoes de Juca de Oliveira e principalmente Sergio Mamberti, fazendo um nazista. Me lembro ate agora o avo sofrendo qdo o personagem do Rick morreu.

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    1. Grandes momentos destes veteranos incríveis!

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  2. Olá, tudo bem? Não considero Lado a Lado como uma das "mais belas novelas das seis já exibidas"... Bem longe disso... A situação em 2013 era bem pior que agora. Há parte do público que aprecia o andamento mais cadenciado, ritmo sempre defendido por Monjardim. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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    1. Sim devia ter mais alternância de estilos e épocas no horário das seis se for sempre de época cansa o público

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    2. Lado a lado apresentou um contexto histórico muito interessante do fim da escravidão e busca pelo respeito da sociedade. .cheio dos fatos reais como a revolta da chibata jogador que se disfarça de branco e ainda a ótima Vila da Pillar.achei ibteressante

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    3. Oi Fabio! É uma questão de opinião. Lado a Lado explora um momento pouco narrado da história do Brasil, ressignifica a história dos negros na TV e, ainda, tem personagens e atores excelentes. Considero-a uma obra-prima. Sobre o estilo do Monjardim, isso não é uma crítica negativa não. É só uma constatação. Gosto da maioria das coisas que ele fez. Abraço!

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  3. Acho que essa novela pode ser descoberta nessa reexibição. A trama é boa e o enredo, somado à direção do Jayme, entrega um bom produto.
    www.cascudeando.com

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    1. O Castelli faz uma boa dupla com o Argentino fugindo das encrencas e a Grazi e uma mocinha sinpatica

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    2. Lucas, confesso que não acompanhei muito Flor do Caribe na primeira exibição. Nessa época, eu tinha um sono lascado neste horário. Eu deitava pra assistir a novela e dormia, rs! E não era a novela que dava sono não, eu que chegava em casa cansado mesmo, hehe! Vou tentar assistir com mais atenção agora.

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  4. E as tramas de Flor do Caribe e de Vila Madalena já são requentadas de outra novela do Walther Negrão: Despedida de Solteiro.

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    1. Nossa e verdade dos amigos preso à merecia uma reprise velhona

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    2. Boa comparação! A saga dos mocinhos presos do Negrão começou em Despedida de Solteiro! Ou, de repente, até antes e não lembramos agora, hehe! O que eu gosto do Negrão é que ele sempre faz um folhetim básico, mas a maioria deles é bem escrita, com uma boa estrutura narrativa. Ele é muito experiente.

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  5. Excelente atuação de Sérgio Mamberti, espero que ele volte logo as novelas, um grande ator

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    1. Concordo! Grande Sergio Mamberti! Ele já faz poucas novelas e, quando faz, normalmente são papéis pequenos e bonachões. Tê-lo como grande vilão em Flor do Caribe foi um grande acerto!

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