A grande novidade da semana na televisão brasileira foi a estreia da Loading, novo canal aberto do país. “Herdando” canais e estrutura da antiga e saudosa MTV Brasil, a Loading entrou em cena tentando ser uma espécie de sucessora de seu legado, já que também aposta na segmentação e no público jovem. Se a antiga MTV tinha a música como âncora, a Loading se escora no universo dos games e da cultura pop/geek.
Sem dúvidas, uma ótima proposta e cheia de boas intenções. Com programação 24 horas, a Loading investiu num conteúdo que plateia nerd nenhuma pode colocar defeito. O canal entrou no ar com uma maratona de animações matinais, o MaraToon, que conta com bons títulos, como o anime do Homem de Ferro. Power Rangers também tem espaço na grade. Ou seja, a ideia da emissora é resgatar no jovem adulto de hoje a nostalgia de se assistir desenhos pela manhã, um hábito do passado quando as emissoras abertas exibiam infantis neste horário.
À tarde, a Loading mira no público feminino, com a exibição do divertido Cardcaptor Sakura, anime que marcou as manhãs da Globo no início dos anos 2000. Há também a aposta em produção coreana, com a exibição dos doramas Happy Ending e A Lenda: Um Luxo de Sonhar, dois dramalhões que já foram exibidos por aqui na Rede Brasil.
À noite, ganha espaço a cultura oriental, com muitos animes na grade. Saint Seiya: The Lost Canvas, Overlord, Atack on Titans e Assassination Classroom são os títulos exibidos no horário nobre do canal. Trata-se de produtos com bastante apelo junto ao público que o canal pretende buscar, exibidos em horários bastante atrativos, o que se mostra um grande acerto (aliás, eu não conhecia Assassination Classroom e achei simplesmente genial! Excelente anime!).
A produção própria do canal é pequena, mas conversa bem com este universo. Multiverso, exibido no horário do almoço, é uma revista sobre cultura pop. GameShark, no fim da tarde, desvenda o mundo dos games. E Mais Geek, atração do início das noites, aborda o universo da cultura nipônica, alinhados aos animes exibidos na faixa. São atrações simples, muito baseadas em conversas com os apresentadores, mas que trazem boas informações e promovem uma interação interessante com a audiência. Falta um pouco de capricho nos cenários e na iluminação, mas, no geral, o saldo é positivo.
Mas a Loading entrou no ar já com alguns problemas. Inicialmente, chamou a atenção a falta de chamadas, o que faz o espectador ficar perdido e sem saber o que encontrar. As primeiras informações eram apenas chamadas dos apresentadores falando de suas estreias, nas quais muitas destas peças nem ao mesmo informam o horário de cada programa. Além disso, as produções estrangeiras, que compõem a maior parte da grade, nem ao menos chamadas tinham. Cartelas com os horários das animações só começaram a ser veiculadas nos intervalos no terceiro dia do canal. E, mesmo assim, nem todos os programas ganharam anúncios.
No site da emissora, a grade vem sendo liberada a conta-gotas, e vários dos horários não bate com o que se vê na tela. Fora que os horários variaram ao longo da semana. Sakura, por exemplo, é anunciada para às 14h30, mas teve dias que começou às 14h. Ou seja, o episódio terminou no horário em que devia começar. Isso é um problema grave, já que Loading é TV aberta e, portanto, precisa ter uma grade bem amarrada para conseguir fidelizar o público. Se a audiência “perder a confiança” no canal logo de cara, vai ficar difícil reverter a situação.
No entanto, o grande problema desta primeira semana da Loading é o imbróglio envolvendo o Metagaming, um dos carros-chefe do canal, que ia ao ar no horário mais nobre, às 21h30. A atração era uma espécie de Globo Esporte dos “esports”, ou seja, um programa jornalístico que informava o público sobre as últimas novidades dos esportes eletrônicos. Mas o programa não durou uma semana no ar: ontem, 11, foi anunciada a demissão dos 12 profissionais que compunham a equipe da atração.
Os jornalistas envolvidos alegaram falta de liberdade editorial e censura. A Loading se justificou afirmando que sua intenção é manter uma “agenda positiva” e “entretenimento”. Ou seja, o canal não quer polemizar em sua programação. Já o Metagaming vinha com pautas mais sérias e polêmicas. A gota d’água, segundo o site Notícias da TV, teria sido uma matéria investigativa que criticava um parceiro do canal.
Não dá pra saber o que foi combinado entre equipe e emissora, e o que foi realmente oferecido. No entanto, o Metagaming, com seu tom mais sóbrio, acabou destoando sim dos demais programas da Loading. Cheguei a comentar, numa análise publicada no Observatório da TV sobre o primeiro dia do canal, que a atração estava confundindo seriedade com sisudez (leia AQUI). No ar, ficou estranho. Mesmo assim, este “desalinhamento” é lamentável. É mais um ponto que pode descredibilizar o canal junto ao público e ao mercado publicitário. Está muito cedo para uma crise deste porte.
Fica, então, a torcida para que a direção da Loading consiga driblar este desconforto inicial da melhor maneira possível, já que a ideia do canal em si é muito boa. É sempre louvável quando surge um novo canal aberto, ainda mais quando ele entra em cena com uma proposta positiva (afinal, não precisamos de novas RedeTV ou CNT). O fato de ser um canal segmentado é um ponto positivo, já que terá potencial para atrair anunciantes fortes junto ao nicho que se pretende alcançar. E melhor ainda é que este nicho seja justamente o público jovem adulto, que estava sem nenhuma opção na TV aberta. O começo não foi dos melhores, é verdade. Mas existe potencial para ir além.
André Santana
6 Comentários
Olá, tudo bem? Aqui em São Paulo, é possível sintonizar no canal 32.1 da TV digital. Ainda acompanharei. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirAcompanhe e nos conte! Abraço!
ExcluirNossa que legal estamos órfãos de animes desde o fim da manchete
ResponderExcluirSiiiim! A Loading já é um dos canais que mais assisto, hehehe!
ExcluirEspero que nao se renda a Igreja mundial etc
ResponderExcluirAmém!
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