Quando foi exibida originalmente, em 2013, Flor do Caribe registrou uma audiência satisfatória. Mas não foi uma trama arrebatadora, daquelas que conquistam corações. Por isso, pensar numa reprise da novela de Walther Negrão parecia algo improvável. Tanto que não foi uma escolha óbvia neste contexto em que a Globo tem reapresentado novelas em razão da pandemia.
No entanto, seu retorno acabou fazendo sentido neste momento. Apesar de não ser um clássico, a reprise de Flor do Caribe aconteceu no timing certo. A trama voltou ao ar num momento em que pôde ser apreciada por um novo público e mostrou que é a melhor dentre as últimas novelas assinadas por Negrão.
Nos últimos 20 anos, o veterano brindou seu conhecido público das seis com novelas sem grande expressão, como Como Uma Onda (2004), Desejo Proibido (2007, e que eu, particularmente, gosto muito!), Araguaia (2010) ou Sol Nascente (2015). Por isso, Flor do Caribe se colocou como uma novela mais bem resolvida em meio a esta galeria.
Na novela, o autor revisita vários de seus enredos clássicos, como o vilão apaixonado pela mocinha, ou o mocinho que fica longe por sete anos. Também repete as paisagens praianas que fizeram história em seus folhetins mais antológicos, como Tropicaliente (1994). Com isso, conseguiu temperar sua história com um romance eficiente e belas paisagens.
Além disso, Flor do Caribe apresentou uma agilidade narrativa que não era muito comum nas tramas anteriores do autor. Os reveses de Cassiano (Henri Castelli), Alberto (Igor Rickli) e Ester (Grazi Massafera) eram desenrolados com rapidez, dando espaço a novas situações. Isso fez a novela andar em alta temperatura por muitos capítulos.
Porém, tal agilidade também teve um efeito colateral, que foi a resolução de tramas importantes ainda antes do fim da história. Em suas semanas finais, havia pouco o que se resolver dentro do enredo, e sequências sem grande importância ocuparam um tempo de tela desnecessário.
Outro mérito de Flor do Caribe foi a abordagem do nazismo. A rivalidade entre Samuel (Juca de Oliveira) e Dionísio (Sergio Mamberti) deu algum aprofundamento à trama, sempre dentro dos limites impostos para uma novela das seis. Mesmo assim, foi possível se compadecer da dor de Samuel, compreender a sana do vilão Dionísio e buscar um resgate histórico importante.
Tudo isso com um tempero leve, com tramas bem armadas e imagens deslumbrantes, que foram realçadas pela mão de Jayme Monjardim, um craque em fazer de suas cenas grandes obras de arte. Por isso, Flor do Caribe não era uma novela que necessariamente queríamos ver de novo... mas ver de novo acabou se revelando uma boa experiência.
André Santana
5 Comentários
Olá, tudo bem? Flor do Caribe foi produzida para alavancar a audiência da emissora. E conseguiu na época. Não é das minhas preferidas na faixa horária, mas também não é das piores. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirTrams ok mas que não marcou muito. .tipo sangue bom as sete que eu toparia rever
ExcluirOi Fabio! Sim, também não é das minhas preferidas, mas gostei de revê-la. É uma novela simpática! Miguel, eu amo Sangue Bom, mas acho pouco provável que venha uma reprise. A audiência dela não foi das melhores, infelizmente. Abraços!
ExcluirOi Andre. Acho ate que essa reprise foi melhor entendido, visto e apreciado que na epoca original. Segundo o site NTV mais pessoas assistiram a novela, apesar de numericamente ser levemente abaixo na audiencia. Mas como voce disse, a Globo acertou o timing, porque quem diria que o tema hoje, o tema do nazismo e facismo estivesse mais atual que nunca ?
ResponderExcluirExato, Daniel! Eu me lembro que estranhei um pouco o tema do nazismo na novela, me parecia algo tão distante. E, desta vez, pareceu extremamente atual, infelizmente... Que coisa terrível, não? Bom tê-lo de volta por aqui, estava sumido! Comente mais!
Excluir