José Leôncio (Renato Góes) em Pantanal (reprodução/TV Globo) |
Não é difícil entender os motivos que levaram a direção da Globo a apostar com tanta veemência no remake de Pantanal. Após duas novelas que tinham uma pegada mais, digamos, “experimental”, como Amor de Mãe e Um Lugar ao Sol, e uma bateria de reprises que afugentaram o público, era preciso um produto forte o suficiente para fazer com que a plateia voltasse novamente suas atenções diante da TV. E Pantanal, sucesso incontestável da extinta Manchete, tem essa força.
A versão da Globo de Pantanal tem dois grandes trunfos nas mãos. O primeiro é que o texto de Benedito Ruy Barbosa, atualizado por Bruno Luperi, tem um estilo narrativo de uma novela da velha guarda, o que agrada o público mais conservador. Ou seja, Pantanal é uma novela com cara de novela. Não flerta com série, não tenta ser cinema. É uma novela. Um novelão dos bons.
O segundo trunfo é o fator nostalgia. O maior público da TV aberta é um público mais velho, com mais de 30 anos, e boa parte deles viu ou se lembra da primeira versão de Pantanal. Há ainda um público mais jovem, que descobriu a trama na reprise promovida pelo SBT em 2008. A versão da Globo mantém elementos-chave da trama original justamente para fazer este link e fisgar o público saudoso. Manter a música-tema original (num novo arranjo com Almir Sater e na bela voz de Maria Bethânia) é um destes elementos que toca o coração do saudoso e conecta a nova obra com a original. Bingo! É uma estratégia praticamente a prova de erros.
A julgar pela primeira semana, a aposta se revelou um acerto. A nova Pantanal continua oferecendo momentos contemplativos, com belas cenas da paisagem pantaneira, que trazem uma conexão à natureza muito bem-vinda. A trama anda, mas não a passos apressados, o que ajuda a envolver o público ao mesmo tempo em que oferece um respiro às tramas urbanas cada vez mais clipadas. Por fim, o elenco não decepciona, apresentando um trabalho de nível.
Irandhir Santos foi o dono da primeira semana vivendo Joventino Leôncio. O boiadeiro, que há de se tornar o lendário Velho do Rio (vivido por Osmar Prado na fase seguinte), foi dono de grandes e emocionantes sequências. O ator em nada lembra Álvaro, o vilão de Amor de Mãe, seu trabalho anterior. Postura, sotaque, voz, tudo demonstra um impecável trabalho de composição.
Renato Góes, que vive o protagonista José Leôncio na primeira fase, também não decepcionou. O ator mistura talento com um carisma natural, chamando a atenção sempre que entra em cena. O “rei do gado” do Pantanal também teve ótimas sequências, muitas delas emocionantes ao lado de Joventino. Mas também divertidas, como as “aventuras” do fazendeiro no Rio de Janeiro, nas cenas em que conhece Madeleine (Bruna Linzmeyer). Madeleine, aliás, lidera um núcleo urbano que conta ainda com Selma Egrei (Mariana), Leopoldo Pacheco (Antero) e Malu Rodrigues (Irma). Todos ótimos.
Ou seja, a primeira semana de Pantanal deixou a melhor das impressões. A trama envolve, o elenco convence e as imagens são de encher os olhos. Além disso, a adaptação de Bruno Luperi promete boas atualizações, como aumentar a importância do núcleo urbano. Trata-se de um “truque” que pode ajudar a evitar uma “barriga”, algo comum em novelas de Benedito Ruy Barbosa, e que também aparece na Pantanal original. Tem tudo para agradar. Aguardemos os próximos capítulos.
André Santana
02/04/2022
2 Comentários
Essa versão global de Pantanal promete ser a novela do ano e também é uma correção de erro do passado da Globo por ter recusado a novela há mais de 30 anos alegando na época que era caro fazer uma novela no pantanal mato-grossense e fez o maior sucesso na extinta Rede Manchete em 1990.
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Já comentei sobre Pantanal. A novela é um verdadeiro novelo. Cresce durante os capítulos. veremos o que acontece com o remake. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
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