Fátima Bernardes (Victor Pollak/TV Globo) |
Há 10 anos, o Encontro com Fátima Bernardes nasceu diante de muitas expectativas. O matinal era esperado com um afinco acima da média, sobretudo em razão da curiosidade em se ver uma das maiores estrelas do telejornalismo nacional numa nova função. Enquanto público e crítica especulavam, a concorrência reforçava sua grade matinal para fazer frente à nova concorrência.
No ar, o Encontro estreou sob uma chuva de críticas. Apontaram o ritmo sonolento, o cenário confuso e até a pouca originalidade do formato, que foi comparado ao clássico Programa Silvia Poppovic. A audiência também não foi lá essas coisas, obrigando a equipe do matinal a se mexer. Aos poucos, o formato foi se ajustando e Encontro passou a navegar em águas mais tranquilas.
Neste contexto mais suave, Fátima Bernardes conseguiu fazer a transição para o entretenimento. Embora ainda lhe falte uma persona cênica, Fátima fez-se ser vista como uma apresentadora sem amarras, capaz de se moldar às mais diferentes pautas do talk show matinal. O Encontro virou um típico “programa de sofá”, com convidados que falam sobre tudo, mas deu certo e seguiu sem grandes sobressaltos nestes últimos dez anos.
Ao anunciar sua despedida da atração, Fátima explicou ao público que topou o desafio de se transferir para o The Voice Brasil na ânsia de “colocar os dois pés no entretenimento”. Afinal, como o Encontro sempre foi muito focado no noticiário, Fátima ainda estava num ambiente que remetia ao jornalismo. Agora, não. No The Voice, ela será 100% animadora. É uma mudança significativa.
Mestre de cerimônia
É preciso reconhecer que o The Voice Brasil é um programa que anda sozinho. Assim como a maioria destes talent shows comprados fora, o The Voice é muito moldado nas narrativas dos próprios participantes e a interação deles com os jurados/técnicos. Ao apresentador, cabe apenas ditar as regras e organizar o jogo.
Ou seja, Fátima Bernardes estreará diante de um show “100% entretenimento” num programa que exigirá pouco dela. Não será o seu desempenho que ditará o sucesso ou o fracasso da atração. Com isso, as cobranças serão menores e a apresentadora poderá relaxar. É um posto novo, mas sem a mesma pressão que envolve a estreia de um programa com sua assinatura.
Por outro lado, a performance do apresentador pode lhe render frutos. Tiago Leifert, que comandou o The Voice Brasil nos últimos dez anos, poderia ter sido apenas um “mestre de cerimônias”. Mas a maneira como ele se colocou, sua forma de se comunicar com o público e seu jeito de interagir com os técnicos o tornou uma figura importante dentro do programa. Ele conseguiu ultrapassar a linha do “mestre de cerimônia”.
Não por acaso, o talent show musical credenciou o ex-Globo Esporte a alçar novos postos dentro do entretenimento da Globo. Foi sua boa performance à frente do The Voice que o credenciou ao É de Casa, ao BBB e à Super Dança dos Famosos. É fácil perceber que o mérito é dele se considerarmos os outros apresentadores da franquia The Voice: André Marques e Márcio Garcia não alcançaram tamanho sucesso no comando do formato.
Ou seja, mesmo diante de um formato mais amarrado, é possível dizer a que veio. Tiago conseguiu. E Fátima Bernardes, caso queira mesmo seguir a carreira de animadora, também pode aproveitar esta oportunidade para consolidar tal posto. É uma boa chance de reinvenção, se a apresentadora souber aproveitá-la.
Mas vale registrar que a tarefa será mais complicada agora, quando o The Voice demonstra claro sinal de desgaste. Há anos, o talent show não provoca o mesmo frisson de suas primeiras temporadas. Fátima, então, terá o desafio de se destacar diante de um formato que já cansou o público. Isso sim será um desafio!
André Santana
02/07/2022
1 Comentários
Olá, tudo bem? Fatima Bernardes é jornalista e não apresentadora de entretenimento. Na minha opinião (preciso sempre falar isso...), Fatima deveria ser apresentadora do Globo Repórter. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
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