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"Mar do Sertão" derrapa com protagonistas chatos, mas acerta no bom humor

Tertulinho (Renato Góes), Candoca (Isadora Cruz) e Zé Paulino (Sergio Guizé) em Mar do Sertão
Tertulinho (Renato Góes), Candoca (Isadora Cruz) e
Zé Paulino (Sergio Guizé) em Mar do Sertão (divulgação/Globo)

Há algo de nostálgico no clima criado por Mar do Sertão, nova novela das seis da Globo. Mesmo que a novela de Mário Teixeira não queira partir para o realismo fantástico, o fato de a trama se passar numa cidadezinha do interior do Nordeste mexe com arquétipos que seguem vivos na memória do noveleiro raiz. Brigas familiares, política, coronelismo, um padre, um delegado, um prefeito, uma fofoqueira… está tudo ali!

Este ambiente familiar que, ao mesmo tempo, andava meio sumido da telinha, ajuda a explicar o interesse do espectador da Globo por Mar do Sertão. Em tempos de baixa audiência em todas as emissoras, a trama estreou acima dos 20 pontos, um ótimo número para o horário, e seguiu mantendo a plateia praticamente intacta ao longo de toda a semana. Ou seja, muita gente deu uma chance à novidade, gostou do que viu e seguiu acompanhando a história.

Mar do Sertão se passa em Canta Pedra, pequena cidade onde vivem todos os tipos citados no início do texto. A falta d’água é o grande empecilho dos moradores do local. Por isso, é o dono do único açude da cidade quem dá as cartas por ali, o poderoso coronel Tertúlio (José de Abreu). Por outro lado, o prefeito Sabá Bodó (Welder Rodrigues) quer mostrar sua força política e pretende construir um açude. Para isso, ele não se faz de rogado ao desalojar o humilde Timbó (Henrique Diaz), ludibriando o pobre coitado.

São tipos carismáticos, divertidos e que rendem bons momentos. O texto de Mário Teixeira acerta em cheio ao não fugir das questões sociais do sertão brasileiro, mas o faz sob uma ótica romântica, que combina com o horário das seis. Todos os núcleos possuem humor, o que deixa a trama leve. A primeira semana rendeu momentos divertidos.

O elo mais fraco, pra variar, é o casal protagonista. Candoca (Isadora Cruz) é uma mocinha clássica, romântica e idealista. Porém, o autor caiu na armadilha de tentar construir uma mulher “forte”, mas acabou criando mesmo uma heroína chata. Por mais que ela tivesse suas razões e ótima boa intenção, a maneira como ela se coloca para defender seus ideais é um tanto quanto aborrecida. Ficou estranho ela invadir o gabinete do prefeito apenas para reclamar que um evento da prefeitura foi marcado para o mesmo dia de seu casamento. Zé Paulino (Sergio Guizé) vai pelo mesmo caminho: um herói boa-praça cheio de virtudes, o que o torna um tanto chapado.

Por isso, não é difícil torcer pelo antagonista. Mesmo que a paixão arrebatadora de Tertulinho (Renato Góes) por Candoca tenha sido bem forçada, o tipo acaba se destacando neste triângulo amoroso porque não é uma coisa só. Tertulinho é mimado e um tanto mau-caráter, mas também é um gaiato, debochado e divertido, o que lhe dá um certo carisma. Não estranhem se o público resolver torcer por ele, e não por Zé Paulino.

Mas isso não chega a comprometer a novela, que tem uma trama simpática e personagens carismáticos. Mar do Sertão também acertou ao escalar vários atores nordestinos, que não apenas dão mais credibilidade aos personagens, mas também apresentam novos rostos ao público. O elenco é bom e funcionou bem até aqui.

Paisagens brasileiras, tipos divertidos, bom humor e um ar meio nostálgico formam a receita bem-sucedida de Mar do Sertão. A trama estreou muito bem e tem potencial. 

André Santana

27/08/2022

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3 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Eu não achei os protagonistas chatos... Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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  2. Perfeita a sua crítica, como bate exatamente com aquilo que penso sobre cada personagem e trama desta novela.

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  3. Os protagonistas não sao chatos, são chatos pra cacete!

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