Nair Bello, Lolita Rodrigues e Hebe Camargo no Programa do Jô (reprodução) |
Entre 1998 e 2002, Marluce Dias da Silva respondia pela direção geral da TV Globo, tornando-se uma espécie de sucessora de José Bonifácio de Oliveira, o “poderoso” Boni. A gestão da nova executiva ficou marcada por, entre outras ações, renovar o cast de apresentadores da Globo. Buscando nomes populares, a emissora fez uma verdadeira “limpa” na concorrência, contratando suas principais estrelas.
Da Record, veio Ana Maria Braga. Da Band, chegou Luciano Huck. Da MTV, desembarcou Cazé Peçanha. E do SBT, chegaram Serginho Groisman e Jô Soares. Este último, na verdade, retornava à casa que havia saído no final da década de 1980, em busca do sonho de comandar seu próprio talk show. O sucesso do Jô Soares Onze e Meia, no SBT, fez a Globo apostar, com atraso, no Programa do Jô, a partir de 2000.
Programa do Jô representa bem a efervescência que a Globo vivia na virada do século. Os novos apresentadores contratados pelo canal injetaram frescor à grade da emissora. Alguns deles tiveram um início complicado, é verdade. Mais Você e Caldeirão do Huck demoraram a emplacar, e o Sociedade Anônima mal teve tempo de dizer a que veio. Por outro lado, os “madrugadores vindos do SBT”, Serginho Groisman e Jô Soares, voaram alto em seus novos programas, transformando o fim de noite da Globo em horário nobre.
Naquela primeira semana do Programa do Jô, o público foi brindado com uma entrevista com Roberto Marinho, algo não tão comum na tela da própria Globo. Além disso, um dos primeiros programas de Jô Soares na Globo já nasceu histórico: a reunião de Hebe Camargo, Nair Bello e Lolita Rodrigues é uma edição antológica do talk show, com as tiradas espirituosas das três amigas. É um programa delicioso!
Aliás, aquele encontro rendeu muito em 2000! O trio voltou a se reunir no mesmo palco na terceira edição do Teleton, no SBT. Além disso, o autor Carlos Lombardi revelou o desejo de escrever uma peça de teatro estrelada pelas três artistas. Não rolou, mas o novelista conseguiu reunir Lolita e Nair em cena nas novelas Uga Uga (2000) e Kubanacan (2003). Tentou fazer isso em Pé na Jaca (2006), mas o estado de saúde de Nair Bello não permitiu. Pena!
Em suma: na primeira semana, o Programa do Jô já fez história. Na verdade, continuou a história tão bem iniciada no Jô Soares Onze e Meia, do SBT. E que fez parte de um momento tão peculiar da história da Globo, tornando-se um símbolo de uma renovação de programação que nunca mais se repetiu. Sim, hoje a Globo passa por nova renovação de apresentadores, mas se trata de uma renovação interna. Não mexeu com a concorrência, ao contrário do que aconteceu em 2000.
Programa do Jô chegou ao fim em 2016. Dizem que Jô Soares ficou contrariado com a decisão de encerrar seu famoso talk show. Mas deve ter pesado na decisão da direção da emissora o estado de saúde de Jô, que estava visivelmente mais debilitado na reta final de seu programa. Ainda assim, Jô poderia ter sido aproveitado num projeto semanal. Uma pena que nunca aconteceu.
André Santana
06/08/2022
1 Comentários
Olá, tudo bem? Quando eu era criança, "11 e meia" era muito tarde para mim. É como se fosse 1 da manhã, hoje em dia. Outros tempos. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluir