Band erra feio com mudanças no programa de Faustão

Anne Lottermann, Faustão e João Guilherme comandam Faustão na Band (divulgação)

A Band fez uma aposta ousada quando, no ano passado, investiu uma boa grana numa versão diária do Domingão do Faustão. Afinal, o tradicional dominical da Globo sempre contou com uma ampla estrutura, que sustentava inúmeros quadros e atrações de peso. Apostar na mesma fórmula, mas diariamente, era um risco e tanto. Era fazer cinco “Domingões do Faustão” por semana.

Pois Faustão na Band estreou com esta proposta. O programa surpreendeu com sua estrutura homérica, que em nada devia aos tempos de Globo. As atrações também estavam no mesmo nível: bons convidados, quadros consagrados, tudo muito bem-feito. Parecia realmente que o Domingão do Faustão tinha migrado para a Band.

Mas a conta veio. A emissora apostava na força comercial de Faustão para pagar a conta do amplo investimento. O apresentador até mostrou esta força, atraindo grandes anunciantes, mas, em tempos de crise, a cartela de clientes não foi o suficiente para segurar o rojão. Com isso, a emissora se viu obrigada a apertar o cinto.

No segundo semestre de 2022, Faustão na Band ficou mais enxuto. O programa engavetou alguns  lançamentos previstos, perdeu tempo de arte e tentou dar uma segurada nos gastos. Mas nada comparado a 2023. A nova temporada, no ar há pouco mais de um mês, deixou bem claro que o programa encolheu.

Este ano, o programa conta com uma plateia menor, quadros mais simples e sem ostentação. As famosas bailarinas, por exemplo, agora só aparecem quando é preciso. Senão, o palco fica quase vazio, preenchido apenas pelo apresentador e seus partners, Anne Lottermann e João Guilherme Silva.

Uma coisa ficou clara: a Band aprendeu com o erro. No ano passado, o canal deu um passo maior que a perna ao lançar um programa “faraônico”. Neste ano, está claro que Faustão na Band está sendo produzido dentro das atuais possibilidades. É visível que se trata de uma “versão econômica” do programa. Foi uma medida responsável, afinal!

Mas, para o público, fica claro que o programa vive uma fase “pobre”. Isso se refletiu no conteúdo, bem menos interessante do que o que foi visto no ano passado. A falta de atrações melhores também respingou no Ibope: se a audiência não era lá essas coisas em 2022, em 2023 ela piorou.

Sendo assim, será que a Band não está desperdiçando Faustão e sua equipe num programa tão aquém de sua capacidade? Se não é possível fazer um programa diário como o que foi visto no ano passado, por que não concentrar os esforços num ótimo semanal? Ou, pelo menos, bissemanal? E mais: num horário melhor. Faustão funcionaria melhor na linha de shows, às 22h30.

É compreensível que um programa semanal não fatura tanto quanto um diário. E que a Band não quer abrir mão do alto investimento que fez no ano passado para implantar o programa. Porém, para a imagem do programa, a  mudança realizada é ruim. O público vê que a qualidade caiu. Do jeito que está, dificilmente a audiência vai subir, o que vai afetar o faturamento, enfim. É um círculo vicioso. A insistência da Band em manter Faustão todas as noites ainda vai custar caro ao canal…

André Santana

08/04/2023