Fim de "Faustão na Band" era tragédia anunciada

Faustão na Band (reprodução/Band)

A Band tinha a melhor das intenções ao entregar seu horário nobre a Faustão. Era a chance de a emissora surfar na popularidade e no alto potencial comercial do animador, um dos principais nomes da televisão brasileira. A confiança era tanta que a Band até abriu mão do Show da Fé no horário nobre, algo que o canal ensaia há tempos, mas nunca havia tomado coragem para fazê-lo.

Faustão na Band surpreendeu com a estrutura nababesca. Suas primeiras edições, no ano passado, impressionaram, já que a Band vinha fazendo nada menos que o clássico Domingão do Faustão, mas cinco vezes por semana. E, vale salientar, com a mesma qualidade: convidados de ponta, música boa, quadros divertidos… Na Band, todo dia era domingo!

Há quem acredite que Faustão na Band não escaparia de um cansaço inevitável. Mas há controvérsias. Afinal, Ratinho comanda um programa de auditório diário no SBT há anos e segue lá, firme e forte. Claro, a audiência não é mais a mesma, mas Ratinho tem seu público cativo e fatura bem. Tanto que o SBT não cogita movê-lo do horário nobre.

Ou seja, o grande desafio de Faustão não era o desgaste da fórmula. Mas sim convencer o público a mudar de canal num horário extremamente competitivo. Mais uma vez, cabe a comparação com Ratinho: em seu início, o apresentador batia de frente com a novela das nove da Globo e chegou a roubar preciosos pontos da líder de audiência. Mas, tempos depois, o auge passou e Ratinho, para sobreviver, teve seu programa jogado para mais tarde, na faixa das 22 horas.

Já a Band resolveu que sua maior estrela deveria bater de frente com o Jornal Nacional e a novela das nove. Produtos que, mesmo quando passam por uma má fase (como atualmente), ainda assim se mantêm bastante distante dos concorrentes. A Band tentou ir contra um hábito ao colocar um show de auditório tradicional na faixa das 20h30. E acabou pagando o preço.

Além disso, agora já se sabe, o canal deu um passo maior que a perna. A Band investiu uma grana alta numa megaestrutura para Faustão, mas o retorno nunca veio. Afinal, Faustão tem seu prestígio junto ao mercado, mas os anunciantes esperam audiência. E isso não aconteceu. Assim, a bababesca estrutura do programa de Faustão acabou caindo na cabeça da Band.

Quando finalmente a realidade bateu à porta, a Band tentou lutar. Tratou de enxugar custos e fazer um Faustão na Band mais modesto. Mas foi um tiro no pé. A temporada de 2023 apareceu pobre no vídeo, com quadros fracos, reportagens sem apelo e até uma plateia mais anêmica. Ficou claro aos olhos do público que não era o mesmo programa visto em 2022. Com isso, fatalmente, a audiência caiu ainda mais.

Ingenuidade da Band tentar buscar mais audiência oferecendo um programa muito mais fraco. Se com a bela estrutura do ano passado o público não veio, imagina agora, com uma atração que era apenas uma sombra do que foi visto na temporada anterior. Não tinha como dar certo e não deu.

Resultado: Faustão grava só até semana que vem e Faustão na Band sai do ar em agosto, quando será substituído por uma nova atração. A sensação de fracasso é inevitável. E é uma pena que seja assim, afinal, a Band tinha em mãos um excelente profissional e não soube utilizá-lo adequadamente.

Faustão não ia repetir os bons números da Globo, é verdade, mas o apresentador tinha condições de oferecer resultados muito melhores se tivesse num horário melhor. Será que não passou pela cabeça da emissora e do próprio apresentador fazer um semanal grandioso? Talvez numa noite de quarta-feira, servindo como alternativa ao futebol?

A intenção foi boa, mas de boas intenções…

André Santana

20/05/2023