"Renascer" deve apontar o futuro das novelas da Globo

Humberto Carrão como José Inocêncio em Renascer (reprodução)

O sucesso de Pantanal (2022) foi providencial para a Globo. Num momento em que o canal dispensou muita gente e está com um banco de talentos limitados, refazer um texto de sucesso se mostrou uma saída prática para driblar a falta de grandes autores. Além disso, remontar uma história tão clássica - e atemporal - se mostra uma aposta menos arriscada, afinal, o apelo da trama já foi testado antes.

Sendo assim, não é estranho que o canal tenha se rendido a uma espécie de “onda de remakes”. Muita gente chia deste tipo de análise, afirmando que a Globo sempre fez remakes em sua história. É verdade. Mas também é verdade que, num passado não tão distante, a emissora torcia o nariz para remakes na faixa das 21 horas - tanto que Gilberto Braga tentou refazer Dancin’ Days no horário e foi barrado.

Foi de olho na estratégia de montar algo que já foi testado e aprovado antes que o canal deu o aval para Thereza Falcão e Alessandro Marson tocarem a nova versão de Elas por Elas, atualmente no ar. Mas, ao contrário de Pantanal, a atual novela das 18h não emplacou e está correndo o risco de se tornar um fiasco histórico do horário.

Ou seja, a Globo teve um acerto e um erro na contabilidade da nova safra de remakes. Sendo assim, a nova versão de Renascer, que substitui Terra e Paixão a partir de janeiro, será o fiel da balança desta atual fase da teledramaturgia global. Caso ela emplaque, os remakes devem continuar sendo produzidos. Mas, se não vingar, a emissora terá que buscar novas soluções.

A princípio, são boas as chances da próxima novela das nove da Globo. Afinal, Benedito Ruy Barbosa é um autor que vem sendo revisitado pela emissora há cerca de 20 anos e nunca decepcionou. Todos os remakes baseados em sua obra vingaram: Cabocla (2004), Sinhá Moça (2006) e Paraíso (2009) registraram ótimos índices de audiência. A exceção foi Meu Pedacinho de Chão (2014), mas, neste caso, trata-se mais de um projeto experimental do diretor Luiz Fernando Carvalho do que um remake convencional da obra de Benedito.

No entanto, Renascer pode enfrentar alguma resistência, afinal, ela é bem parecida com Pantanal. E a Globo não faz questão de esconder tal semelhança, a ponto de escalar boa parte do elenco da trama de 2022 para seu próximo folhetim. Marcos Palmeira, Camila Morgado, Almir Sater e Irandhir Santos são alguns dos nomes que se repetem.

Assim, se Renascer for um grande sucesso, são grandes as chances de outros remakes ventilados pela imprensa nos últimos meses saírem do papel - caso da nova Vale Tudo, que estaria à cargo de Manuela Dias. A próxima novela das nove da Globo é que vai ditar os próximos rumos da teledramaturgia da emissora.

André Santana

04/11/2023