Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo) em Terra e Paixão (reprodução) |
Depois da polêmica envolvendo o veto da Globo ao beijo entre Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em Vai na Fé, o portal Notícias da TV informou que a orientação partiu de Amauri Soares, diretor geral dos Estúdios Globo. O diretor, de olho no público evangélico e conservador, também teria pedido aos outros autores “pegar leve” nas histórias envolvendo casais gays nas novelas.
A emissora negou tal orientação, mas é fato que a Globo encaretou em 2023. Tanto que, além dos beijos vetados em Vai na Fé, ainda vimos um personagem gay virar hetero em Amor Perfeito (2023) - Érico (Carmo Dalla Vecchia) começou a novela nos braços de Romeu (Domingos de Alcantara), mas terminou casado com Verônica (Ana Cecília Costa). Já em Terra e Paixão, o casal formado por Mara (Renata Gaspar) e Menah (Camilla Damião) não teve espaço.
Mas, por mais que a Globo esteja de olho no público conservador, não são os conservadores que dão audiência ao canal. Prova disso é que Terra e Paixão nunca havia batido os 30 pontos no Kantar Ibope Media desde sua estreia, em maio deste ano. A novela só alcançou tal marca ao exibir o pedido de casamento entre Kelvin (Diego Martins) e Ramiro (Amaury Lorenzo).
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O casal sempre foi o favorito do público, mas, ainda assim, vinha sendo levado com parcimônia em Terra e Paixão. Durante vários capítulos, os rapazes eram vistos apenas em cenas mais cômicas, como os famigerados “apertõezinhos” e os sonhos de Ramiro. O romance, no entanto, evoluiu nos mais recentes capítulos, com direito a um beijo cinematográfico.
O “beijão”, normalmente reservado apenas aos casais heteros em novelas, foi celebrado pelo público. Ou seja, a audiência de Terra e Paixão torce para que Kelvin e Ramiro se tornem um casal de verdade, com tudo o que um casal tem direito. A boa audiência da novela e a comemoração do público provam isso.
Em suma: a Globo, com suas orientações caretas, está remando contra a maré. Enquanto a emissora tenta fisgar o público mais conservador, sua “audiência real” quer ver diversidade na tela, com tudo o que tem direito. Não adianta a Globo tentar retroceder: o avanço diante deste tabu, felizmente, é um caminho sem volta.
André Santana
13/12/2023
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