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| Zezé Polessa e Marília Pêra em Garotas do Programa (reprodução/Memória Globo) |
Em 2000, a Globo promoveu uma grande reformulação em sua programação. Foi o ano em que o canal lançou os novos programas de Luciano Huck, Jô Soares e Serginho Groisman, além de promover uma ampla mudança na programação infantil e estrear a versão diária do Globo Rural.
Em meio a tantas novidades, uma das grandes apostas era o humorístico Garotas do Programa, exibido nas noites de sexta-feira, após o Globo Repórter. Dirigido por Rosane Svartman, autora de novelas de sucesso como Bom Sucesso (2019) e Vai na Fé (2023), a atração foi vendida como a “versão feminina” do Casseta & Planeta, Urgente!, mas, ao contrário do “original”, a novidade se revelou um grande desastre.
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Mulheres do “Casseta”
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| Drica Moraes em Garotas do Programa (reprodução/Memória Globo) |
Na virada do século, a trupe do Casseta & Planeta vivia o auge de sua popularidade. A atração estreou em 1992, como um programa mensal, mas se tornou semanal a partir de 1998, fixando-se nas noites de terça-feira. Bussunda, Hubert e cia, ao lado de Maria Paula, divertiam o público com irreverência e deboche, além das famigeradas sátiras de novela.
Diretor do humorístico, José Lavigne vinha conquistando prestígio dentro da Globo por conta do sucesso da atração. Assim, ele encabeçou o novo Garotas do Programa, que tinha origem muito parecida com a do Casseta & Planeta. O clássico humorístico era uma criação da trupe que nasceu a partir de dois jornais de humor, o Casseta Popular e o Planeta Diário.
Já o novo programa, de mulheres, também tinha origem em uma publicação de humor, lançada pela trupe de humoristas O Grelo Falante, formada pelas atrizes Suzana Abranches, Claudia Ventura, Lucília de Assis e Carmen Frenzel. Mas, ao contrário dos Cassetas, que atuavam, as meninas do Grelo Falante não apareciam diante das câmeras e eram responsáveis pela redação do programa.
Em cena, Garotas do Programa contava com Marília Pêra, Zezé Polessa, Betty Gofman e Drica Moraes, atrizes bastante relacionadas à comédia. Completavam o time Camila Pitanga, fazendo humor pela primeira vez, e a então estreante Mariana Hein.
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O programa
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| Camila Pitanga em Garotas do Programa (reprodução/Memória Globo) |
Garotas do Programa era, assim como o Casseta, um programa de esquetes de humor. A equipe de redatoras, encabeçada por Claudia Valli, não negava as semelhanças entre os dois produtos.
"São estilos parecidos, mas o que nos diferencia deles é que trazemos um ponto de vista feminino", declarou Claudia à Folha de S. Paulo, em 2 de abril de 2000.
Para tocar a empreitada, José Lavigne contava com o apoio de Rosane Svartman. atualmente uma novelista festejada na Globo.
"O Casseta é boçal, com uns caras feios e desarrumados. O Garotas é bonitinho, com uma cenografia bem cuidada. Tive de tomar cuidado, porque cheguei com a mão pesada do Casseta. Ainda bem que a Rosane (Svartman) dividiu responsabilidades comigo", declarou José Lavigne sobre a colega.
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Fiasco
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| Betty Gofman em Garotas do Programa (reprodução/Memória Globo) |
Apesar das boas intenções, Garotas do Programa não funcionou na prática. A atração recebeu uma saraivada de críticas, sobretudo em razão de sua insistência em fazer piadas envolvendo homens, como se o universo feminino se resumisse a isso.
Além disso, o programa foi um desastre na audiência. Em 2000, o SBT turbinou suas sessões de filmes ao firmar acordos milionários com distribuidores internacionais, como Disney e Warner. Com isso, a Tela de Sucessos, exibida às sextas-feiras, passou a contar com longas arrasa-quarteirão que, em pouco tempo, assumiram a liderança na audiência.
Assim, Garotas do Programa ficou no ar apenas entre abril e agosto de 2000. Na tentativa de barrar os filmes do SBT, a Globo derrubou todos os programas da chamada “segunda linha de shows” para lançar a minissérie Aquarela do Brasil. Além do Garotas do Programa, foram extintos o Muvuca (às terças) e Você Decide (às quintas).
André Santana
04/01/2024
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