Leopoldo Pacheco como César em Fuzuê (reprodução) |
Fuzuê estreou agradando com a intenção de resgatar o humor descompromissado típico da faixa das 19h. Porém, a trama envolvendo a caça ao tesouro acabou deixando a história maçante, em razão da repetição e do excesso de enigmas. O autor Gustavo Reiz criou charadas demais e não deixou o público se envolver com o lado humano dos personagens da trama. Com isso, a audiência desabou.
Ricardo Linhares assumiu a supervisão de texto e resolveu alguns problemas na estrutura narrativa. Os enigmas perderam força e se estabeleceu melhor a rivalidade de Luna (Giovana Cordeiro) e Preciosa (Marina Ruy Barbosa), que saiu do discurso e ganhou mais ação. Além disso, personagens promissores, como Bebel (Lilia Cabral) finalmente ganharam espaço e história.
Parecia que as coisas estavam entrando nos eixos. Mas Fuzuê voltou a derrapar ao entrar numa nova fase. César (Leopoldo Pacheco), o pai de Preciosa e Luna que havia sido dado como morto, reapareceu, provocando uma reviravolta. O personagem também assumiu as maldades da novela, e aí a coisa desandou.
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Baixo astral
Com César como novo vilão, Fuzuê perdeu o colorido inicial e se tornou uma novela sombria. O personagem é pesado, que age sorrateiramente e parece capaz de tudo. A partir de sua chegada, Preciosa, que tinha perfil de vilã de desenho animado, acabou perdendo fôlego nessa nova fase. Tudo está mais sério.
Além disso, a novela das sete tem pisado fundo no dramalhão. Atualmente, além das maldades de César, Pascoal (Juliano Cazarré) e Rui (Pedro Carvalho), a novela explora a doença de Maria Navalha (Olívia Araújo). Uma personagem solar que acabou se apagando.
Está tudo tão baixo astral que as cenas cômicas já parecem descoladas do restante da novela. Neste contexto, alguns tipos mais engraçados, como Jefinho Sem Vergonha (Micael Borges), ficaram meio deslocados.
Fuzuê perdeu a graça, o colorido, o nonsense. Está mais sombria, dark, pesada. E o pior: pouco envolvente. As novas tramas, além de descaracterizar a novela, não envolvem o público. Pelo contrário, afugenta quem comprou a ideia inicial. Fuzuê se perdeu totalmente e, aparentemente, não tem mais solução.
André Santana
24/01/2024
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