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Simpática, Elas por Elas divertiu quem embarcou na proposta

Elenco de Elas por Elas
Elenco de Elas por Elas (divulgação)

Não é difícil entender os motivos que fizeram de Elas por Elas um fiasco de audiência. A versão de Thereza Falcão e Alessandro Marson da obra de Cassiano Gabus Mendes teve suas razões para causar rejeição da audiência. O horário equivocado é um deles, mas não chegou a ser determinante para o fiasco.

Ao meu ver, um dos principais fatores da rejeição se deu por conta do formato adotado. A trama baseada em sete protagonistas que lideram núcleos distintos, deixou uma parcela do público confusa - e isso foi apontado no grupo de discussão sobre a trama. Além disso, foi uma novela essencialmente de estúdio, enxuta, com poucos cenários, o que desagradou quem está acostumado com novelas mais  suntuosas da Globo. E mais: houve um descompasso inicial entre texto e direção que causou estranheza.

Outro motivo: o saudosismo. Quem acompanhou a versão de 1982 simplesmente torceu o nariz para a releitura, bem diferente da história original. Houve quem esperasse uma versão mais fiel - o que seria impossível nos dias de hoje. 

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Melodrama 

Mas quem conseguiu driblar estes obstáculos, sem dúvidas, se divertiu assistindo a Elas por Elas. Thereza Falcão e Alessandro Marson criaram um novelão cheio de intrigas e reviravoltas, oferecendo viradas de tirar o fôlego. Além disso, a novela contava com bons personagens, ótimos diálogos e situações interessantes.

No início, os autores da adaptação tentaram manter o estilo de crônica característico de Cassiano Gabus Mendes. A história do reencontro de Lara (Deborah Secco), Taís (Késia), Helena (Isabel Teixeira), Adriana (Thalita Carauta), Carol (Karine Teles), Renée (Maria Clara Spinelli) e Natália (Mariana Santos) começou leve, bem humorada, muito focada em situações.

Porém, os próprios autores admitiram que a fórmula inicial não funcionou. Por isso, aos poucos, o humor foi ficando em segundo plano, e a novela pisou fundo no dramalhão. O melodrama tomou conta, sobretudo no núcleo de Helena, que tinha situações mais folhetinescas.

A rivalidade entre a vilã e Adriana era típica dos folhetins. Além disso, o clã escondia os principais segredos da história, como a troca dos bebês Giovanni (Filipe Bragança) e Marcos (Luan Argollo). E mais: foi Sérgio (Marcos Caruso), o pai de Helena, quem matou Bruno (Luan Argollo), o principal mistério da novela.

Neste contexto, Adriana foi uma ótima mocinha - aliás, foi muito bom ver Thalita Carauta no papel de uma mulher comum e cheia de conflitos. Que atriz versátil! Já Helena se mostrou uma ótima vilã desde o início, e que só fez evoluir até o final da novela. Isabel Teixeira foi um dos grandes destaques da novela.

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Protagonistas brilharam

A trama envolvendo Adriana, Helena e suas famílias dominou a narrativa de Elas por Elas. Mas as demais protagonistas também brilharam. Há quem diga que Deborah Secco estava se repetindo como Lara, mas há de se convir que a atriz faz muito bem este papel. O romance com Mário Fofoca (Lázaro Ramos, ótimo também!) foi gracioso.

Renée, a mais sofredora das amigas, exigiu muito de Maria Clara Spinelli, mas o saldo final foi muito positivo. Késia também se destacou como Taís e se mostrou uma grata surpresa. Karine Teles, sempre eficiente, soube contornar todas as nuances de Carol, uma personagem difícil, já que suas questões eram mais internas. E Mariana Santos demorou um pouco para achar o tom de Natália, mas conseguiu deslanchar.

Sobre as duas últimas, só se lamenta que o romance (acertadíssimo) entre elas tenha ficado apenas para o fim. Quem acompanhou a novela já tinha percebido que Natália era apaixonada por Carol, mas ela só admitiu isso na reta final. Se a sexualidade da fotógrafa tivesse sido abordada antes, Natália não ficaria tão focada somente no mistério de Bruno, o que seria benéfico para o seu desenvolvimento.

Com isso, a história dela acabou ficando desperdiçada, pois só decolou no fim. Até porque havia a expectativa de que ela se envolvesse com Lígia (Paula Burlamaqui) - já que, na primeira versão, Natália (Joana Fomm) se apaixonou por Décio (Marco Nanini), seu terapeuta. Poderia ter havido um romance entre Natália e Lígia antes do final feliz com Carol. Aliás, aparentemente, era essa a intenção, já que Lígia foi entregue a Paula Burlamaqui, uma atriz que costuma fazer personagens maiores. Parece que os autores desistiram da história em seu andamento, já que Lígia praticamente sumiu da trama, reaparecendo apenas na reta final.

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Final eletrizante

Elas por Elas ganhou muito depois que se desprendeu totalmente da versão original e passou a contar uma história 100% inédita, a partir do capítulo 100. A novela ganhou um gás e promoveu várias viradas, com as constantes revelações de segredos que geravam momentos de catarse.

O dramalhão, inclusive, se revelou bem-sucedido, já que a audiência subiu na reta final. Todas as situações foram muito bem amarradas pelos autores, que sacaram várias cartas da manga para promover momentos de fortes emoções.

Tudo isso desembocou para um final tradicional, com a punição dos vilões e a felicidade dos heróis. Além disso, foi uma boa sacada terminar a novela com uma nova reunião entre as sete amigas, todas já mais velhas. Isso também aconteceu na versão original, mas sem a passagem de tempo. Deste modo, a sequência serviu como uma homenagem à trama de 1982, além de encerrar a história de uma maneira simpática e otimista. Valeu!

André Santana

13/04/2024

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