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Três acertos de Elas por Elas que foram ofuscados pelo fiasco da trama

Renée (Maria Clara Spinelli) e Taís (Késia) em Elas por Elas
Renée (Maria Clara Spinelli) e Taís (Késia) em Elas por Elas (reprodução)

Elas por Elas saiu de cena como a pior audiência do horário das seis da Globo. Isso acabou ofuscando os vários acertos da novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson, que recriaram o clássico de Cassiano Gabus Mendes. 

Ao contrário de Renascer, que soa anacrônica em vários momentos, Elas por Elas foi atualizada de maneira eficiente pelos autores. Com isso, a nova versão da trama se revelou uma novela moderna, bastante antenada com a contemporaneidade.

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Diversidade

Um dos acertos de Elas por Elas foi tratar da diversidade de uma forma natural e inclusiva. A trama trouxe personagens negros em posição de destaque sem levantar discurso. O mesmo aconteceu com a inclusão de pessoas LGBTQIAP+ e PCD.

Haviam vários personagens negros entre os protagonistas, como Taís (Késia), Mário Fofoca (Lázaro Ramos) e Adriana (Thalita Carauta), entre vários outros. Os autores optaram por mostrar negros como pessoas bem-sucedidas, sem entrar na questão do racismo. Claro que o racismo pode e deve continuar sendo discutido em novelas. Mas, ao retratar a diversidade de forma natural, os autores criaram um “mundo ideal”, normalizando algo que deveria ser considerado normal - mas, que, infelizmente, ainda não é na vida real. Que ao menos a ficção inspire e ensine!

O mesmo aconteceu com Renée (Maria Clara Spinelli), uma mulher trans. Ela até foi vítima de transfobia do cunhado, mas a história da personagem não era sobre ela ser trans. O fato de Renée ser transexual era apenas uma de suas várias características. Isso ajuda a fazer o espectador desavisado a encarar a temática com a naturalidade que sempre deveria acontecer.

O cadeirante Carlinhos (Luciano Mallmann) também teve o mesmo tratamento. Ele não estava ali para ser o merchandising social da novela e ficar falando o tempo todo de sua condição. Carlinhos tinha história própria e ser cadeirante era apenas uma de suas várias características.

O romance entre Natália (Mariana Santos) e Carol (Karine Teles) também foi encarado com naturalidade. Nem ao menos houve alarde para as cenas de beijo entre elas. Num momento em que a Globo vinha se mostrando mais conservadora, isso é algo a ser celebrado.

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Temas contemporâneos

Além de tratar as diferenças com naturalidade, Elas por Elas também adotou discursos contemporâneos interessantes. A trama falou sobre amizade entre mulheres, e também levantou discussões sobre ecologia, causa animal, assédio no trabalho e outros temas urgentes.

Reinvenção de personagens

Personagens de Elas por Elas que não cabem mais nos dias de hoje foram reinventados. Yeda (Castorine), que era constantemente ridicularizada por ser feia na primeira versão - vivida por Cristina Pereira - , transformou-se numa mulher bonita e bem-resolvida, mesmo não sendo considerada “padrão”.

Já Edu (Luis Navarro), que era Renê (Reginaldo Faria) na primeira versão, também foi modificado. Em 1982, o jeito mulherengo dele era tratado com humor, fazendo o tipo “adorável cafajeste”. Mas, no remake, Edu se deu mal após trair a esposa constantemente. Seu jeito tóxico foi apontado ao longo da trama.

André Santana

17/04/2024

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