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História de Buba é o erro e o acerto do remake de Renascer

Gabriela Medeiros como Buba em Renascer
Gabriela Medeiros como Buba em Renascer (divulgação)

Faltando pouco menos da metade para seu término, o remake de Renascer não conseguiu repetir o êxito de Pantanal (2022). O autor Bruno Luperi, responsável pela adaptação, tem feito boas mexidas no texto do avô Benedito Ruy Barbosa, mas as mudanças não foram o suficiente para elevar a audiência e, principalmente, aumentar a repercussão em torno da obra.

A história de Buba (Gabriela Medeiros) expõe bem quais são os erros e os acertos do autor na obra clássica. Bruno Luperi optou por fazer da atual Buba uma mulher trans - na primeira versão, ela era intersexo - e, acertadamente, deu mais profundidade à personagem. A mudança se revelou muito acertada.

Com Buba trans, Luperi joga luz ao tema da transexualidade, o que é sempre bastante oportuno. Renascer acerta ao tratar do tema de uma maneira delicada, sensível, fazendo o público compreender melhor as motivações da personagem. Além disso, o autor tomou o cuidado de dar uma vida à personagem, com a intenção de torná-la uma pessoa de verdade, buscando a identificação do público.

A Buba de 1993, vivida por Maria Luisa Mendonça, não tinha vida própria. A personagem orbitava em torno de José Venâncio (Taumaturgo Ferreira/Rodrigo Simas) e, depois da morte dele, de José Augusto (Marco Ricca/Renan Monteiro). Já a Buba atual tem uma carreira, amigos e um passado que precisa resolver.

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Drama familiar

Desde o início da novela, Buba deixou claro que foi expulsa de casa pelos pais e que carregava a dor da rejeição. Porém, para o público conseguir compreender o que Buba sentia, o caminho mais eficiente era mostrar como tudo aconteceu, ao invés de ficar apenas na conversa.

Por isso, foi um acerto incluir o reencontro de Buba com os pais, Meire (Malu Galli) e Humberto (Guilherme Fontes). Foram sequências de pura emoção, nas quais o público acompanhou o remorso de Meire, que sempre se culpou por não compreendê-la e apoiá-la, e o rancor de Humberto, que preferiu continuar negando a existência da filha.

O acerto de contas com o passado deu uma nova dimensão a Buba. O que foi benéfico para o desenvolvimento da personagem, que estava andando em círculos há algum tempo. Além disso, as cenas renderam ampla repercussão, provando que as sequências mexeram com o público.

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Depois do acerto, o erro

Porém, depois que foi embora de sua cidade natal, Buba voltou ao ramerrame de sempre. A psicóloga voltou à história da gravidez de Teca (Livia Silva) e aos problemas de José Inocêncio (Marcos Palmeira). A personagem deve continuar se desenvolvendo - assim esperamos -, mas seu passado deve ser novamente enterrado.

Isso mostra bem os erros de Renascer que podem ajudar a explicar o desempenho morno da trama. Luperi tem feito mudanças no texto de Benedito Ruy Barbosa, o que é bom. Porém, a maior parte destas mudanças não trazem efeitos práticos nos rumos da narrativa. Funcionam quase como uma novela dentro da novela.

Em Pantanal aconteceu algo parecido. O autor incluiu cenas das queimadas no bioma, para alinhar a novela aos tempos atuais. No entanto, as cenas não tinham qualquer relação com o enredo da história. Ficou uma sequência solta, sem influir em nada no andamento da narrativa. 

Fica a torcida para que isso não aconteça desta vez. Que a volta ao passado de Buba sirva para que a personagem evolua, o que seria uma transformação e tanto. Afinal, vale lembrar que, em 1993, Buba simplesmente desaparece da história depois que engata um romance com José Augusto. A personagem teve um final antecipado e virou figurante de luxo até o desfecho da trama. Que desta vez seja diferente!

André Santana

25/05/2024

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1 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Discordo de sua visão. O autor errou em transformar a personagem "hermafrodita", expressão dos anos 90, em trans, vocábulo atual. Buba, até hoje, é a única personagem intersexo da história da teledramaturgia brasileira. Por outro lado, o adaptador acertou em cheio ao resgatar as raízes de Buba. Na realidade, é uma personagem completamente diferente da obra original diante das interpretações de Maria Luisa Mendonça e Gabriela Medeiros. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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