Juliana Knust, Sergio Marone e Igor Rickli em Apocalipse (divulgação) |
Considerada uma das novelas menos bem-sucedidas da fase bíblica da teledramaturgia da Record, Apocalipse (2017) conseguiu o feito de emplacar uma segunda reprise na programação da emissora. A trama está de volta nas tardes do canal a partir de 27 de maio, substituindo A Terra Prometida (2016).
A trama, baseada no livro da Bíblia de mesmo nome, é a única novela baseada no livro sagrado a contar uma história contemporânea. A produção narra a saga de Ricardo Montana (Sergio Marone), um poderoso empresário que se revela o anticristo. Enquanto ele planeja a Cidade do Futuro, a repórter Zoe (Juliana Knust) começa a investigar o desaparecimento de pessoas.
Trata-se do arrebatamento, evento do apocalipse no qual Deus retira os verdadeiros cristãos da Terra. Depois disso, eclode uma grande guerra, indicando que o fim do mundo está próximo.
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Trama conturbada
Exibida entre 21 de novembro de 2017 e 25 de junho de 2018, Apocalipse foi considerada um fiasco na época de sua primeira exibição. Com média de 8 pontos no Ibope - resultado que seria comemorado hoje em dia -, a trama não repetiu o sucesso de suas antecessoras Os Dez Mandamentos (2015), A Terra Prometida e O Rico e Lázaro.
Além disso, a trama foi alvo de várias críticas e teve bastidores conturbados. A autora Vivian de Oliveira chegou a pedir para sair da novela. Na época, a justificativa foi de que a profissional pediu um período sabático. No entanto, rumores nos bastidores indicavam que ela teria ficado insatisfeita com as intervenções de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo e mandachuva da teledramaturgia da Record.
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Reprise oportunista
No ano passado, a faixa de reprise de novela vespertina da Record interrompeu o repeteco de novelas tradicionais - como Prova de Amor (2005) ou Chamas da Vida (2008) - para apostar nas tramas bíblicas. Vieram, então, as reprises de Os Dez Mandamentos e A Terra Prometida, todas com bons índices de audiência.
Assim, a reprise mais óbvia agora seria O Rico e Lázaro, que substituiu A Terra Prometida originalmente. No entanto, a Record resolveu apostar em Apocalipse, um fiasco que, definitivamente, não caiu nas graças do público da emissora.
Curiosamente, a primeira reprise de Apocalipse se deu durante o auge da pandemia da covid-19. Um momento nada oportuno para mostrar uma novela sobre o fim do mundo. Agora, o segundo repeteco da trama acontece justamente em meio às tragédias das chuvas no Rio Grande do Sul. Vale lembrar que a primeira cena da novela mostra um tsunami destruindo uma cidade.
Não é coincidência. Apocalipse é uma das novelas mais doutrinárias da Record. Sendo assim, a emissora utiliza momentos tristes, como a crise sanitária de 2020 e as tragédias no Rio Grande do Sul, para reforçar a mensagem de que o apocalipse bate à porta e as pessoas precisam procurar a igreja - e não qualquer igreja…
Ou seja, trata-se de uma reprise oportunista dentro da estratégia doutrinadora da emissora. Se o canal estivesse pensando em audiência, reprisaria O Rico e Lázaro. Mas preferem mostrar Apocalipse, mesmo sabendo que a audiência vai cair. As prioridades da emissora estão bem claras.
André Santana
20/05/2024
1 Comentários
Se a Record NÃO FOSSE oportunista, aí sim é que veríamos uma surpresa rs...
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