Andrea Beltrão é o maior acerto de No Rancho Fundo

Andrea Beltrão como Zefa Leonel em No Rancho Fundo (divulgação)

O autor Mário Teixeira foi sagaz na criação do eixo central de No Rancho Fundo. Ao invés de fazer a história girar em torno da mocinha Quinota (Larissa Bocchino), o novelista optou por fazer de Zefa Leonel (Andrea Beltrão) a grande protagonista do enredo. Com isso, a trama central da novela ganhou cores maduras, além de dar espaço para Andrea Beltrão brilhar.

Zefa Leonel é uma excelente personagem. É um tipo complexo, cheio de camadas. É uma mulher simples, mas não simplória. É esperta, astuta, capaz de perceber a movimentação do inimigo de longe. Ao mesmo tempo, é valente, chegando até a exagerar em suas reações - o que a levará à cadeia nos próximos capítulos, inclusive.

E Andrea Beltrão é uma atriz da melhor qualidade, o que não é nenhuma surpresa. Veterana da televisão brasileira, a estrela tem poucas novelas no currículo, o que faz com que sua presença numa trama sempre seja encarada como uma lufada de ar fresco. Não é um rosto repetido de novelas, o que tanto cansa o espectador da Globo.

Andrea fez várias novelas nos anos 1980 e 1990, mas sumiu do formato depois de As Filhas da Mãe (2001) ao ser escalada para várias séries. Foi elogiada em seu retorno ao segmento em Um Lugar ao Sol (2021), como a sofisticada Rebeca. Agora, em No Rancho Fundo, ganha uma merecida protagonista, num momento de evidente maturidade cênica. 

Não é a primeira protagonista da atriz em novelas, já que ela estrelou Vira Lata (1996). Porém, a trama de Carlos Lombardi foi problemática e obrigou o autor a fazer mudanças. Com isso, a personagem de Andrea Beltrão perdeu espaço. Desta vez, ela é a estrela de fato e de direito.

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Veteranos em cena

Andrea Beltrão não brilha sozinha em No Rancho Fundo. A atriz está ao lado de outros veteranos que carregam a novela das seis nas costas. Alexandre Nero (Tico Leonel), Eduardo Moscovis (Ariosto) e Debora Bloch (Deodora) formam com ela um quarteto poderoso na trama.

A rivalidade entre Zefa Leonel e Deodora, aliás, é o ponto alto da história. O autor conseguiu criar uma trama envolvendo as inimigas que só fez crescer a personagem de Debora Bloch, vinda de Mar do Sertão (2022), novela na qual não foi tão bem aproveitada como poderia. Outro vilão, o Ariosto de Eduardo Moscovis crescerá nos próximos capítulos ao iniciar um flerte com Zefa Leonel. 

É importante que a Globo faça lançamentos nas novelas das seis, como Larissa Bocchino e Tulio Starling (Artur). Mas também é importante que esses novos valores estejam amparados em veteranos experientes. Nesse sentido, No Rancho Fundo alcançou um equilíbrio que justifica o sucesso da novela.

André Santana

08/06/2024