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O Sétimo Guardião: de quem foi a culpa do fiasco histórico?

Bruno Gagliasso e o gato Leon em O Sétimo Guardião
Bruno Gagliasso e o gato Leon em O Sétimo Guardião (divulgação)

Fora da TV desde o fim de seu contrato com a Globo, em 2020, Aguinaldo Silva voltou aos holofotes recentemente em razão do lançamento de seu livro de memórias. Em Meu Passado me Perdoa: Memórias de uma Vida Novelesca, o autor relembra várias passagens interessantes de sua vida e carreira.

Autor de alguns dos maiores sucessos da teledramaturgia nacional - Roque Santeiro (1985), Tieta (1989), A Indomada (1997) e Senhora do Destino (2004), entre outras -, Silva também teve seus tropeços em sua carreira como novelista. O pior deles foi justamente sua última novela, O Sétimo Guardião (2018), que saiu de cena como um dos maiores fiascos da história da Globo.

Em seu livro, Aguinaldo Silva relembra sua última novela na Globo e confessa que até ele mesmo desistiu da trama durante sua exibição. O autor também apontou o culpado pelo fracasso, atribuindo ao diretor Allan Fiterman - atualmente à frente de No Rancho Fundo - a principal razão pelo insucesso da novela.

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Qual a história de O Sétimo Guardião?

O Sétimo Guardião foi anunciada como a volta de Aguinaldo Silva ao realismo fantástico, característica “herdada” de Dias Gomes que esteve presente em boa parte de suas novelas passadas em cidadezinhas do interior do Nordeste. Pedra Sobre Pedra (1992), Fera Ferida (1994) e Porto dos Milagres (2001) foram alguns de seus folhetins que beberam desta fonte.

A trama se passava na pequena cidade de Serro Azul, onde uma fonte de águas milagrosas era protegida por sete guardiões. Egídio (Antonio Calloni), o prefeito Eurico (Dan Stulbach), a cafetina Ondina (Ana Beatriz Nogueira), o médico Aranha (Paulo Rocha), o delegado Machado (Milhem Cortaz), o mendigo Feliciano (Leopoldo Pacheco) e a esotérica Milu (Zezé Polessa) eram os responsáveis por proteger esse segredo.

Quando Egídio morre, o gato Leon - que, na verdade, é Murilo (Eduardo Moscovis), um antigo guardião - vai atrás de Gabriel (Bruno Gagliasso), filho de Egídio. O rapaz, que vive em São Paulo, entende que sua missão é assumir o lugar do pai e se tornar o líder dos guardiões e proteger a fonte de pessoas mal intencionadas. Mas, para isso, ele precisa abrir mão de seu romance com Luz (Marina Ruy Barbosa), por quem se apaixona.

Porém, sua mãe Valentina Marsala (Lilia Cabral) e seu inimigo Olavo (Tony Ramos) também vão à Serro Azul atrás dos mistérios em torno da fonte.

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Fiasco histórico

O Sétimo Guardião
O Sétimo Guardião (divulgação)

O Sétimo Guardião foi muito aguardada pelos noveleiros, já que era a primeira vez em muitos anos que uma novela das nove deixava a realidade de lado e embarcava numa fantasia. Porém, quando a novela entrou no ar, a frustração foi geral.

A novela passava longe do charme das tramas fantásticas anteriores de Aguinaldo Silva. Normalmente, a fantasia do autor era permeada por personagens fortes, carregados nas tintas, e sempre com bom humor. Novelas como Tieta e A Indomada arrancavam boas gargalhadas do público e são lembradas até hoje por seus personagens marcantes.

Já O Sétimo Guardião não tinha graça e nem personagens carismáticos. Tudo era soturno demais. Além disso, o mistério em torno da fonte não fazia sentido. As tais águas milagrosas nunca foram usadas para o bem na novela e, por isso, não ficava claro para o público a importância de proteger a fonte. A “mitologia” da novela foi mal construída e o público não embarcou na fantasia.

Resultado: O Sétimo Guardião foi um fracasso, com 28,7 pontos de média, uma das piores audiências do horário até então - à frente apenas de Babilônia (25,4), A Lei do Amor (27,2) e A Regra do Jogo (28,5).

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A culpa é do diretor?

Em seu livro de memórias, Aguinaldo Silva atribui ao diretor Allan Fiterman parte da culpa pelo fiasco. Fiterman era o diretor geral da novela, enquanto Rogério Gomes, o Papinha, assinava como diretor artístico.

"Quem deu o tom da novela e pode-se dizer que assumiu seu comando foi Allan Fiterman, um diretor que fazia parte da equipe [de Papinha], sem que, por uma falha de comunicação não sei de quem, me informassem sobre isso antes de iniciados os trabalhos", relembrou Silva.

"O problema é que o novo diretor fez a leitura da novela como se ela fosse uma história de terror, e não de realismo mágico. A diferença entre um gênero e outro é abissal, como os fãs de um e outro sabem", continuou.

"[A novela] Se transformou numa trama cheia de eventos de grande impacto, mas fora do contexto e inexplicáveis", seguiu o veterano, afirmando ainda que algumas cenas, falas e ações foram limadas, o que teria deixado as tramas mais confusas.

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Mea culpa

De fato, os fãs do realismo fantástico de Aguinaldo Silva estranharam o tom sombrio de O Sétimo Guardião, bastante destoante de suas novelas anteriores. Ao revelar que falas e ações foram cortadas, o autor também explica parte das falhas da construção da mitologia da novela.

Mas isso não exime a culpa do autor. O Sétimo Guardião não foi uma novela muito inspirada, e o erro de concepção do diretor apenas agravou os problemas que a trama já tinha. É estranho que nunca tenha se estabelecido um diálogo entre a direção e a autoria da novela para que o tom fosse definido em conjunto.

Sabe-se que descompassos entre autor e diretor podem comprometer uma novela. Gloria Perez, por exemplo, pediu a cabeça de Jayme Monjardim quando percebeu que América (2005) não estava do jeito que ela imaginou. Recentemente, Amora Mautner teve que fazer ajustes em Elas por Elas (2023) para que sua direção ficasse mais alinhada ao texto de Thereza Falcão e Alessandro Marson.

Ou seja, fica claro que Aguinaldo Silva não apenas escreveu um texto pouco inspirado, como não foi capaz de brigar por sua novela. Concluindo: ninguém estava se esforçando para fazer O Sétimo Guardião dar certo. E o próprio autor soltou a mão de sua obra, como ele mesmo revelou no livro:

“Sim, a novela não deu certo porque o diretor resolveu reescrevê-la na sua direção, mas o fato é que também errei, pois, mesmo percebendo isso, deixei o barco correr solto”, admitiu. "Deixei que a corrente levasse O Sétimo Guardião para onde o diabo a carregasse, escrevi sozinho os últimos 18 capítulos já em Portugal, onde buscava refúgio, e, quando eles foram ao ar, nem sequer me dei ao trabalho de vê-los. E não os vi até hoje, nem estou interessado", finalizou Aguinaldo.

André Santana

27/07/2024

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1 Comentários

  1. Olá, tudo bem? Não considero O Sétimo Guardião uma das piores novelas da faixa horária dos últimos anos. Não jogo tanta pedra assim. Babilônia e A lei do Amor foram bem piores. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br

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