Estrela da Casa estreia sem foco e desgasta formato do BBB

Ana Clara Lima no Estrela da Casa (divulgação)

Não dá pra assistir ao Estrela da Casa sem ter a sensação de que a Globo está copiando a Record. A emissora de Edir Macedo ficou tão extasiada com o sucesso de A Fazenda que vem tentando, a todo custo, emplacar um segundo formato no segmento de reality show de confinamento. Power Couple Brasil, Ilha Record e A Grande Conquista nem de longe repetem o sucesso do programa rural, mas eles seguem insistindo.

Pois a Globo está seguindo a mesma trilha. A emissora está há anos tentando emplacar um reality/talent show no segundo semestre. Além do The Voice Brasil, o mais bem-sucedido - embora desgastado nos últimos anos -, o canal apostou suas fichas no retorno do No Limite, além do sem graça Mestre do Sabor. Nada deu certo.

Como tentar fugir de um formato parecido com o BBB não deu certo, a Globo resolveu deixar o pudor de lado e apostar numa nova versão do programa comandado por Tadeu Schmidt. Mas, como não quis admitir que está tentando ter duas edições do BBB num mesmo ano, colocaram um viés musical na atração e passaram um verniz nas velhas dinâmicas de sempre. Mas não se enganem: o Estrela da Casa nada mais é que um BBB sem foco.

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Não faz sentido

Mas sem foco por que? Simples. Porque não dá pra saber se a música é só um pano de fundo ou realmente existe a vontade de lançar um ídolo ali. Afinal, até agora, o talento de cada um dos participantes foi deixado em segundo plano. As edições vistas na Globo priorizam a treta na convivência entre os 14 participantes.

Até agora, pouco se ouviu da voz dos candidatos ao posto de Estrela da Casa. A apresentadora Ana Clara convida os espectadores a conhecer as canções dos concorrentes nas plataformas de áudio. Ok, é um programa multiplataforma. Mas, para quem vê apenas pela TV, Estrela da Casa está longe de ser um musical.

Para piorar, os poucos momentos em que eles se apresentam soam como “punição”. Só aparece cantando quem está ameaçado de sair, casos de Heloísa Araújo e Lucca, que foram indicados para o “duelo” pelo vencedor da “Prova da Estrela”, Gael Vicci - mas pode me chamar de “líder”…

A dinâmica do programa, aliás, é um pouco confusa. Mas, ao que parece, só terão destaque no “Festival” às terças-feiras o Hitmaker - quem tem a música mais ouvida da semana - , a “Estrela da Semana” e o “Dono do Palco” (vencedor de uma prova parecida com a do Anjo). Além deles, os dois indicados para o “paredão”, ou melhor, “Batalha”.

Ou seja, quem não corre risco de eliminação e quem não ganha prova fica praticamente escondido no programa. Tudo bem que isso pode ser um incentivo para um melhor desempenho nas provas, mas, se a ideia é revelar um talento da música, isso não faz muito sentido. Melhor era o Fama, que colocava todos os participantes para se apresentar num show semanal, aos sábados. Assim, o público tinha a oportunidade de vê-los cantando.

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Desgaste

Em seus primeiros episódios, Estrela da Casa registrou baixa audiência e deu sinais de que pode se tornar mais um fracasso da galeria de programas “criados” por Boninho. Nos últimos anos, o diretor já amargou o fiasco de Mestre do Sabor, Zig Zag Arena e até do No Limite - tanto que ficou de fora da última temporada, acertadamente. 

Além de não interessar ao público, o novo programa ainda corre o risco de desgastar o BBB, afinal, trata-se do mesmo programa, com pequenas mudanças. Isso acontece na Record, que exibe tantos realities de confinamento que acaba esvaziando A Fazenda, que deveria ser o carro-chefe da linha de shows. É um erro crasso de estratégia de programação.

Mas, ao que parece, ultimamente a Globo está mais interessada mesmo em vender. Nesse quesito, Estrela da Casa é um êxito, com todas as cotas de patrocínio vendidas, exposições de marcas ao longo de todo o programa e com todas as provas patrocinadas. É isso: assim como o BBB, o Estrela da Casa é, na verdade, um grande programa de vendas. E o público que busca diversão que se dane.

André Santana

17/08/2024