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Quanto vale o show?

Silvio Santos no Show de Calouros
Silvio Santos no Show de Calouros (reprodução)

Maior apresentador da televisão brasileira, Silvio Santos nos deixou no sábado, 17. Nas redações, dia de correria dos plantonistas para cobrir esta enorme perda para o país. Não era o meu caso. Silvio Santos se foi no meu dia de folga, o que me deixou de fora desta cobertura. Apesar de amar minha profissão, não lamento: eu realmente não queria cobrir este momento.

Preferi acompanhar o ótimo trabalho dos colegas. Ao ver as inúmeras homenagens e registros da passagem de Silvio Santos, vi muita gente lembrar de que o animador era a companhia dos almoços de domingo na casa da avó. Curiosamente, trata-se de uma lembrança que eu não tenho. Minhas primeiras lembranças sólidas de Silvio Santos são das noites de domingo.

Assistir ao Show de Calouros aos domingos, pouco antes de dormir e iniciar mais uma semana acordando cedo para ir à escola, era um hábito em casa. Ao lado de meu pai, minha saudosa mãe e minha irmã, eu assistia aos artistas amadores exibindo seus talentos e sendo julgados pela bancada formada por Pedro de Lara, Elke Maravilha, Sonia Lima, Leão Lobo, Nelson Rubens, Décio Piccinini… Quando Silvio se despedia desejando uma boa semana a todos, batia aquela tristezinha… era a dura semana escolar batendo à porta!

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Algum tempo depois, o Show de Calouros deixou de encerrar o Programa Silvio Santos, substituído pelo Topa Tudo por Dinheiro. Mas o hábito de se assistir ao Silvio Santos nos domingos à noite permaneceu por mais um tempo. Porém, em algum momento, o hábito mudou: minha família e eu trocamos de canal e passamos a encerrar o domingo com o Fantástico e o Sai de Baixo.

Passei anos sem assistir aos programas de Silvio Santos. Via uma coisa aqui, outra ali, mas o hábito de vê-lo regularmente se perdeu. O reencontro, no entanto, foi em grande estilo: assim como milhões de brasileiros, fui fisgado pelos misteriosos 22 dias do Show do Milhão - ou melhor, Jogo do Milhão, a sensação da TV em 1999.

Silvio Santos voltou a frequentar minha casa com as temporadas iniciais do Show do Milhão. Quando o programa foi fixado na grade, seguiu sendo um programa muito visto em casa. Mais tarde veio a Casa dos Artistas, o Gente que Brilha (espécie de reedição do Show de Calouros, exibido em 2004). Acompanhei até os realities menos expressivos, tipo O Grande Perdedor, Protagonistas de Novela e Casamento à Moda Antiga. 

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Houve um tempo em que Silvio Santos deixou os domingos, passando a aparecer somente nas noites de quarta-feira. Nesta fase, o Topa ou Não Topa era programa obrigatório. Teve também o Sete e Meio, que não chegou a empolgar. Mas, em 2007, Silvio voltou para as tardes de domingo, antecedendo o Domingo Legal. E as tardes de domingo ficaram mais divertidas.

Um dos programas lançados nesta fase foi o Vinte e Um, pouco lembrado. Foi neste programa, inclusive, que conheci (pela TV) o jornalista Fábio Costa, que, anos depois, foi meu editor-chefe no Observatório da TV. Grande pessoa, grande profissional! No ano seguinte, saíram os programas de temporada e voltou o título Programa Silvio Santos, que é este programa que está no ar até hoje, agora apresentado por Patrícia Abravanel.

Silvio Santos saiu de cena de maneira discreta, sem anunciar uma aposentadoria. Embora, para mim, parecia óbvio que ele não voltaria mais. Afinal, foram muitos anos à frente de sua atração, era natural que, em algum momento, ele almejasse diminuir o ritmo. Agora, ficam as lembranças e a certeza de que, de fato, uma nova era da TV brasileira se inicia. Ainda não sabemos como será a televisão sem Silvio. Só sabemos que será um pouco mais triste.

André Santana

19/08/2024

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1 Comentários

  1. Silvio Santos marcou gerações e cresci assistindo o Silvio, que Deus o tenha.

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