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Além dos fracassos: Boninho já teve seus dias de glória na Globo

O diretor Boninho
O diretor Boninho (divulgação)

Durante sua carreira de 40 anos na Globo, Boninho se tornou uma figura mais conhecida do público depois que se tornou diretor do BBB. O êxito do reality show o colocou no imaginário popular como o “todo poderoso”, ou o “big boss”.

Mas o reality show foi sua glória e sua ruína. Afinal, o diretor não conseguiu emplacar mais nada realmente exitoso depois do BBB. Na verdade, com o know-how adquirido na atração, ele se tornou o homem que passou a implantar formatos importados na Globo. Por isso, ganhou o apelido de “diretor micro-ondas”. Ou seja, não era bem um criador, mas um adaptador de fórmulas prontas.

Neste contexto, apenas o The Voice Brasil foi bem-sucedido. Já outros realities não tiveram a mesma sorte. Nos últimos 24 anos, Boninho tocou projetos como o No Limite, O Jogo, Jogo Duro, Hipertensão, Superstar, Tá Brincando, Minha Mãe Cozinha Melhor que a Sua… formatos que tiveram vida curta.

Boninho também tentou a sorte criando formatos, mas nenhum emplacou. Tomara que Caia, SóTocaTop, Casa Kalimann, Zig Zag Arena, Pipoca da Ivete, Mestre do Sabor e o atual Estrela da Casa são exemplos dos fiascos acumulados pelo diretor da Globo nos últimos anos.

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História de sucesso

Curiosamente, do BBB para cá, Boninho se mostrou um criador bastante conservador. Os formatos lançados por ele por carecerem de “alma”, já que pareciam variações genéricas de programas que já havíamos visto antes. Algo bem diferente do que o diretor mostrou no início de sua carreira.

Por incrível que pareça, Boninho já foi vanguarda. Ele mostrou isso em seu primeiro programa na Globo, o Clip Clip (1984), um programa de videoclipes que tinha bonecos como apresentadores. Era uma linguagem muito nova para a época, bastante ousada, e que marcou época. O programa era apresentado pelos bonecos Muquirana Jones e Edgar Ganta, criados e desenvolvidos por Luiz Ferré e Beto Dorneles, do grupo de teatro de bonecos Cem Modos.

Boninho voltou a trabalhar com o Cem Modos em TV Colosso (1993), infantil de enorme sucesso da Globo. O programa tinha animatrônicos que representavam cachorros fofos que tocavam uma emissora de TV, num formato bem diferente do que era feito para crianças na época. A graça da TV Colosso era que o programa fugia do tom educativo, apostando fundo no humor. Inventivo, divertido e que deixou saudades.

O diretor, aliás, era um bom criador de programas infantis. Tanto que ele foi a mente por trás da novelinha Caça Talentos (1996), que também bebia da fonte da TV Colosso, ou seja, era um programa para crianças com muito humor, sem a preocupação de ser didático. Os excelentes índices de audiência atestam o tamanho do acerto.

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Fim de uma era

A Globo e Boninho anunciaram o fim de uma parceria de 40 anos. O diretor, que responde pelo gênero realities na emissora, deixa o canal no fim do ano. Em seu lugar, assume Rodrigo Dourado, diretor artístico do BBB.

A notícia não chegou a surpreender, já que o profissional vinha sendo “cozinhado” pela Globo há algum tempo. O primeiro sinal de desprestígio se deu quando a emissora dispensou nomes como Ana Furtado, André Marques e Zeca Camargo, parceiros históricos do diretor.

No ano passado, a emissora nomeou Monica Almeida como Diretora de Gênero Auditório. Com isso, Boninho se tornou Diretor de Gênero Realities e perdeu o comando de atrações como Domingão com Huck e Caldeirão com Mion, que passaram para o guarda-chuva de Monica.

Por fim, fiascos de formatos lançados como “originais”, como Mestre do Sabor e Estrela da Casa, minaram de vez o moral de Boninho dentro da Globo. Além disso, é notório que o canal tem adotado uma postura de dispensar profissionais com muitos anos de casa, já que acumulam altos salários. A saída de Boninho, portanto, é consequência de tudo isso.

André Santana

18/09/2024

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