Protagonistas de Família É Tudo (divulgação) |
Família É Tudo serviu para firmar Daniel Ortiz como um dos grandes nomes da “nova geração” de autores de novelas das sete da Globo. Ao lado de Rosane Svartman, o novelista é um profissional que costuma agradar ao público do horário e já possui uma impressão digital bem definida, com tramas que mesclam mistérios, humor infantiloide e muitos triângulos amorosos.
A trama partiu de uma boa premissa. Após a suposta morte de Frida (Arlete Salles), seus cinco netos Vênus (Nathalia Dill), Electra (Juliana Paiva), Júpiter (Thiago Martins), Andrômeda (Ramille) e Plutão (Isacque Lopes) são obrigados a se unirem para cumprir uma missão e ter direito à herança. Caso fracassassem, a grana ficaria com o primo Hans (Raphael Logam), que, claro, fez de tudo para sabotar os mocinhos.
Apesar de não ser uma história nova, a missão por um testamento serve como um bom fio condutor. É uma trama que permite a união de cinco tipos distintos, que, apesar de irmãos, estavam separados há tempos. Ou seja, a premissa é um prato cheio para uma história cheia de conflitos.
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Desenvolvimento problemático
Mas, apesar da boa premissa, Família É Tudo ficou devendo em seus primeiros meses. Isso porque o autor Daniel Ortiz criou toda uma trama envolvendo cada um dos cinco protagonistas. Assim, os netos de Frida se dividiam em dois trilhos: a missão do testamento e seus dramas individuais.
Neste contexto, Vênus e Electra despontaram como as mocinhas, às voltas com problemas amorosos e rivais, como um bom e velho folhetim. Já as histórias de Júpiter e Andrômeda ficaram muito focadas no humor. Por fim, Plutão foi, de longe, o protagonista com a história mais desinteressante, já que o núcleo dos skatistas, por onde ele circulava, não emplacou.
A história de Vênus acabou sofrendo com reviravoltas sem sentido, como o fato de Tom (Renato Góes) ter preferido terminar com ela ao invés de revelar que estava com um aneurisma. Já a trama de Electra foi mais envolvente, por conta de sua rivalidade com Jéssica (Rafa Kalimann), mas toda a história das duas acabou abusando do rocambolesco. Foram muitas situações difíceis de engolir.
Por isso, Júpiter e Andrômeda acabaram ficando com as melhores cenas. O triângulo amoroso envolvendo Júpiter, Lupita (Daphne Bozaski) e Guto (Daniel Rangel) foi um acerto. Já Andrômeda teve os melhores momentos de comédia, e a trama envolvendo Chicão (Gabriel Godoy), Sheila (Mariana Armellini) e seus respectivos cachorros foi uma ótima sacada.
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Mistérios deixados de lado
O problema da estrutura criada por Daniel Ortiz foi que os conflitos individuais dos cinco netos de Frida ocupavam toda a novela durante a maior parte de sua exibição. Com isso, toda a trama envolvendo o testamento e as armações de Hans passaram um tempão em segundo plano. Nem parecia que a novela era sobre isso. A maior consequência disso foi o sumiço de Arlete Salles, atriz que só ganhou destaque nos últimos dois meses da produção.
Além da missão do testamento, Família É Tudo também tinha um grande mistério em torno da morte de Pedro (Paulo Tiefenthaler). No início da novela, Vênus descobriu que seu pai estava sendo ameaçado e que o suposto acidente que o matou, na verdade, foi uma armação para assassiná-lo. Assim, ela deu início a uma investigação para descobrir quem matou seu pai.
Mas, num determinado momento da história, a mocinha simplesmente deixou a investigação de lado, retomando-a apenas na reta final. Foi interessante descobrir que Brenda (Alexandra Richter) era a assassina, mas como esse mistério ficou um bom tempo em banho-maria, a boa personagem acabou tendo poucas oportunidades de dizer a que veio na novela. Brenda só brilhou mesmo ao ser desmascarada e, depois disso, ela já foi presa - ainda faltando três semanas para o fim da novela. Pareceu um desperdício de trama.
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Reta final eletrizante
Diante disso, Família É Tudo acabou dando a impressão de ter girado em círculos durante várias semanas, para demonstrar fôlego apenas na reta final. A revelação de que a missão do testamento era uma armação de Frida, que não morreu num desastre em alto mar, finalmente jogou o foco da novela em sua temática principal, e isso lhe rendeu uma reta final eletrizante.
Com a volta de Frida, a personagem e sua irmã Catarina (Arlete Salles) ganharam espaço e protagonizaram um quadrado amoroso divertido envolvendo Furtado (Claudio Torres Gonzaga) e Edgar (Edwin Luisi). Foram cenas divertidas, que valorizaram o talento dos intérpretes envolvidos.
Foi neste momento que Hans finalmente assumiu, de fato, as principais vilanias da novela. Ao mesmo tempo, o final das tramas envolvendo Jéssica e Brenda renderam sequências incríveis. Todo o desfecho bem encaminhado revelou que Daniel Ortiz organizou bem a reta final, que foi bem encorpada.
No mais, Família É Tudo não chegou a ser uma novela das sete genial, mas teve seus momentos divertidos e sai de cena com missão cumprida.
André Santana
28/09/2024
2 Comentários
Olá, tudo bem? Divulgarei hoje o balanço final com os pontos positivos e negativos da novela Família É Tudo no meu blog. Abs, Fabio www.blogfabiotv.blogspot.com.br
ResponderExcluirRuim com força! Parecia uma novela do SBT: diálogos infantis, produção pobre e direção toda errada. Desperdício de poucos bons atores e contrangimento para todo o resto. Vai pro limbo, com certeza.
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