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Morte de mocinho expõe principal erro de Mania de Você

Protagonistas de Mania de Você
Protagonistas de Mania de Você (divulgação)

Prestes a entrar em seu último mês de exibição, Mania de Você se firma como o maior fiasco da Globo no horário. A trama de João Emanuel Carneiro ainda apelará para novas reviravoltas rocambolescas, na tentativa de elevar minimamente os números para entregar o horário em melhores condições para Vale Tudo.

Uma das novas viradas envolve o mocinho Rudá (Nicolas Prattes). De acordo com o jornal O Globo, o protagonista da novela deve morrer na reta final da trama, vítima de Molina (Rodrigo Lombardi) e Mércia (Adriana Esteves). Trata-se de um triste fim para um personagem que não caiu nas graças do público e expôs o principal problema de Mania de Você.

João Emanuel Carneiro, em sua incursão no horário nobre da Globo, sempre demonstrou prazer em subverter a lógica dos estereótipos de mocinho e vilão. De diferentes maneiras, isso foi visto em A Favorita (2008), Avenida Brasil (2012), A Regra do Jogo (2015), Segundo Sol (2018) e Todas as Flores (2022). Em Mania de Você, não foi diferente.

Porém, desta vez o autor errou feio na brincadeira de colocar seus protagonistas no limiar entre o bem e o mal. Apesar de ter acertado com o vilão Mavi (Chay Suede), que é um malvado charmoso, o novelista derrapou nas construções de Rudá, Viola (Gabz) e Luma (Agatha Moreira). Esse foi o principal motivo do naufrágio da novela.

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Quem amar? Quem odiar?

O autor parece ter enxergado alguma ousadia ao criar mocinhos que traem os vilões. Porém, o romance entre Viola e Rudá só serviu para afastar o público. Uma coisa é personagem imperfeito, mas os protagonistas ultrapassaram os limites da imperfeição.

Viola não foi comprada pela audiência porque sua paixão por Rudá nunca foi muito bem explicada. Mas Rudá foi ainda mais rejeitado, já que nunca demonstrou se importar com Luma (Agatha Moreira), e também pisou feio na bola com Filipa (Joana de Verona). Rudá nunca foi mocinho; na verdade, ele é um homem fraco, quase digno de pena.

Enquanto isso, Luma mudava de personalidade ao sabor do vento. Ou seja, no quarteto principal, três personagens não demonstraram qualquer carisma. O público não tinha pra quem torcer, e o ranço instalado em Rudá, Viola e Luma foi difícil de superar. A verdade é que o espectador pouco se importa com cada um deles.

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Morte facilitada

Ao optar por matar Rudá na reta final de Mania de Você, João Emanuel Carneiro assina o atestado de que errou com o personagem. Afinal, se é um tipo do qual ninguém se importa, então matá-lo não causará maior celeuma na história. Pelo contrário: é provável que o público ainda reclame por não ter acontecido antes.

Carneiro parece repetir a atitude de Silvio de Abreu, que resolveu matar Diana (Carolina Dieckmann) em Passione (2010) ao constatar que o público não se importava com ela. Na época, o autor disse que sempre quis uma mocinha com um final trágico, o que pode ser verdade. Mas não é difícil deduzir que ele só optou pela morte porque sabia que o público não reagiria mal - pelo contrário. Juntou o útil ao agradável.

Em suma: ao matar Rudá, João Emanuel Carneiro admite que fracassou na construção dos protagonistas de sua história. O autor não soube criar tipos capazes de despertar qualquer sentimento no espectador, o que se mostrou um erro grave.

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Sem alma

Por fim, a impressão que fica é que os personagens principais de Mania de Você não têm alma. Rudá, Viola e Luma foram levados pelos acontecimentos, puxados num espiral de viradas que, num determinado momento da história, deixaram de fazer sentido.

Mavi é o único tipo mais fácil de compreender, já que age sempre movido pela obsessão por Viola. Assim, mesmo sendo o vilão e se mostrando capaz de fazer coisas horrorosas, o público conseguiu comprá-lo. Quanto aos demais… simplesmente não disseram a que vieram.

João Emanuel Carneiro é um grande criador de vilões. Mavi integra uma galeria de respeito, ao lado de tipos como Bárbara (Giovanna Antonelli), Flora (Patrícia Pillar), Carminha (Adriana Esteves), Zoé (Regina Casé) e Vanessa (Letícia Colin). Mas todas elas tinham rivais à altura: não havia Bárbara sem Preta (Taís Araújo), ou Flora sem Donatela (Claudia Raia), ou Carminha sem Nina (Débora Falabella). Desta vez, isso não aconteceu. Uma pena.

André Santana

15/02/2025

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