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Miguel Falabella (divulgação) |
Em 1997, Miguel Falabella colhia os frutos do sucesso de Salsa e Merengue (1996), trama escrita por ele em parceria com Maria Carmen Barbosa. Os bons números e a boa repercussão do folhetim das 19h fez com que a Globo apostasse novamente no autor, que acumulava função apresentado o Vídeo Show e atuando no humorístico Sai de Baixo.
Em 13 de julho de 1997, o jornal O Estado de S. Paulo trazia as primeiras informações sobre Escândalo, trama com estreia prevista para no ano seguinte, também às sete da noite. Segundo a publicação, a trama trataria de temas espinhosos, como homossexualidade, racismo, ética e corrupção.
Mas, apesar dos temas aparentemente pesados, a ideia era tratar tudo com humor. "Quero cutucar feridas que sempre estiveram abertas", disse Falabella na ocasião. A mesma matéria, inclusive, adiantava que Rosi Campos e Zezeh Barbosa já estavam garantidas no elenco - a primeira como uma paparazzo, e a segunda como integrante de uma família formada por negros bem-sucedidos.
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A Vida Alheia
Em 28 de dezembro de 1997, a Folha de S. Paulo trazia outras informações sobre Escândalo. A matéria revelava que a trama girava em torno de um tradicional jornal, cujo fundador morre e deixa a administração do negócio nas mãos de um filho incompetente. Depois disso, para evitar a decadência total da empresa, a linha editorial deixa de ser sóbria e passa a ser sensacionalista.
José Wilker era cotado para ser o herdeiro, enquanto a vilã, irmã dele, estava sendo escrita para Marília Pêra. A personagem faria de tudo para assumir o controle acionário do jornal, ao mesmo tempo em que lutaria para ficar com a guarda do neto, filho de uma garota pobre que namorava seu filho, que morre tragicamente nos primeiros capítulos. Malu Mader era quem viveria essa garota pobre, a mocinha da história.
A ideia de Falabella era investir forte no romance, já que, de acordo com ele mesmo, havia errado a mão em Salsa e Merengue. “Vi que algo estava errado [em Salsa e Merengue] quando as pesquisas indicavam que o principal romance era o de Antônio (Alexandre Barilari) e de Kelly Bolla (Maria Maya) e não entre a heroína Madalena (Patrícia França) e o bom moço Eugênio (Marcelo Antony)", admitiu o autor, ao Estadão.
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Não saiu do papel
Porém, em 1998, sem maiores explicações, a Globo simplesmente engavetou Escândalo. Prevista para substituir Corpo Dourado, a novela perdeu a vaga para Meu Bem Querer, de Ricardo Linhares. “Até hoje não fizeram comentário sobre a novela. Mas já entreguei a Deus. Tenho horror a gente que arrasta cadáver. Tudo na minha vida vem certo”, declarou Falabella à IstoÉ Gente, em agosto de 1999.
Embora não tenha tirado Escândalo do papel, o autor aproveitou várias das ideias em outras obras suas. A história principal de A Lua Me Disse (2005), por exemplo, era exatamente igual à de Escândalo: uma jovem viúva (Heloísa, Adriana Esteves) que brigava com a sogra (Ester, Zezé Polessa) pela guarda do filho (Artur, Guilherme Vieira).
Já a ideia de ter como cenário uma redação sensacionalista foi aproveitada na série A Vida Alheia (2010). Na trama, Catarina Faissol (Marília Pera) era dona de uma editora que tinha como principal produto uma revista de fofocas, liderada pela terrível Alberta Peçanha (Claudia Jimenez) e que tinha como principal repórter a jovem Manuela (Danielle Winits).
André Santana
20/02/2025
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